Capítulo III

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Depois de um belo e demorado banho quente, conversei com minha mãe enquanto comíamos sanduíches com geleia acompanhado do meu suco favorito — maracujá.
Assim que terminamos, peguei as coisas sobre a mesa de centro e levei para a cozinha, colocando tudo dentro da pia.
Enquanto lavava, me perguntava mentalmente o que faltava, se devia fazer algo a mais ou não. Como não me recordava, optei por deitar no sofá e assistir o famoso Pica-Pau.
Já faz quase uma hora que comecei.

Desistiu de ir para casa da Luz?

Ah, era isso o que faltava.

Subo as escada e sigo em direção ao banheiro, pego minha escova de dentes e em seguida corro para o quarto, pego uma roupa para a hora de dormir e oito reais e cinquenta centavos que estava jogado sobre o criado mudo.

Mãe, já vou.

Cuidado, querido, beba pouca água para não ocorrer o mesmo que dá ult...

Manhe, isso aconteceu a uns três anos, já sou um adulto.

Adulto com dezeseis anos?

Sorrio para ela.

Até. — Solto um beijo no ar

Até. Cuidado.

Saio de casa.

Olho para os lados e atravesso a rua.
Antes de chegar a porta da casa de Letticia reparo o bueiro. O maldito bueiro.
Sinto arrepios por simplesmente ter as aberturas grandes o suficiente para passar um maldito celular.
Mesmo que eu não esteja levando o meu para a casa dela, e também que nada caiu alí dentro em todos os anos que vivo aqui, sempre odiei, ou talvez eu só esteja tentando disfarçar o meu medo do It sair desse bueiro.
Tudo culpa dela por ter me apresentado esse filme. Vamos lá, não significa que só porque tenho dezesseis que vou deixar milagrosamente de ter medo dos filmes de terror.
Pressiono minhas coisas rente a mim enquanto apresso os passos.
Apoio minhas coisas no braço direito para poder bater na porta, porém a mesma abre antes mesmo que eu toque. Vejo uma Letticia com uma camisa verde, um pouco mais clara que o seu cabelo e um jeans surrado.
Ela lança um piscar de olhos para mim.

Pelo jeito nunca vai mudar não é? — Encaro seus olhos negros – Pão com açúcar de novo?

Limpo sua boca com a sua própria camisa, ela continha cristais de açúcar espalhados ao redor do local.
Essa garota é quase uma cracuda versão pão com açúcar.
Sim, não é pão de açúcar, é pão com açúcar!

Entro na casa dando um belo empurrão nela.

Podemos começar a festa? — Me jogo no sofa – O que temos para hoje, madame?

Ela lança um olhar divertido em minha direção, contudo só consigo ver preocupação.

Uma leve e aterrorizante noite, my amore.

– Uma leve e aterrorizante noite, my amore

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