Capítulo 19: O perrengue perfeito

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Na mesma noite, quando chegaram em casa, Beck e Gio contaram para sua mãe e seu pai, respectivamente, sobre o propósito de oração.

Na quarta-feira, Beck foi jantar na casa de Gio e finalmente conheceu seu Aguinaldo pessoalmente.

Com o início de Dezembro, chegou também o aniversário de Deisy. Sua festa seria no salão do seu condomínio em um sábado à noite.

Deisy escolheu o tema girassol. Como ela mesma disse: "Assim como a flor gira na direção do Sol, eu quero sempre manter os olhos em Jesus, o Sol da Justiça."

Na decoração do ambiente, o amarelo era o protagonista. Atrás da grande mesa do salão, havia um painel preto e branco listrado, com o nome da aniversariante escrito em dourado. Em volta, um arco de balões amarelos e pretos.

No centro da mesa, um bolo fake com as velas 2 e 9. Nas duas extremidades, vasos cheios de girassóis. Para completar, bandejas com brigadeiros em forminhas que lembravam as pétalas da flor-tema.

Deisy estava linda, com um vestido preto longo e uma tiara de ouro com pequenos girassóis. Trig apareceu com um girassol na lapela do blazer e, para desgosto de Sara, ficou parecendo o Falcão – aquele cantor conhecido pelo estilo brega.

Várias mesas estavam espalhadas pelo salão, e, em cima de cada uma, havia um arranjo de girassóis.

— Ah, não! — exclamou Denise, a mãe da aniversariante.

— Qual o problema? — questionou Sara.

— Esqueci de pegar os copos descartáveis! Eu já volto!

— Denise, seus pais chegaram! — informou Aurélio, seu esposo.

— Onde está a Deisy? — indagou a mulher.

— Retocando a maquiagem. — informou Beck.

— Amor, pode buscar os copos descartáveis, por favor? — ela pediu ao marido.

— Tenho que voltar e ficar de olho na churrasqueira! — explicou ele.

— Filha! — a mãe de Denise chamou-a.

— Por que a senhora não vai cumprimentar seus pais e eu busco os descartáveis? — ofereceu-se Beck.

— Eu ajudaria, mas preciso arrancar aquela coisa ridícula da roupa do meu namorado. — Sara ausentou-se.

— Obrigada, querida. Nós deixamos tudo lá em baixo. Por favor, traga papel toalha também.

— Pode deixar! — Beck sorriu.

Assim que cruzou o salão, encontrou-se com Gio.

— Oi!

— Oi! Vou buscar alguns itens que a mãe da Deisy pediu. Quer me ajudar?

— Claro!

Eles seguiram em direção à porta que levava às escadas para o andar inferior. Chegando lá, Gio acendeu a luz e rapidamente encontraram o que queriam.

Os pais de Deisy tinham abastecido o porão com tudo que usariam ao longo da festa.

Quando Beck e Gio subiram os degraus com os descartáveis e rolos de papel toalha em mãos, ele não conseguiu abrir a porta.

— O que há de errado? — Beck franziu a testa.

— Parece que a porta emperrou.

Gio colocou o fardo de copos descartáveis no chão e forçou a porta mais uma vez.

— Não é possível que só abra por fora, né? — perguntou Beck.

Era possível, sim. Aquela porta não podia ser aberta por dentro, para a infelicidade dos moradores do condomínio, que já haviam feito uma série de reclamações. Preocupada com mil coisas, dona Denise esquecera de avisar.

Beck pegou o celular para mandar uma mensagem à Sara, porém ali em baixo não havia sinal. O aparelho de Gio encontrava-se na mesma situação.

— Não há com o que se preocupar. — disse Gio — Esses itens estão em falta no salão, então logo alguém virá buscá-los e abrirá a porta para nós.

— Tem razão!

Beck colocou o fardo de papel toalha ao lado dos descartáveis, e sentou-se no primeiro degrau da escada. Gio sentou-se ao seu lado.

Beck e Gio apenas não contavam com a capacidade de comunicação da família materna de Deisy. Denise distraiu-se falando com os pais, depois com as irmãs e, por fim, com os sobrinhos.

Os convidados nem se importaram com a falta de copos para os refrigerantes. Seu Aurélio estava mandando ver na churrasqueira, servindo a todos com carnes dos melhores cortes. Em meio ao banquete, nem procuraram papel toalha.

— Poxa, Gio. Já não deviam ter vindo abrir a porta?

— Deviam...

Gio levantou-se e chamou por alguém mais algumas vezes, sem sucesso. Com a música, ninguém conseguia ouvi-los. Sara, Trig, Deisy e Ariane pensaram que tinham ido dar uma volta pelo jardim do condomínio, pois sabiam de seu propósito de oração.

Gio voltou para perto de Beck.

— O que foi? Está com medo?

Eles tinham apenas a iluminação que vinha do salão e entrava pelo pequeno vidro na parte superior da porta. A lâmpada do depósito apagava após três minutos e eles não queriam ficar apertando o interruptor toda hora.

— Sim. Odeio escuro!

Gio a abraçou.

— Do que você tinha medo quando era criança? — indagou ela.

— Do homem do saco. Que besteira, né? Mas eu achava que ele existia.

Ela riu e se aconchegou ainda mais em seu peito.

— Deus já te respondeu? — ele perguntou.

Beck levantou o rosto.

— Acho que sim. Pedi a Ele um sinal.

— Qual? — questionou Gio, muito interessado.

— Pedi a Deus que, se fosse da vontade Dele que ficássemos juntos, eu sempre sentisse paz ao seu lado.

— E...?

— Quer saber? Até o meu medo de escuro está indo embora!

Com o coração cheio de amor, Gio colocou a mão no rosto de Beck e beijou-a.

O beijo deles foi intenso e apaixonado. Perderam completamente a noção do tempo e a preocupação por estarem presos ali simplesmente desapareceu.

Embora estivessem com pouca iluminação, sentiram-se como no centro de um palco com todos os holofotes virados para eles.

Deve ser esta a sensação de estar no centro da vontade de Deus, depois de um período de oração e espera.

Ao se afastarem, Beck disse:

— Achei que seu beijo teria gosto de chocolate.

— Não tem porque eu escovo os dentes. É bom fazer isso de vez em quando.

Eles riram.

— Espera aí. — Gio afastou-se — Você ficava pensando em como seria me beijar?

Beck deu de ombros, e eles riram ainda mais.

Então dona Denise apareceu para "salvá-los".

Só que eles já não queriam mais sair dali.

BECK & GIO: IMPLICÂNCIA À PRIMEIRA VISTA (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora