Capítulo 2 - vestiário

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Durante o caminho para a mansão de Taehyung o único som ouvido dentro do carro de Yoongi era da música clássica que tocava, mas que em algum momento foi desligado pelo jogador e o silêncio reinou. Yoongi tentou encontrar brechas para iniciar uma conversa, mas conhecia bem o chefe e as chances de levar um coice eram grandes naquele momento.

— Taehyung, você quer conv-... — Yoongi tentou perguntar quando estacionou o carro, mas foi totalmente ignorado pelo outro, que abriu a porta descendo sem dizer uma única palavra e em agradecimento pela carona bateu a porta dando as costas em direção a entrada — filho da p-... — Yoongi respirou fundo antes de terminar — tudo bem, então até amanhã, chefinho...

Taehyung entrou em sua residência, achava enorme para uma única pessoa morar, acendeu a luz e olhou em volta soltando um riso irônico. Como sempre seu lar estava vazio, não tinha ninguém o esperando chegar do trabalho, ninguém para correr para os seus braços lhe abraçar e dizer que tudo ficaria bem.

Sentiu o estômago roncar, mas tinha certeza que se ingerisse algo vomitaria logo em seguida, então desistiu de passar pela cozinha e saiu acendendo todas as luzes de sua casa em direção a sua suíte, mania que tinha para se sentir menos sozinho. Eram raras as vezes que utilizava a banheira de seu banheiro, mas decidiu que precisava mergulhar o corpo dolorido em algo quente para relaxar, então colocou para encher e seguiu para o box tomar uma ducha rápida.

Antes de entrar na banheira pegou uma garrafa de vinho no frigobar que tinha no quarto, colocou uma música alta para tocar nos altos falantes da casa. Se aconchegou na banheira, deitou a cabeça para trás fechando os olhos, e em uma tentativa de não surtar, tentou realizar o exercício de respiração que sua terapeuta tinha ensinado.

— Que merda você foi fazer, Taehyung? Huh? — se questionou dando um único gole na taça de vinho acabando com todo o conteúdo, olhou para a taça de cristal vazia e atirou ela no chão, observou ela estilhaçando no chão em vários pedacinhos. Negou com a cabeça e levou o gargalo da garrafa nos lábios — Você é um grande idiota!

Sabia que essas horas alguém já teria decifrado o motivo da briga e provavelmente já teria chegado até seu pai. Morria de medo de perder a única coisa que amava, o futebol. E as pessoas já adoravam forçar um relacionamento entre ele e Jungkook, imagina agora com essa briga em defesa do mesmo.

"Kim Taehyung saiu em defesa do namoradinho dele" Já imaginava o título estampado nas matérias. Com certeza seria expulso do time e não conseguiria contrato com nenhum outro. principalmente se alguém começasse a cogitar que ele era gay. Bom, era o que seu pai sempre dizia, que ele só era aceito pela sociedade, pois ninguém sabia que quando o jogador era adolescente gostava de beijar garotos. Em algum canto de seu quarto ouvia seu celular tocar insistentemente, ignorou as ligações, mas ficou irritado por ter esquecido de colocar em modo avião.

Puxou os cabelos da nuca e saiu da banheira, não aguentou ficar no local 5 minutos. Enrolou um roupão no corpo e caminhou até sua cama, ligou a lareira elétrica e se distraiu observando os movimentos das chamas. O clima melancólico pairava no ar, The Other Side da Ruelle tocava em todos os altos falantes que tinha instalado pela casa, mesmo que os outros cômodos estivessem vazios, seu lado excêntrico o impedia de desligar e manter apenas no cômodo que habitava no momento.

Pela primeira vez estava receoso em pegar seu celular e ler o que estavam falando sobre o jogo de hoje, sobre sua atitude impulsiva, sua expulsão do próximo jogo e sobre sua briga com seu suposto "amigo" e companheiro de seleção. Um riso debochado escapou de seus lábios. Não é possível que as câmeras não tenham flagrado o momento que ele ofendeu Jungkook e cometeu um crime, mas no fundo sabia que a história seria abafada, pois Harry era um jogador famoso e o mundo do futebol era assim, machista e homofobico.

DesimpedidosWhere stories live. Discover now