CAPÍTULO SEIS: VIGILÂNCIA

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A VIATURA SEGUIA em direção ao endereço designado por Aurora. No volante, Reece dirigia, acompanhado do seu parceiro, o oficial John Blackhart. O apartamento que vigiariam pertencia a uma possível envolvida em atos terroristas, de acordo com a reunião que tivera com Aurora ao lado do oficial Dennis. Pelas suspeitas, ela poderia ter facilitado a aquisição de documentos de identidade aos criminosos.

O local no qual Aysha Ivonete habitava era apenas um prédio comum do subúrbio londrino. Reece e John observavam os arredores atentos. O maior receio em observar as pessoas indo e vindo numa situação como aquelas, para Reece, era o fato de que não importava a face da pessoa. Não importava se era novo ou velho. Branco ou preto. Mulher ou homem. Se teve uma boa educação na infância, se tinha dinheiro ou não. Quando movidos por ideais que obscurecessem a mente, qualquer um poderia ser um terrorista.

E aquilo era apavorante.

John cutucou Reece e apontou para o prédio, vendo Aysha saindo do lugar com o celular em mãos. Um carro parou em frente a ela e, com sorriso simpático no rosto, a mulher entrou no veículo. Sem tentar chamarem muita atenção, acompanharam o carro em que ela entrara. Através do rádio, John pediu para que a central verificasse a quem pertencia a placa do veículo.

Após alguns minutos, a central retornou no rádio, informando que o veículo pertencia a Caroline Butler, uma ex-professora de inglês que, atualmente, estava trabalhando como motorista de aplicativo. Por precaução e, a pedido do próprio Dennis, enviou também as mesmas informações para ele. O celular de Reece tocou. Ao ver de quem era o número, soltou um longo suspiro e, colocando o fone, atendeu.

Acabei de verificar as informações dela. A mulher, realmente, é só motorista de aplicativo — Dennis informou — Pela rota que ela está fazendo e pelo perfil da passageira, está indo para mesquita de Brixton. Um pouco longe da casa dela. Tem pelo menos outras três mesquitas que seriam bem mais perto.

— Talvez ela vá para lá por motivos pessoais — Reece comentou pelo fone do celular — e por que você não fala pelo rádio, como os outros?

Porque eu não tenho acesso direto ao rádio, não é, cabeção? Até poderia arranjar, mas aí as coisas seriam sem graça. Vocês estão perto. Também estou tentando verificar as localidades em que o GPS dela indica por onde já passou. Assim que eu tiver alguma coisa, informo a você e a Aurora — Dennis comentou, desligando.

Como dito pelo Dennis, a Aysha parou em frente à mesquita. Pagou a motorista e adentrou o espaço. Reece estacionou a viatura alguns metros de distância do lugar, pensativo. John continuava suas histórias aleatórias, para passarem o momento, enquanto aguardavam qualquer nova ação.

Os minutos se passavam, assim como o tédio que crescia.

— A monotonia da vigia, não é? — John murmurou — Reece, somos parceiros já tem alguns bons meses e, até hoje, eu não sei dizer...

— Dizer o quê?

— Qual é a sua, meu colega. Não sei do que você gosta de fazer, a gente mal consegue conversar, porque você é super calado, também não sei se você tem família, se você é daqui de Londres mesmo ou coisa do tipo, se você tá de boa comigo sendo seu parceiro...

— Gosto de ter você como parceiro, John. Você faz com que o tempo passe mais rápido com suas histórias. Sou apenas focado em meu trabalho.

— Porra, cara, mas isso não te impede de interagir. E... bom, ainda bem que gosta de trabalhar comigo e de minhas histórias. Também gosto de trabalhar com você, principalmente por causa desse seu jeito durão. Você não tem filhos, não é?

— Eh... não. Vivo sozinho. Fui casado, tempos atrás, mas... enfim, não deu muito certo.

— Ela não gostava do fato de que você era policial, não é? — John indagou, com um sorriso no canto do rosto. Reece assentiu — Pois é, eu sei bem. Minha esposa também não gosta muito, mas é meu trabalho. Gosto disso aqui. Apesar das maluquices vez ou outra, me sinto tranquilo.

O Culto da Cabra Negra de Mil Crias • Série Tentáculos do Caos, livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora