+18| Sem Coração
Na cidade de StaryVille é dividida em dois lados: o lado certo e o lado errado. Nela, existe uma regra importante que proíbe qualquer relação entre moradores de lados distintos, sob pena de severas punições.
Faith sempre foi uma gar...
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3 ANOS ATRÁS Faith Ryen
Me sinto bem mal vestida — com roupas de garçonete, nessa festa glamorosa onde a moda de grife domina, destacando-se em tons elegantes de vermelho em meio à multidão animada. Garçons habilmente circulam, oferecendo taças de bebidas exóticas, enquanto a música envolvente cria uma atmosfera de celebração e sofisticação. O cenário é uma sinfonia visual de estilos requintados e uma explosão de vivacidade vermelha.
Nunca pensei que poderia invadir uma festa, ainda mais a La Nuit du Diable, onde o cara mais importante volta para a cidade celebrar. Eu, felizmente, não fui convocada para ser uma prostituta, mas seria bem mais fácil de entrar.
Para infiltrar-me nessa festa grandiosa, busquei uma garçonete descontente com sua presença. Ao encontrá-la, sua pronta aceitação veio acompanhada de agradecimentos, rotulando-me como ousada por adentrar esse universo aparentemente inalcançável e misterioso.
Eu fiz toda uma fantasia na minha mente como esse lugar seria horrível, cheio de criminosos fumando os seus baseados e nada organizado. ̶O̶ ̶i̶n̶f̶e̶r̶n̶o̶ ̶t̶e̶m̶ ̶o̶s̶ ̶s̶e̶u̶s̶ ̶l̶a̶d̶o̶s̶ ̶b̶o̶n̶s̶?̶ Não.
Observando pela pequena abertura da porta da cozinha para o salão cheio de mafiosos, grande parte dançando ao som de Calvin Harris. ̶O̶n̶d̶e̶ ̶e̶s̶t̶ã̶o̶ ̶a̶s̶ ̶s̶u̶a̶s̶ ̶a̶r̶m̶a̶s̶?̶
— Ei! — ressoa o chamado, encaro a pessoa, percebendo que é direcionado a mim. — Faça o favor de servir para os convidados. — aponta bruscamente para as taças com líquido amarelado.
Sorrio sem graça e ando até o balcão, desviando o olhar da mulher com cabelos curtos e olhos assassinos. Ela bate palmas e diz que tudo precisa ser perfeito.
Agarro a bandeja com as taças e avanço em direção à porta dupla. Ao atravessá-la, o ar gélido acaricia minhas bochechas, provocando um arrepio momentâneo.
Observo ao redor, mesas com toalhas brancas delicadamente dispostas, garçons em movimento frenético. Nenhum rosto familiar nesta festa. Ele não está aqui.
Suspiro e inicio um desfile entre os convidados. Alguns agarram as taças apressadamente, esvaziando a bandeja para apenas duas restarem.
Um homem de barba rala e terno preto me acena, um convite silencioso. Sorrio e me aproximo dele. Seus olhos são azuis e penetram os meus olhos castanhos. Porra. Tem dobro da minha idade...
Ele está em companhia de uma mulher, aparentemente da minha idade, com cabelos longos e ruivos. Um belo casal — mesmo com a diferença de idade aparente. ̶I̶d̶a̶d̶e̶ ̶é̶ ̶s̶ó̶ ̶u̶m̶ ̶n̶ú̶m̶e̶r̶o̶.̶
O homem, sorridente, toma as taças e entrega uma à sua companheira. Com a bandeja vazia em minhas mãos, o inevitável retorno à cozinha se desenha, mas seu chamado me retém.
