Capítulo 29

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Quando a chuva passar

Quando o tempo abrir

Abra a janela e veja eu sou o sol

Eu sou céu e mar

Eu sou seu e fim

E o meu amor é imensidão

Priscilla Alcantara - Quando a Chuva Passar


ARTEMIS SENTIU UMA inquietação familiar percorrer seu corpo antes de se encontrar com Manos. A sensação desconfortável se instalava em seu peito, como se houvesse algo além do ordinário prestes a acontecer. No entanto, motivada pela possibilidade de o assunto estar relacionado às crianças, ela decidiu seguir em frente e encontrá-lo.

Enquanto se aproximava da cafeteria próxima à praça Syntagma, Artemis repetia para si mesma que não estava contente em vê-lo. Ela tentava convencer a mente e o coração de que não deveria se deixar envolver novamente por suas memórias compartilhadas e pelos sentimentos que Manos despertava nela. No entanto, por mais que tentasse manter uma postura fria e distante, a verdade era que seu coração pulsava com uma mistura de nostalgia e antecipação.

Ao adentrar o estabelecimento, aconchegante e repleto de aroma de café, os olhos de Artemis buscaram imediatamente a figura de Manos. Lá estava ele, sentado em uma mesa no canto, com seus óculos escuros característicos que ocultavam seus olhos penetrantes. Um ar de mistério envolvia-o, e isso só aumentava a curiosidade de Artemis sobre o motivo daquele encontro. A maneira como ele a observava enquanto ela se aproximava indicava que o assunto a ser abordado era sério e talvez até delicado.

Artemis cumprimentou Manos com um leve aceno de cabeça, tentando manter uma expressão neutra. Pediu ao garçom um café preto, sua bebida reconfortante, acompanhado de uma fatia generosa de baklava, um de seus doces preferidos. Os dois sentaram-se e o silêncio tenso pairou sobre eles, enquanto aguardavam seus pedidos e a iminente revelação que Manos estava prestes a fazer.

- Artemis, precisamos conversar. Eu descobri algo importante.

- Sobre o que queria conversar comigo?

- Eu descobri que tenho irmãos. - Soltou ele, à queima-roupa.

- Irmãos? Como assim? Explique melhor isso, por favor.

- É uma história longa, Artemis. Meus pais faleceram em um acidente trágico, e eu fui separado dos meus irmãos. Por anos, eu não tinha conhecimento da existência deles. Agora que descobri, sinto que preciso conhecer a minha própria história e compartilhá-la com nossos filhos.

- Entendo a importância disso para você, Manos, mas qual é a relação disso comigo? Por que me chamou aqui para falar sobre isso?

- Artemis, você é a mãe dos nossos filhos. A história dos meus irmãos e a minha própria origem são partes integrantes da família que construímos juntos. Eu quero que você esteja ao meu lado, que conheça a verdade comigo. Por favor, vá comigo a Naxos visitar os túmulos dos meus pais.

Ela foi surpreendido por aquele pedido inesperado. Por que ele queria envolvê-la em algo tão pessoal?

- Não sei se é algo que me diz respeito diretamente, Manos. Mas, considerando que somos pais dos trigêmeos, entendo a importância de conhecermos suas origens. Vou pensar sobre isso.

- Artemis, você é muito mais do que apenas a mãe dos nossos filhos. Há uma conexão entre nós que vai além disso. Sinto isso profundamente. - Disse ele, de forma misteriosa e sedutora.

- Pare com esses joguinhos, Manos. - Ela o cortou, começando a ficar irritada com o discurso dele. - Eu não sou mais aquela idiota que você conheceu oito anos atrás.

Alcançado pelo Destino - Série Fascínio Grego - Livro I (COMPLETO)Where stories live. Discover now