Capítulo 22: Domando o Gigante

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Na quarta-feira da mesma semana, Gio foi à casa de Beck.

— Eu atendo! — ela gritou e correu para o portão.

Ao abri-lo, pulou em cima de Gio e deu-lhe um abraço de urso.

— Boa noite para você também! — ele brincou — Trouxe algo para sua mãe... e para o Gigante.

Beck o acompanhou até o carro, e ele tirou do banco do passageiro uma linda cesta de chocolates. Pegou ainda uma sacola de pet shop.

— O que você trouxe para o bebê?

— Um saco de ossinhos snack para cachorros. Será que se chega ao coração de um animal pelo estômago também?

Eles entraram na casa e dona Érica veio logo cumprimentá-lo. Gigante estava deitado em sua caminha, e, ao ver Giovanni, limitou-se a voltar a apoiar a cabeça sobre as patinhas cruzadas, com desdém.

— Gio, espero que a Beck não tenha dito que você precisava me trazer algo!

— Na verdade, ela disse.

— Eu estava brincando! — Beck defendeu-se.

Gio deu risada.

— Sei disso. Eu quis trazer algo para a senhora! Espero que goste!

— Como não gostar de um presente tão lindo? Muito obrigada! — a mulher abraçou a cesta e ficou emocionada.

— Eu trouxe algo para você, Gigante.

Gio foi em direção ao pequeno cão e abaixou-se, tirando a embalagem de petiscos de dentro da sacola.

Gigante levantou a cabecinha, interessado. Beck já havia lhe comprado aqueles palitinhos de couro bovino, e ele adorava.

— Vamos, rapaz! Venha buscar o seu presente!

Gigante veio lentamente para perto de Gio. Ele tirou um palitinho da embalagem, deu para o cachorro e fez carinho em sua cabeça.

Então o temível Gigante foi domado.

Com o petisco e o carinho, começou a abanar o rabo, demonstrando sua felicidade. Gio novamente fez carinho em sua cabeça e Gigante se esparramou no chão.

— Gigante, seu ordinário! — exclamou Beck.

O pequeno cão ficou no seu cantinho brincando e comendo o petisco.

— Gio, você me ajuda a montar nossa árvore? — pediu Beck.

— Claro!

— Vou buscar as coisas! — Beck foi para seu quarto.

Dona Érica sentou-se no sofá próximo à Gio.

— Gio, já vou para o meu quarto, assim vocês podem aproveitar melhor a companhia um do outro. Só quero lhe dizer algo antes que a Beck volte.

— Sou todo ouvidos.

— Eu estou muito feliz que você seja o namorado da minha filha. Não estou dizendo isso por causa do belo presente que recebi!

Ele riu.

— Eu comecei a orar pela vida sentimental da Beck quando ela tinha seis anos. Sempre quis que ela conhecesse um rapaz de Deus, que a amasse e que seria como um filho para mim. Eu gostei de você desde o começo, e, sem dúvidas, se tivesse um filho, iria querer que fosse você. Obrigada por deixar a Beck tão feliz!

— Poxa, dona Érica. Assim a senhora vai me fazer chorar.

Ela levantou-se para abraçá-lo. Então desejou-lhe boa noite e foi para seu quarto, encontrando a filha no corredor.

— Boa noite! Até amanhã! — ela deu um beijo na testa de Beck.

— Boa noite, mãe!

Ao chegar na sala, Beck reparou que Gio estava com os olhos marejados.

— Amor, o que foi?

— Deve ter caído alguma coisa no meu olho. — ele despistou — Quero ver o que você tem aí. — ele pegou a caixa de enfeites e começaram a decoração.

Gio montou as duas partes da árvore, fazendo com que ela ficasse em pé e atingisse a estatura de 1,60m. Eles passaram a distribuir os enfeites e não demorou muito para que o pinheiro artificial ficasse lindo.

— Agora, o gran finale! — Beck anunciou — Pode fazer as honras este ano!

Gio sorriu e colocou a estrela no topo da árvore.

Beck olhou para a caminha a alguns metros dali e percebeu que Gigante havia caído no sono. Quanto ao ossinho, não havia mais nem uma migalha.

Eles sentaram-se no sofá.

— Este vai ser o melhor Natal dos últimos anos!

— Espero que sim, mas por quê? — ele franziu a testa, intrigado.

— Desde que meu pai foi embora, o Natal perdeu a graça para minha mãe. É claro que para nós, cristãos, Páscoa e Natal são todos os dias, pois a vinda de Jesus ao mundo e seu sacrifício vicário têm implicações diárias sobre nós. Embora seja uma data simbólica, minha mãe sempre gostou de preparar o jantar e arrumar a casa. Nós passamos o último Natal na igreja, e foi bom, mas este ano ela está animada como antigamente.

— Eu fico muito feliz por ela! Meu pai também ficou assim em nosso primeiro Natal sem minha mãe, então eu entendo. Mas Deus é tão perfeito que preparou uma segunda mãe para mim e um segundo pai para você.

— É verdade!

Beck o abraçou e, com a cabeça encostada em seu peito, sentiu profunda gratidão a Deus.

BECK & GIO: IMPLICÂNCIA À PRIMEIRA VISTA (concluída)Where stories live. Discover now