CAPÍTULO OITO: O SÍMBOLO

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Alguns momentos antes...

O DISPOSITIVO DE Andrey apontou outra rápida anomalia eletromagnética, tão breve e sutil quanto à recente, também em Brixton. Aquilo lhe intrigava: tais anomalias eram tão raras e, agora, sem nenhum motivo aparentemente, estavam se tornando constantes. Seja lá o que fosse, sabia que, muito em breve, descobriria o que estava causando tais estranhezas.

Resmungando, desviou sua rota em direção à mais recente anomalia, deixando a cargo de seus companheiros de trabalho para averiguarem o objetivo em Brixton. Tinha certeza de que, seja lá qual fosse a razão dessa anomalia, não deveria ser algo tão preocupante.

...

Reece e John ficaram diante do endereço no qual Aysha descera, observando com cautela. Viram-na entrando no prédio residencial com sacolas de compras e fechando a porta atrás de si. Sem muitas opções, decidiram ficar apenas a postos, aguardando o que pudesse vir a acontecer. Após algumas tediosas horas, a mulher saiu do prédio. Para suas curiosidades, a mesma estava visivelmente enjoada e atordoada, sem as sacolas, parando num canto e vomitando. Um carro de aplicativo apareceu. Cambaleante, a mulher entrou no veículo e seguiu pela rua.

Sem falar nada, Reece desligou a viatura e desceu do carro. Aos tropeços, John foi logo atrás.

— Oh, Reece, espera! Não deveríamos estar seguindo a suspeita?

— Relaxa, temos um oficial do setor de tecnologia cuidando disso. Quero ver o que tem nessa casa... ela entrou com as compras... e saiu sem. O que ela tiver comprado, ficou dentro da casa e com alguém. Vamos dizer que ligaram, informando sobre alguma denúncia de perturbação da ordem e que precisamos averiguar o lugar.

John apenas deu de ombros, vencido. De qualquer forma, sabia que não levaria a nada muito grave. Estavam num tranquilo bairro residencial numa manhã qualquer. O pequeno portão preto do prédio de dois andares de tijolos amarronzados e gastos estava entreaberto. Sem cerimônia, Reece avançou, seguindo até a porta vermelha no arco branco recém-pintado.

Bateu na porta algumas vezes, mas ninguém foi atende-lo. Tentou olhar pelo vidro fosco que havia na porta vermelha, em busca de qualquer movimentação, porém em vão. Um cheiro incômodo vinha do outro lado da porta. Não era um cheiro podre ou coisa parecida. Para receio de Reece, o cheiro se assemelhava aos odores de um bordel de baixa qualidade, com o odor forte de suor e esperma.

Um cheiro que lhe lembrou dos tempos em que serviu como militar em missões em outros países, quando distraia sua mente dos horrores das guerras em casas de prazer. Coisa a qual não tinha nenhum orgulho de relembrar.

Ao mesmo tempo, sentia no ar o cheiro de algo chamuscado.

Encarando sem jeito para John, sequer precisou perguntar se o mesmo sentia o distinto cheiro, visto as caretas de desagrado de seu colega. Se aquilo era algum tipo de prostibulo ou casa para garotas de programa, ao menos seria um alívio: não se trataria de algo relacionado a terrorismo.

— Aqui é o oficial Reece Connor e o oficial John Blackhart. Sabemos que estão aí dentro. Poderiam, por favor, abrir a porta? Queremos apenas fazer algumas perguntas – Reece blefou.

Puderam ouvir o som de algo se quebrando dentro do prédio e um resmungo masculino que não conseguiram compreender. Movido pela ansiedade, Reece deu um passo para trás e, sacando a arma, chutou com toda força a porta, que se abriu no impacto. Blackhart resmungou, assustado, pegando sua pistola e cobrindo Reece, assustado.

— Porra, Reece! Isso não faz parte do protocolo! Não deveríamos fazer isso! – John murmurou irritado, torcendo mais ainda o nariz ao sentir uma forte lufada daquele distinto odor penetrando suas narinas.

O Culto da Cabra Negra de Mil Crias • Série Tentáculos do Caos, livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora