Capítulo 2 - A senhora Lijiane

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Se a mansão de madame Alette havia me espantado quando entrei pela primeira vez, a da senhora Lijiane era algo inimaginável. Aquele lugar mais parecia um Palácio daqueles tirado dos livros de contos de fadas. O chão de mármore onde eu pisava havia sido polido a ponto de reluzir como água, meus passos que ecoavam por entre os pilares ornamentados. Lustres de cristal pendiam do teto alto, lançando um brilho dourado sobre a rica tapeçaria que adornava as parede. As salas eram repletas de móveis meticulosamente esculpidos, estofados em tecidos opulentos. Os intermináveis corredores eram verdadeiros labirintos que cheiravam a incenso e eram só mais uma prova da meticulosa atenção ao luxo e estética dada aquele majestoso lugar.

Suspirei carregando minha pequena mala com apenas duas mudas de roupa. De fato eu era simples demais para tudo aquilo.

Sorri para as criadas que iam aparecendo, mas como esperado, elas não retribuíram fazendo questão de não serem nada cordiais, diferente de minhas doces amigas da mansão de Madame Alette.

Subi as escadas seguindo a governanta Yeon Ji, que me explicava com detalhes os cômodos daquela gigantesca mansão e como eu deveria me portar em cada um deles. Eram tantas regras que não me preocupei em decorá-las todas assim logo de cara. Eu iria aprendendo aos poucos.

Entramos em um estreito corredor e ela apontou uma porta para mim:

____ Veja! Esse será o seu quarto a partir de hoje. - Fazia questão de usar um tom carregado: ____ Tente ficar nele o máximo que puder e só saia se a Madame lhe chamar. - Arrrastava a voz, não se importando nem um pouco em ser agradável.

Abri a porta e vi que era um cubículo no qual cabiam apertados meu colchão e uma pequena prateleira. Tratei de nomeá-lo logo em minha mente de "a toca do rato!". Ri de mim mesma, mas a verdade era que não tinha muito para rir, era difícil até ficar sentada lá dentro.

Apesar da casa ser muito maior que a de madame Alette, eu seria confinada a um espaço de dimensões claustrofóbicas.

Me enfiei como pude naquele lugar e quando sentei-me no colchão, reparei que era difícil esticar as pernas também. Comecei a organizar minhas coisas sobre a pequena prateleira, quando a governanta me interrompeu com raiva:

____ O que pensa que está fazendo? Não vai conhecer madame Lijiane antes de dormir? - Falou como se "conhecer madame Lijiane" fosse algo que se aprendesse na infância.

____ Ah... me desculpe! - Levantei-me, constrangida, sentindo bastante dificuldade de me mover naquele lugar.

Saí da "toca" deixando minhas coisas bagunçadas sobre o projeto de cama que haviam me dado e voltei a seguir a governanta como a boa "escrava" que eu era.

Ela já me parecia bem menos "amigável" do que quando a conheci:

____ Não se sinta tão à vontade aqui... - Tentei me lembrar onde eu poderia tê-la ofendido, mas nada: ____ Você mal vai esquentar o lugar. - Ela finalmente ria de alguma coisa, e essa coisa era eu.

____ Porque está me tratando assim? - Queria entender aquela hostilidade sem propósito.

____ O senhor não te disse que a madame é louca? - Ela parou bem na minha frente, me forçando a parar também. Nessa hora pude ver que além de possuir uma aparência carrancuda, ela fazia questão de manter os cabelos curtos e de não usar qualquer adorno, para alimentar sua imagem taciturna.

____ Sim, ele me disse. - Falei como se não me preocupasse muito com aquilo, mas depois dela comentar também, eu começava a ficar um pouco apreensiva com aquela informação. Será que ele não havia me contado tudo?

O quarto da Senhora - 10+ do Kindle em LGBT!Where stories live. Discover now