[05] say the word, captain

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— Sea...

Pela primeira vez em semanas, Jungkook permitiu-se sorrir verdadeiramente.

As orbes escuras viam o caçula consciente sobre aquela maca. O alívio subiu por seu corpo, as narinas queimaram quando as lágrimas atreveram-se a descer.

Mal conseguia acreditar, seu irmãozinho estava ali, acordado, olhando para si.

Ele foi em direção a maca, inclinando-se para envolver o corpo do caçula num abraço apertado e caloroso. Sem que ao menos percebesse, as lágrimas escorriam como nunca.

A destra se pôs sobre a nuca do menor, onde os fios escuros do garotinho escapavam entre os espaços daqueles dedos. Queria abraçá-lo e não soltá-lo nunca mais, sem deixar que nada fizesse mal ao mesmo.

— Mano, a gente 'tá aonde? — A voz do caçula expressava tamanha dúvida, onde os olhos suaves tentavam reconhecer o ambiente em sua volta.

— Nós viemos pra outra casa, Sea. — O maior tinha os olhos inundados pela as lágrimas.

— Não é uma casa muito bonita...

Jungkook gargalhou pela a inocência do caçula, recordando-se o quanto havia sentido falta do senso de humor duvidoso do garotinho.

Desde que o garoto começou a adoecer, o maior sentiu-se mais sozinho que nunca. Os pais já haviam morrido, o irmão adoeceu e não tinha forças para ao menos se alimentar, tudo caminhou para que o Jeon ficasse naquela casa com sua única companhia, o completo silêncio.

Os gritos ainda permaneciam no lado externo, o corpo do zombie ainda se mantinha escancarado ao chão próximo à maca, o cheiro desagradável tornava-se ainda mais evidente.

Era claro, o acampamento estava sendo invadido.

Aquela situação toda formulava outras questões na mente do Jeon. Como aquele acampamento, onde deveria ser um refúgio de segurança para os sobreviventes, poderia ser um alvo tão fácil para tal invasão? Ao menos as palavras de Jimin transpareciam que o local era confiável e seguro para abaixarem as guardas.

Sabia que havia sido um erro confiar nas ações do governo. Afinal, por mais que não fosse tão escancarado, o acampamento pertencia ao governo, pertencia ao mesmo governo que bombardeou as capitais sem pensar nos civis que ainda encontravam-se lá.

Pertencia aos culpados pela a morte de seus pais, culpados pelo o estado de Sea, culpados por terem feito a radiação adentrar em seu corpo, convivendo com algo dentro de si que não sabia o que significava.

Tudo aquilo lhe fez chegar a um veredito. Não iria permanecer naquele lugar e esperar que outro zombie adentrasse na enfermaria em busca de carne fresca, não arriscaria, ainda mais, a vida de Sea, não iria esperar que outros resolvessem um problema que ele poderia resolver naquele momento.

Precisava ir embora, e sua mente já havia lhe convencido daquilo.

Afastou o corpo do menor e olhou-o diretamente, encarando aquelas orbes tão escuras quanto as suas.

— Sea, preciso que me espere aqui, ok?

O garotinho assentiu sem questionar. Mesmo ainda não tendo maturidade o suficiente, sua mente já compreendia a nova realidade que viviam, e curiosamente, aceitava essa realidade. Algo que fazia melhor que o próprio Jeon.

Just Survive • jikookKde žijí příběhy. Začni objevovat