CAPÍTULO ONZE: CORRELAÇÕES

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A TARDE SEGUIU em silêncio na sede da New Scotland Yard. No setor de Tecnologia e Informação, Dennis reavaliava, em sua mente, tudo o que tem acontecido nos últimos tempos. Seus dedos nervosos brincavam com um cubo mágico com suas cores completamente misturadas. O estranho símbolo sondava seus pensamentos, enquanto relembra das terríveis imagens, feitas pela perícia, do ritual críptico e da morte do oficial Blackhart. O assassino, morto em local, também perturba sua mente. Apenas de rever a aparência incomum do indivíduo lhe causava desconforto.

Como se aquilo não lhe parecesse correto.

Além disso, o homem possuía alguma relação com a suspeita Aysha Ivonete, que estavam investigando há pouco tempo.

Suas mãos pararam. O cubo estava resolvido. Olhou para o relógio ao lado de seu computador e suspirou.

— Hum... doze segundos... tô enferrujado...

Deixando-o de lado, Dennis se ajeitou em sua mesa, abrindo seu computador e começando suas análises. A primeira coisa foi cruzar informações virtuais de todo símbolo ritualístico que seguisse os mesmos padrões do símbolo presente no prédio residencial onde ocorrera o incidente. Enquanto os programas faziam as leituras e correlacionava os dados, Dennnis acessou outro computador e, nele, começou a procurar padrões ritualísticos que combinassem com os descritos por Reece e das imagens do local.

As horas se passavam. Enquanto isso, ocupava a mente com um software de hackeamento básico de celular, que permitia a conexão forçada para envio de informações de um dispositivo para outro, inspirado no jogo Watch Dogs. Talvez não conseguisse o resultado incrível do jogo de videogame, mas tinha certeza de que faria algo próximo.

Os resultados chegavam, mas nenhum conclusivo o bastante. Seja lá o que fosse, era algo muito mais oculto e desconhecido do que se imaginava. Nem mesmo nos mais obscuros fóruns online havia qualquer informação que pudesse lhes dar uma pista a seguir. Tudo que ele consegue são apenas dados e registros que se assemelham até certo ponto, mas nunca o bastante, servindo apenas para deixa-lo cada vez mais perturbado diante de uma realidade tão grotesca e medonha quando daqueles rituais que seus computadores analisavam e lhe repassavam.

Isso só mostrava que a toca do coelho era muito mais funda do que ele esperava. E, para Dennis, se algo não pode ser encontrado na internet, então é porque aquilo não deveria existir.

Ele sempre encontrava o que precisasse, não importasse o quão fundo fosse no mundo sombrio da web.

Mas, pela primeira vez, parecia que aquilo não o levaria a lugar algum.

Uma mão pousa sobre seu ombro, fazendo-o se virar num solavanco.

— Opa, calma Dennis – Aurora comentou, vendo o olhar assustado de seu colega – Sou só eu. O que você está... Mon Dieu, quelle horreur – Aurora deixou escapar seu francês, ao ver as inúmeras imagens que apareciam nas telas de Dennis.

— É... eu... eu estou tentando. Seja lá o que for esse símbolo e esse ritual bizarro, deve ter alguma informação online, por menor que seja. Estou cruzando todos os dados existentes sobre rituais sexuais com sacrifícios, filtrando por padrões específicos como posicionamento dos corpos, condição dos mesmos e disposições, cultos e entidades antigas que exijam sacrifícios de caráter semelhante e colocando como principal elo esse símbolo das imagens. Estou a horas aqui e... e nada. Eu não consegui nada.

— Você poderia pedir ajuda à outras pessoas aqui do departamento e...

— Eu? Pedir ajuda? Pra eles? Você não vem muito aqui no setor de TI, não é? Eu sou o estrangeiro ... o americano que se acha especial. O "diferentão". Eles me tratam com desdém e sabe por quê? Porque eu sou melhor.

O Culto da Cabra Negra de Mil Crias • Série Tentáculos do Caos, livro IIWhere stories live. Discover now