Capítulo 7 - Reencontros

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Acordei de manhã e busquei por Luce que não estava ao meu lado. Meu sangue congelou. Levantei-me com muita dificuldade e saí do estábulo procurando por ela. Passei pelos troncos onde eu havia sido castigada e meu corpo todo tremeu só de lembrar. Mal tive tempo de sentir pena de mim e me forcei a andar para encontrar  a minha Luce. Tinha medo de que Robert a tivesse encontrado e feito alguma maldade com a minha bichana.

Entrei na mansão e as criadas me olhavam com hostilidade. Sim. As mesmas que dias atrás haviam chorado por mim, também superaram o trauma bem rápido.

Subi as escadas e caminhei com bastante dificuldade, buscando forças para ir até o meu cubículo, mas antes precisava passar pelo quarto de Lijiane e ver se minha Luce estava lá.

Cheguei na porta e bati com o braço contra a superfície de madeira, mantinha a mão na barriga enquanto minhas pernas arqueavam. Lijiane abriu a porta e me deixou entrar na hora. Ela se espantou com o meu estado.

____ Meu Deus, o que houve?

Adentrei aquele quarto que já não tinha o mesmo brilho, e onde o cheiro de Robert havia impregnado, e busquei por algum sinal de Luce e ela de fato estava lá, deitada, confortavelmente, na cama de Lijiane.

____ Eu quero a minha gata de volta. - Encarei-a de cima a baixo. Ela está simplesmente fabulosa com suas roupas de seda e seus cabelos longos escorrendo até a cintura.

____ Ela também é minha filha! - Lijiane falou não querendo demonstrar raiva, mas estava visivelmente magoada por eu ter escondido Luce dela.

____ O louco do seu marido não quer ela aqui. Se ele a vir, irá matá-la. Tive que escondê-la. - Falei com o olhar distante. Minhas roupas visivelmente masculinas e meu estado deplorável.

____ Espera. Senta! - Lijiane estava preocupada comigo: ____ Quem fez isso com você? - Ela me segurou pelos braços e me sentou com facilidade na beirada da cama, pois eu estava quase desmaiando.

____ Você sabe quem! - Gritei com ódio, movendo meus braços para todos os lados tentando me livrar do toque dela.

____ Eu não pedi para ele fazer nada disso. - Ela estava chorando, mas eu não conseguia me comover com as lágrimas dela.

____ Me deixa levar a minha gata. - Me levantei desafiando-a: ____ Não quero ficar nessa casa! Vou melhorar e ir embora daqui.

____ Não. Por favor. Me deixe cuidar de você. - Ela enxugava as próprias lágrimas que desciam fartas.

____ Não! Não! - Eu estava com tanta raiva que poderia agredi-la. Tentei pegar a minha gata novamente, mas ela me impediu.

____ Por favor, deixe a pobrezinha ficar aqui comigo. Eu vou dar a melhor comida para ela. E ela vai dormir aqui no quarto... quentinha.

____ Ela é minha gata! - Falei entre os dentes, encarando-a com ódio: ____ E eu quero ficar com ela. - Tentei novamente alcançá-la, mas ela me empurrou, me impedindo.

____ Você pode ficar aqui também. Vocês duas... dormindo e comendo bem.

____ Eu já disse que não quero! - Gritei o máximo que podia: ____ Eu te odeio!

____ Por favor, me perdoe. - Lijiane me segurou pelo rosto, me implorando: ____ Por favor. Me perdoa. Você não vê que eu não pedi nada disso. - Ela estava bastante aflita, dava para sentir em sua voz.

____ Por favor, me solta! - Eu pedia tentando me livrar dela, mas a verdade era que senti-la tão perto de mim era extremamente acalentador depois de tudo que eu havia sofrido.

____ Eu te amo... eu te amo... eu te amo. - Ela me beijava. Eu então me deixei beijar, e apesar de sentir a melhor das sensações, eu não queria retribuir. Ela prosseguia: ____ Ele me disse que tinha te mandado para longe e que você tinha aceitado ir... em troca de dinheiro. O que houve com você de verdade?

O quarto da Senhora - 10+ do Kindle em LGBT!Where stories live. Discover now