Capítulo 5 - Amor e ódio

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De manhã eu e Lijiane fomos passear pelo jardim como ela havia prometido. Caminhávamos entre as árvores com seus galhos esvoaçantes, os canteiros que eu só via de longe e toda a beleza daquele lugar majestoso.

O dia era tão fresco que o ar invadia nossos pulmões e acariciava nossas peles dando uma energia extra para continuarmos.

O silêncio quase absoluto só era interrompido pela cantoria dos pássaros. Enquanto andávamos uma do lado da outra, escutamos um "piado" diferente dos outros pássaros. Rimos juntas. Que pássaro cantava daquele jeito? Escutamos novamente e constatamos logo que se tratava de um som tão fraco e tão fino quanto o assovio de um pássaro, mas que sem dúvida não era de um.

Curiosas, seguimos até chegarmos perto de uma árvore onde o barulhinho havia ficado mais intenso. Ali, escondido atrás de uma pequena pedra, estava um filhote de gatinho branco com manchas amarelas, olhos grandes e amendoados, parecendo perdido e assustado.

Eu me aproximei sem medo, sabia que precisava ir devagar para não assustá-lo, enquanto Lijiane me instruía, ansiosa:

____ Não deixa ele fugir. Ele precisa comer alguma coisa e o coitadinho deve estar com frio.

Estendi minha mão com cautela. O gatinho olhou para mim com certa desconfiança, mas sua expressão logo mudou quando percebeu que eu só tinha boas intenções. Minha voz evidenciava isso:

____ Vem, lindinho! Vem com a mamãe!

Ele se aproximou timidamente, me farejando como se eu fosse uma "felina" amiga.

Segurei-o com cuidado e o coloquei no colo. Ele se aninhou em meus braços e fiquei emocionada:

____ Ah, olha que coisinha mais linda!

Nesse momento, Lijiane se aproximou e já começou a acariciá-lo:

____ Nossa, você leva jeito com gatinhos!

____ Sim, eu sempre cuidei de todo tipo de bicho, desde pequena. - Sorri, acariciando o pequeno bichano.

____ Coitadinho, deve estar faminto! - Ela acariciava delicadamente a cabecinha dele também: ___ Venha! Vamos arrumar algo para ele comer!

***

Entramos no quarto de Lijiane e o café dela já havia sido servido. Ela nem comeu, pegou um pequeno pratinho enquanto eu o colocava sobre a cama. Lijiane serviu leite no pires de luxo dela e apoiou sobre o lençol de cetim. O frágil e pequeno ser se aproximou do prato e começou a beber leite mostrando que estava de fato faminto, derramava tudo, sujando o lençol. Quando pensei em me ajoelhar e pedir mil perdões, ela falou:

____ Meu Deus que lindinho que ele é! - Estava encantada.

____ Ele vai precisar de um nome, senhora! - Eu sugeri, sorrindo para o gatinho que se aconchegava em minhas pernas. Ergui-o rapidamente e olhei entre as perninhas: ____ Na verdade é "ela", é uma menina!

____Ai que gracinha! - Ela parou, admirando-a: ____Que tal Luce? - Ela propôs, olhando para mim.

____ Achei lindo! - Acariciei os pêlos da delicada criaturinha.

Lijiane abriu seu armário e pegou uma pequena almofada, colocou em uma caixinha de madeira e a retirou do meu colo. Aconchegou a gatinha que na hora foi dormir, estava muito cansadinha. Nós duas a observávamos.

Depois de um tempo olhando e rindo uma para a outra a cada movimento fofinho que ela fazia, Lijiane sugeriu a coisa mais linda que poderia sugerir:

____ Que tal se a pequena Luce for nossa filha? - Ela riu animada.

O quarto da Senhora - 10+ do Kindle em LGBT!Where stories live. Discover now