Capítulo 17: Contando os dias

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Quatro semanas se passaram.

Noemi não voltou a procurar Aguinaldo e Giovanni.

Trig e Sara iniciaram um propósito de oração e receberam a confirmação de Deus. Trig foi pedir a mão de Sara ao pai dela, e eles começaram a namorar.

O mês de Novembro teve início e a cidade estava agitada. A decoração de Natal teria sua estreia no dia 23, para permanecer, como de costume, até o dia 11 de janeiro.

Campos do Jordão é bela em todas as épocas do ano, porém, durante as festas, a cidade fica ainda mais deslumbrante. O pórtico é um show à parte. Todas as praças são decoradas, e a nova roda gigante do Parque Capivari proporcionaria um verdadeiro show de luzes.

Numa noite de sexta-feira, Gio chegou do trabalho e foi tomar banho. Quando terminou de se trocar, pegou o celular e pensou se realmente devia fazer o que estava pensando.

Ele deixou o aparelho em cima do criado-mudo e foi até a cozinha.

Não demorou muito e desistiu de jantar. Voltou para seu quarto e ligou para Beck.

Ela estava deitada em sua cama, olhando para o teto e com o pensamento longe.

Dona Érica – e até Gigante – tinham ido dormir mais cedo.

Quando ouviu o toque do celular, pegou o aparelho e ficou surpresa ao ver que era Giovanni lhe chamando.

— Oi! — ela atendeu sorrindo.

— Oi! — ele se pegou sorrindo também — Tudo bem?

— Tudo bem e você?

— Também. Faz tempo que a gente não conversa...

Beck franziu a testa e sentou-se na cama.

— Não trocamos umas 50 mensagens ontem? — ela riu.

Ele corrigiu-se rapidamente, um pouco desconcertado:

— Eu quis dizer que faz tempo que não conversamos pessoalmente...

— É verdade. — ela deixou as brincadeiras de lado, pois tinha consciência de que não se viam há 28 dias, mais precisamente 672 horas — Está com saudade de mim?

— Sim, por isso liguei.

Beck tapou a boca para conter a euforia e caiu de costas. Ainda bem que estava em sua cama.

— Queria saber quando será sua próxima folga. — Gio completou.

Isso que eu chamo de timing perfeito, pensou Beck.

— Minha folga é amanhã!

— Por que não fazemos algum passeio?

— Não tem que trabalhar?

Ele riu.

— Eu falo com o Trig. Não haverá problema. Além do mais, temos uma excelente equipe trabalhando conosco.

— Então onde vamos?

Gio fez uma vibrante e silenciosa comemoração, como se tivesse acabado de marcar um gol numa final de Liga dos Campeões.

— Você pode escolher.

— Eu queria andar de pedalinho no Parque Capivari. Faz tanto tempo que não vou lá.

— Combinado.

Eles decidiram o horário e se despediram. Assim que a ligação foi finalizada, Beck pressionou o travesseiro contra o rosto, abafando um grito de felicidade.

Ah, não. Estou com vergonha de vê-lo! Não posso ficar como a Sara...

Não acredito que estou gostando dele!


***


— Vai querer o cisne ou a mini caravela? — perguntou Gio.

— A mini caravela, óbvio!

Após alguns minutos no lago, Beck perguntou:

— Você não teve mais notícias da sua mãe?

Eles não se viam pessoalmente desde que ela apareceu. Gio contou-lhe tudo por ligação e, para finalizar o assunto, ela queria saber se ele estava bem com esse novo sumiço de Noemi.

— Não.

Beck voltou a olhar para o lago.

— E você? Como se sente em relação ao seu pai?

— Acho que finalmente superei o que aconteceu.

Gio franziu a testa.

— Posso perguntar o que aconteceu?

— Isso é o que eu não entendo. — ela confessou — Meus pais não estavam brigados. Não estávamos com problemas financeiros nem nada do tipo. Até onde sabemos, ele não tinha outra mulher. Então eu acho que ele foi embora porque realmente não queria mais ter uma família.

— Só Deus para entender a mente das pessoas.

— Com essa experiência, eu aprendi a importância de não deixar nada mal resolvido.

— Concordo com você. — ele colocou a mão em cima da dela.

Beck ficou morrendo de vergonha com a proximidade entre eles. É incrível como até uma pessoa extrovertida fica tímida quando está interessada em alguém.

Beck afastou-se um pouco e apoiou o cotovelo direito na porta da pequena "embarcação".

Ela apenas esqueceu-se que a mini caravela não tinha porta.

E caiu no lago.

— Beck!

Ela rapidamente voltou à superfície e disse:

— Estou bem, não se preocupe!

Gio estendeu a mão para ajudá-la.

— Suba logo antes que seja atropelada por um cisne desgovernado. — ele riu.

— Tem certeza que não quer dar um mergulho também? — ela brincou.

— Certeza absoluta. — ele a trouxe de volta com apenas um puxão — Por essa vergonha eu não passo mais!

Eles riram.

— Hoje à noite Trig e eu vamos montar a árvore de Natal da Sabor da Montanha na Praça Pinho Bravo. Acredito que ele já falou com a Sara. Eu gostaria muito que você também fosse.

— E eu gostaria muito de ir! Uau! A primeira árvore de vocês! Como está se sentindo?

— Absurdamente animado! — ele sorriu.

Após o pedalinho, eles foram escolher um restaurante para almoçar.

BECK & GIO: IMPLICÂNCIA À PRIMEIRA VISTA (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora