Onde está seu deus agora?

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Tw: Esse capítulo incluí cenas do Kenma apanhando e um personagem morrendo.

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Lento não era uma palavra no vocabulário escocês.

No momento em que embarcaram, Kuroo desceu as escadas para o quartel da tripulação com Kenma jogado sobre seu ombro em um estado de obediência ansiosa. O homem estava positivamente orgulhoso de seu esquema e ativos, e não perderia um momento se gabando deles para alguém que havia conquistado enquanto Atsumu ficava para trás para dirigir a transição de um navio para o outro.

A parte mais estranha de tudo isso é que Kuroo não era mais gentil depois de conseguir o que queria; ele ainda era insultuoso e rude, ainda áspero e amargo, mas mais... excitável. No quartel da tripulação, Kenma sentiu seu estômago gritar por alívio de estar sobre o ombro largo do homem contra sua vontade, e ele lutou até que Kuroo finalmente o colocou no chão, aparentemente despreocupado com a maneira como Kenma não queria ser segurado.

“Há muitas redes aqui para meus próprios homens”, ele apoiou as mãos nos quadris, “e sobre os novatos? Eles terão que se virar.” Kenma fez uma careta, pensando em alguns dos garotos de sua lista que certamente teriam... pensamentos e sentimentos sobre essa situação.

Kenma não dormia em quartéis desde que tinha dezessete anos e foi promovido a Intendente, onde recebeu um quarto para dividir com o Primeiro Imediato. Era bastante familiar, o almíscar incessante existia no espaço úmido de qualquer navio, não importando quem o dirigisse. O jovem se perguntou se seria capaz de encontrar um canto para se esconder, um lugar um tanto privado para que ele pudesse marinar em seu fracaso sem que sua tripulação testemunhasse uma exibição tão fraca.

Já era um espaço apertado; entre as redes e os colchões no chão, parecia não haver espaço suficiente para a tripulação original de Kuroo, muito menos trinta e cinco homens adicionais.

Kenma estava fazendo um excelente trabalho ao manter os olhos baixos, em vez de olhar para o adversário, que apenas permanecia com a postura perfeita como se nada de estranho tivesse acontecido. O que ele poderia dizer? Era um estado de transição diferente de qualquer outro que ele já havia experimentado antes. O loiro encostou-se na parede em busca de apoio, sem saber se aquele súbito enjôo havia retornado ou se a opressão que sentia estava se manifestando de novas maneiras.

Defina os termos - diga a ele que você não concordou com coisas como ser beijado ou carregado. Kenma poderia abordar com calma algo que o fazia sentir tanta coisa? Ele começaria a chorar como uma criança se isso acontecesse de novo? Ele não podia agir como uma criança, ele tinha uma tripulação para cuidar.

A porta diante deles se abriu com estrondo e um garoto com cabelos cor de areia, quase grisalhos, saiu tão derrepente – pelo menos para Kenma – que ele pulou um pouco e quase agarrou seu inimigo, alarmado. Os olhos brilhantes de Kenma percorreram todo o cozinheiro de Carruther com uma mistura de desinteresse forçado e animosidade imerecida.

A reação fez Osamu ficar surpreso, avaliando seu capitão e a nova figura ao seu lado enquanto suas mãos brincavam com as cordas manchadas do avental como se ele precisasse tocá-las para seu próprio conforto. Ele não gostava de mudanças, nem mesmo quando elas eram pequenas e objetivamente fofas. "Que porra é essa?"

"Isso..." O Capitão colocou o cabelo de Kenma atrás da orelha de maneira tão divertida, "está fora dos limites." O sorriso torto de Kuroo apareceu e o cozinheiro revirou os olhos, empurrando-se entre eles e provando ser tão desbocado como sempre no processo.

“Como se eu estivesse procurando por alguém.” Osamu gritou atrás dele, parando no topo da escada e agarrando a borda da porta de uma forma que sugeria que isso o havia ofendido pessoalmente: "Essa... coisinha é o motivo do jantar ter sido estragado?"

Pego entre o diabo e o profundo mar azul [PT-BR]Where stories live. Discover now