Capítulo 10

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Lucca

Nunca tinha ficado tão nervoso quanto fiquei depois da ligação do meu pai e de tudo que ele me explicou sobre o compromisso que minha família havia me arranjado. Logo agora que eu tinha conhecido minha Pantera, futuro amor da minha vida, isso tinha que acontecer?

Eu havia ficado tão envolvido com Beatrix que nem se quer me lembrei daquele coisa arcaica de casamento arranjado que minha família de pessoas da idade média consideravam uma boa ideia, mas aparentemente eles ainda lembravam muito bem desse detalhe terrível que estava prestes a estragar minha vida.

Nunca havia antes cogitado a possibilidade de negar essa coisa de casamento porque desde pequenos somos avisados que ser deserdado era uma péssima escolha, o último que tentou desobedecer a família hoje estava mais morto do que vivo em algum lugar na Itália esquecida até por Deus, ninguém mais sabia seu nome, sua aparência, nem mesmo o motivo de ter sido deserdado ou se realmente ainda estava vivo ou já tinha partido para o outro plano.

Ser desencorajado desde pequeno a não se envolver profundamente com ninguém que não fosse do nosso “clã” ou fizesse parte das Casas da Família, sabendo as consequências, era algo que fazia você refletir muito bem antes de dar algum passo em falso. Mas como eu não era qualquer um e minhas ideias sempre deram certo apesar de algumas serem duvidosas, lá estava eu correndo na direção do perigo iminente, ou melhor dizendo, voando.

Enquanto estava no jatinho particular que eu tinha comprado com meus amigos, indo em direção a Itália, no meio da semana, de madrugada, três horas depois da ligação catastrófica que meu pai fez, percebi a loucura que eu estava fazendo e cheguei a uma conclusão. Ou eu me casava com Beatrix, ou não casaria com ninguém mais, porque nenhuma outra mulher seria capaz de me fazer largar tudo para trás para voar para outro continente só para tentar convencer minha família de algo considerado impossível.

Eu era uma pessoa muito sensitiva, por isso no momento em que vi minha Pantera, olhei nos seus olhinhos castanhos e ouvi sua doce voz, tive certeza de que viveríamos altas aventuras juntos e não podia deixa-la escapar. Eu nunca, em toda minha vida, tive meu coração falhando por alguém ou já pensei em me casar com uma mulher e, ainda que eu já tivesse conhecido centenas de lindas mulheres no mundo todo, nenhuma delas parecia chegar perto da beleza estonteante de Beatrix, tanto sua beleza externa quanto interna.

Quando desembarquei do avião naquela manhã, decidido a me salvar do sacrifício do casamento sem amor para poder casar com minha rainha da dança, eu já tinha um monte de planos feitos e só tinha medo de ter que realizar um deles, a última e mais perigosa alternativa que eu certamente não queria ter que recorrer.

— Lucca, que prazer ter você aqui, garoto! — O senhor de terno, um pouco mais baixo que eu, saiu do carro preto sendo seguido por dois homens do tamanho de armários, e veio até mim de braços abertos.

— É bom ver o senhor de novo, tio Anjinho — falei indo abraça-lo, feliz por ver o tio que hoje só era feliz por minha causa.

Ângelo era o marido da minha tia que eu precisei trancar no chalé com ela para os dois perceberem que eram almas gêmeas, ele devia seu casamento a mim, mesmo que nunca admitisse isso, nem ele nem tia Gigi.

— Fiquei muito surpreso quando você avisou que estava vindo — falou se afastando e me olhou curioso. — Mas confesso que ainda não entendi o motivo da sua visita.

— Vou explicar melhor quando chegarmos em casa, tio.

Ainda curioso, ele acenou e fomos para o carro de onde ele tinha saído, com os dois armários atrás de nós que também entraram no carro conosco, isso e os outros dois carros pretos de vidros escuros logo ao lado desse, me fizeram recordar porque eu não gostava tanto de vir para cá, era meio sufocante estar sempre com esses caras do tamanho de mamutes andando atrás da gente como sombras, mas era tudo questão de segurança, como diziam todos.

Único Encontro - Livro Bônus da Série: Paixão e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora