Duas Semanas Depois

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Narrado por Anye

Duas semanas se passaram desde o dia em que Lawrence tirou de mim a minha chance de viver como sempre sonhei. Ele continua desaparecido e nunca voltou para o seu apartamento no Vin Down, acho que ele saiu da cidade.

Espero que esteja bem longe.

Não fiquei tão surpresa quando Amie me disse que ele havia desaparecido, depois do que ele fez, onde mais estaria? Só restou fugir como o verdadeiro covarde que ele é.

Meu pai saiu da cidade dois dias após a minha saída do hospital, ele disse que iria há uma viagem para resolver alguns problemas da empresa. Espero que esses problemas não tenham nada a ver com o sumiço do Lawrence...

Por que pensei isso? Porque meu pai seria capaz de fazer qualquer coisa para acabar com uma pessoa que fez algo de ruim para alguém que ele ama. Espero mesmo que meu pai não tenha ido atrás daquele monstro.

A Amie está aqui em casa, não saiu desde que voltei para cá. É como se ela estivesse morando comigo. Se é para morrer, então que seja ao lado das pessoas que amo, né? Minha mãe continua bem triste e está se esforçando para esconder esse sentimento, mas é impossível fingir que não está abalada por saber que sua filha vai morrer.

O meu irmão também não demostra sua tristeza diante de mim para não me deixar mal e para minha sorte, ele está sempre comigo me ajudando com o que eu precisar.

Se eu estou bem?

Eu não sei. Eu não sei se quero voltar para a Flowers ou sair de casa. Essa doença chegou muito rápido e sem pedir licença mudou toda a minha vida, procuro forças para aproveitar o tempo que ainda me resta, mas não consigo... eu estou com medo, triste e cansada. Não sei por quanto tempo posso aguentar isso.

Nunca pensei muito na morte pois eu prezo aproveitar cada segundo da minha vida, mas ultimamente estou pensando bastante sobre o fim da vida e isso me dá muito medo. Medo de não saber o dia, de não saber como e em que momento. Eu vou estar pronta?

Não sei se alguém está pronto para a morte... eu não estou.

– Anye? O café está pronto, vamos descer? – Amie entra em meu quarto, sorrindo.

– Claro. – Forço um sorriso.

Eles acham que estou sabendo lidar com tudo isso, mas a verdade é que não estou. Eu choro todas as noites desde aquele dia e me culpo muito por ter ido até o apartamento do Lawrence, eu não devia ter ido lá.

– Bom dia! – Ed sorri – Dormiu bem?

– Claro que sim! – Minto.

Foi só mais uma noite de choro baixo, mas não quero que saibam disso, não quero parecer um fardo.

– Fiz seu prato favorito! – Minha mãe coloca sobre a mesa um delicioso prato com panquecas e depois me entrega a calda de chocolate.

– Ah, obrigada. – Recebo seu beijo em minha bochecha.

– Já contou para ela, Amie?

– Contou o quê? – Pergunto, colocando a calda de chocolate sobre as panquecas.

Isso é delicioso!

– Hoje é o aniversário de 55 anos da Lenna, e como somos clientes há muito tempo, não podemos faltar, né?

Limpo minha boca que melei de chocolate e penso um pouco. Não sei se quero ir...

– Ah, Amie... não sei...

– Vai ser bom para você, amiga. Você precisa sair de casa e ver pessoas! Sem contar que a Lenna vai ficar muito triste se você não for. – É verdade – Vamos?

O Último SuspiroWhere stories live. Discover now