4) Lágrimas Idiotas

284 29 149
                                    

3 ANOS ATRÁSHades Gunnar

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

3 ANOS ATRÁS
Hades Gunnar

— Por que fez aquilo? — pergunta Vick, a Delegada que não para de fazer perguntas. Solta um suspiro quando eu não respondo novamente. — Hades, você só tem apenas 18 anos... Tem um motivo pra fazer aquilo.

Encaro seus olhos azuis, reparo que as raízes de seus cabelos precisam ser retocadas. O seu cabelo preto é pura tinta, os cabelos loiros estão aparecendo na raiz grande.

A Delegada se levanta da cadeira e começa a andar pela sala. Meus pulsos estão algemados, minhas mãos cobertas de sangue seco, encima da mesa da Delegada.

— Hades...

A porta é aberta. Não posso ver quem é, estou de costas para a porta e isso me incomoda. Não posso ver quem está me julgando ou os meus inimigos.

— Srta. Vick, o comando está te chamando na sala dele.

— Fala para ele...

— Ele disse que é com urgência.

Vick bufa e bate as mãos nas coxas. Suspira novamente, me observando. Mantenho meus olhos nos seus.

— Não terminamos. — fala e sai da minha vista.

Não é a primeira vez que estou em uma sala de interrogatório, mas é a primeira vez que estou em uma sala de interrogatório por assassinato.

Eu não me arrependo de ter desmembrado o corpo de meu pai. Eu não me arrependo. Posso dizer que os gritos dele foram melodias para meus ouvidos.

Meu pai nunca foi uma pessoa de bem. Me lembro bem de como ele me espancava, me batia de cinta nas minhas costas que até hoje tem cicatrizes. Esse velho idiota me fez desperdiçar lágrimas idiotas.

Não demorou muito para a Delegada voltar para a sala. Voltou mais séria e quer respostas para as suas perguntas. Talvez eu dê as respostas, talvez não.

Ela se senta na cadeira a minha frente e bebe a sua bebida. Cruza os braços e suspira.

— Qual é a sua cor favorita?

Essa é a primeira pergunta considerada normal ao meu ver. Não vejo problema em não responder.

— Não, espera... Deixa eu adivinhar. — fala Vick, dando risinhos sem graça. — Vermelho.

— Por que vermelho? — pergunto e solto uma risadinha.

— Ah, então o gato não comeu sua língua. — fala, com um sorriso no rosto. — Sabia que tem covinhas? Quando você dá um mísero sorriso ou risada elas aparecem facilmente, sabia...

— Por que vermelho?

Vick suspira e bebe mais da sua bebida. Solta seus cabelos que vão até os ombros.

— Vermelho é uma cor que chama atenção, remete sangue, paixão, raiva... — fala. — Por que fez aquilo?

— Marrom. — falo, evitando esse assunto. — Minha cor favorita é marrom.

HEARTLESSWhere stories live. Discover now