Na grama

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Comentarios e votos são sempre apreciados.

TW: Abuso sexual e violência física.

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Após anos e anos usando-o todos os dias, de repente, estava muito desconfortável usar seu anel novamente. Tetsurou ressentia a sensação em seu dedo, não deveria estar ali; Kenma deveria tê-lo guardado. Que desperdício trágico de um desejo.

"Merda!" Ele não estava se acostumando com sua pequena prisão. Já se passaram horas, sendo balançado para frente e para trás com o mar, batendo contra pedaços pontiagudos de madeira nas paredes ao redor. Não conseguia ver nada, o que significava que tinha que memorizar onde cada ponto estava com base na amarga experiência.

Kuroo havia perdido muito sangue e acumulado muitos hematomas e arranhões. Com base no que sentia agora, seu nariz estava quebrado, mas isso era o menor de seus problemas; ele estava irado, enfurecido, irritado, furioso com Kenma.

Ele nem sabia quanto tempo havia passado, mas não foi pouco. Kenma tinha gritado por um longo tempo. Chorou até perder a voz e todos no convés permaneceram em silêncio, perguntando-se se era mais um alívio ou um novo nível de terror quando ele finalmente parou.

Seis homens foram necessários para colocar Kuroo em sua cela-armário, e ele quase arrombou a porta mais de uma vez, mas quase desmaiou de exaustão depois de um tempo. Ele estava reservando o que tinha apenas para se manter em pé e não se perfurar com as ameaças ao seu redor.

"Ele é forte", ele teve que se lembrar. "Ele me causou um inferno, ele vai causar um inferno para aquele desgraçado também." Ele sentia falta de poder andar de um lado para o outro... Sentia falta de quão fofo Kenma era enquanto andava de um lado para o outro e murmurava consigo mesmo antes de sugerir algo irrealista e extravagante. Kuroo daria qualquer coisa para ouvir Kenma fazer uma suposição absurdamente incorreta e fazer aquela careta quando fosse corrigido.

Por um tempo, tudo o que podia fazer era ouvir as vozes abafadas lá fora, por mais incoerentes que fossem.

Conforto abafado.

O que ele não conseguia ouvir era Atsumu apoiando Keiji, de todas as pessoas, porque ninguém estava sentado ao lado de quem queria ficar, o que parecia estratégico. Bokuto observava de alguns metros de distância, mas não havia muito o que fazer além de manter um olho em seu amor.

Akaashi não estava muito bem. Ele pagara por sua língua afiada; um lábio cortado, uma bochecha machucada, seu pulso doía o suficiente para ele não ter certeza se estava quebrado ou não, mas era um saco tentar se mover.

"Pelo que vale..." Atsumu suspirou, "o que você disse foi engraçado. Sabe, sobre o diabo transando com aquele monstro e tudo mais? Eu quase ri."

Akaashi bufou com um sorriso doloroso. "Mhm. Valeu a pena." Cada palavra era dolorosa de dizer, mas ele argumentaria que, mais uma vez, valeu a pena.

Havia um elefante na sala; seus capitães. Ninguém estava falando sobre isso por causa dos marinheiros próximos supervisionando todos eles, mas ninguém deixou de pensar nos recém-casados por um segundo. Desde que Kenma parou de gritar e a porta do armário parou de bater com ameaças abafadas, a esperança começou a desvanecer.


Ninguém sabia como seria se os dois parassem de lutar; ninguém nunca tinha visto algo assim. Eles eram testemunhas experientes de dois psicopatas obstinados e auto-sacrificantes, e a ideia de ceder parecia fictícia e absurda.

Pego entre o diabo e o profundo mar azul [PT-BR]Where stories live. Discover now