Baque. Baque. Baque.

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TW: Os mesmos gatilhos de sempre.

Por favor comentem enquanto lêem, é muito legal ver a reação de vocês ☺️

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Parecia que alguém estava batendo na porta.

Baque. Baque. Baque.

Oikawa encarou a camisa branca ensopada de sangue, perguntando-se como diabos conseguiria limpá-la, batendo-a repetidamente na tábua de lavar. Parecia ser uma tarefa impossível.

Quinze minutos no mesmo ponto sem progresso, esfregando o colarinho com sabão e força até que só parecesse rosa, mas não branqueasse mais. Ele suava e coçava no uniforme que um dia fora tão familiar. Ele tinha sido mimado por roupas folgadas e menos camadas, agora amaldiçoado à formalidade rígida novamente.

A frustração deixou Tooru ansioso, emocional e irracional. Ele não queria que ninguém visse que estava à beira das lágrimas. Ele só ansiava por seu Hajime se aproximando por trás dele e o abraçando como se precisasse de mil beijos. Em vez disso, o garoto estava sozinho e chorando sobre uma camisa ensanguentada.

Ele já havia trocado seu uniforme sujo por um novo depois que o primeiro foi sujado pela bagunça que lhe pediram para limpar. Ele esfregou a pele até ficar em carne viva imediatamente, removendo qualquer vestígio do que lhe fora ordenado fazer. Um balde vazio e outro cheio de água foram enviados com ele para o escritório do Comandante, mas o cheiro de decomposição o atingiu como uma parede quando entrou, e a visão do corpo desfigurado do marinheiro quase o fez vomitar.

Ele nunca se livraria da sensação específica de puxar um fragmento de crânio de um amontoado de cérebros esmagados contra uma tábua de madeira. Parecia que demorou horas, mas ele realmente cuidou da maior parte disso em cerca de vinte minutos agonizantes. Ele não podia olhar para seu próprio capitão deitado em uma cadeira e chorando tanto que não conseguia pronunciar palavras completas enquanto tentava discutir com Kita.

Oikawa sentia como se tivesse para sempre uma associação pavloviana; o choro de Kenma sempre estaria ligado a sensação do cérebro esmagado em suas mãos.

Ele não sabia qual lamentava mais.

Choros de um garoto bêbado e quebrado, que fugia ser homem, argumentando que sempre amaria Kuroo entre soluços fragmentados.

A explosão furiosa de um homem magoado dizendo ao objeto de sua obsessão que era impossível amar um monstro.

Então, algo ainda mais estranho, o pânico do Comandante ao perceber quantos hematomas cobriam o corpo de Kenma, como se tivesse esquecido que ele mesmo os causara. Ele ficou confuso por vários minutos, descontrolado e gritando com Kenma por ser tão frágil, depois sentou-se em sua própria cadeira, em frente ao garoto, e ficou em silêncio por um longo tempo.

Aquilo estava longe de ser a primeira vez que Tooru testemunhava o início de um ataque, e ele teve que tomar uma decisão difícil.

Quando Kita se levantou novamente e se aproximou de Kenma, Tooru estava quase terminando a limpeza. Ele tinha tirado o sangue quase completamente e substituído por água limpa quando Kenma começou a chorar e debater os braços com gritos de rejeição; os básicos não, pare, saia de cima de mim, não funcionavam em qualquer situação, muito menos nesta. Kenma era inteligente o suficiente para saber disso, mas o instinto fazia todos de tolos.

Esperança ingênua de que talvez funcionasse desta vez.

Oikawa poderia ter ficado e feito nada além de estar lá, mas ele decidiu sair assim que terminou. Ele não queria testemunhar aquilo; ele já havia visto o suficiente e não podia fazer nada para impedi-lo, então saiu do escritório e fechou a porta firmemente atrás dele, subindo as escadas e se afastando dos gritos abafados bem a tempo de ver um tumulto acontecendo no convés.

Pego entre o diabo e o profundo mar azul [PT-BR]Where stories live. Discover now