Valentine ⁿᵒᵃⁿʸ

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ANY GABRIELLY

——— Você sabe quem é essa atriz, não sabe? ——— Noah começou a falar pela milésima vez durante o filme. ——— Ela é muito engraçada! O nome dela é Jennifer alguma coisa...

Urrea e eu estamos no cinema do shopping. Eu não deveria ter escolhido ir logo ao cinema com ele, já que toda vez é a mesma coisa: ele faz o maior drama para escolher um filme, e quando finalmente escolhe, fala durante o mesmo o tempo inteiro, o que consequentemente faz com que as pessoas ao nosso redor fiquem incomodadas.

——— Noah, será que dá pra você calar a boca e prestar atenção na porra do filme? ——— o interrompi. Ele riu da careta em meu rosto.

——— Eu sei que você ama meus comentários, eu sou um verdadeiro crítico de cinema. ——— o garoto disse calmo, posicionando seu braço em cima da minha cadeira, enquanto seu olhar era malicioso.

Noah e eu somos melhores amigos já faz dois anos e mais alguns meses. Nó nos conhecemos pois a sua mãe, Wendy, precisou se mudar para New York por conta do seu emprego. Então, ele começou a morar do lado da minha casa. A partir daí, nós não desgrudamos mais.

[...]

——— Finalmente acabou! Não aguentava mais! ——— exclamei assim que o filme chegou ao final e os créditos do mesmo começaram a rodar pelo telão do cinema. ——— Que filme insuportável! Não vou deixar você escolher da próxima vez. ——— completei.

Noah se levantou com a testa franzida.

——— Ah, qual é. Até que é engraçadinho, vai! ——— ele defendeu-se, e então eu joguei pipoca em sua cabeça. ——— Ai! ——— ele afastou-se de mim, e eu ri de sua exagerada reação.

Logo, saímos da sala do cinema juntos e fomos em direção à praça de alimentação do shopping.

——— A gente pode passar na Lila's para comprar um café antes de irmos embora? ——— eu perguntei, enquanto meu olhar rodeava todo o shopping, procurando o estabelecimento.

——— Tudo bem. ——— Noah bufou, e então nós caminhamos até a pequena loja em amarelo e madeira.

——— Um café puro por favor. ——— eu pedi a gentil atendente do lugar, que se virou para preparar o meu pedido. ——— E você quer algo... ——— eu começava à perguntar para Noah, mas seus olhos estavam em um lugar muito mais distante. Eles estavam vazios.

Eu os segui até encontrar a visão que parecia abalar Noah; Rebecca beijando um menino, então ele a abraçava e os dois caminhavam em outra direção, rindo pelos corredores.

Urrea não parava de falar da Rebecca por um segundo. Eles já ficaram várias vezes, mas ela não parece dar muita bola para ele, que, diferente dela, é apaixonado pela mesma desde o final do ano passado.
Rebecca não faz parte do nosso grupo de amigos – Sav, Alex, Jonah, Sabina, Noah e eu –, ela só anda com os meninos do terceiro ano. Apesar disso, nós já conversamos algumas – poucas – vezes. Ela até que é gentil.

——— Noah, está tudo bem?

——— Não ——— ele balançou a cabeça, sua voz saindo por um fio ——— Não, Any você... Viu o que eu vi?

——— Rebecca com outro menino?

——— Sim, como ela pôde? ——— meu melhor amigo diz, ainda incrédulo.

——— Noah, vocês nem namoram. ——— resmunguei indiferente, e me virei para pagar o meu pedido, pegando o copo branco cheio de café sobre o balcão. ——— Vamos procurar algum lugar para sentarmos.

Eu e Noah achamos uma mesa pequena no meio da praça de alimentação. Enquanto eu bebia meu café tranquilamente, ele encarava o nada com uma expressão pensativa, batucando seus dedos na mesa.

——— Any? ——— Urrea finalmente me chamou, e então eu o encarei. ——— E se você me ajudasse com a Rebecca?

——— O que quer dizer? ——— perguntei confusa, enquanto pegava o elástico no meu braço feito uma pulseira, tentando fazer um rabo-de-cavalo em meu cabelo cacheado.

——— Então... a Rebecca continua conversando comigo normalmente, sabe? Mas depois do que acabei de ver, eu não sei se ela está namorando esse cara ou se é só mais um caso... ——— ele gesticulava com as mãos.

A minha expressão confusa apenas aumentava, ainda sem entender onde Noah queria chegar com toda essa conversa.

——— Ok. E como eu ajudaria?

——— Então... Você se importaria de fingir ser minha namorada só por alguns dias? Só para eu ver como ela reagirá, e se irá sentir ciúmes! ——— Urrea disse rápido, com a intenção de amenizar o peso de suas palavras.

——— O quê? Óbvio que não! Você só pode estar brincando, né? ——— o olhei incrédula, mas ele realmente parecia estar falando sério.

——— Não, Any! É sério. Só me ajude, por favor.

——— Bem, sinto muito então em dizer que a minha resposta é não. ——— retruquei clara. Ele colocou a mão em seu queixo, ainda inconformado.

——— Por que não?

——— E se eu começar a gostar de alguém enquanto finjo namorar você? ——— ele olha para o teto espelhado do shopping parecendo pensar em alguma resposta. ——— E o que nossos amigos achariam sobre nosso "namoro"?

——— Ah Any... A gente pensa nisso depois! E eu acho que nossos amigos acreditariam, até porque sabem que nós somos muito próximos...

——— Tá, mas e se...

——— Porra, só vamos fingir por um tempo, Any! O que custa? ——— Noah me interrompe, seu olhar esperançoso se encontrou ao meu.

Eu poderia fazer uma lista enorme de todos os motivos para não aceitar essa proposta maluca. Mas ao invés disso, apenas suspirei, fiquei em silêncio por um tempo, e disse:

——— Tudo bem. ——— ele arregalou os olhos e sorriu largo. ——— Mas só por alguns dias, 'tá? E se der merda, a culpa é toda sua!

Noah se levantou de seu lugar, me abraçou por trás da cadeira onde eu estava sentada e me deu vários beijos na bochecha.

——— Valeu, sério! Prometo que nada vai dar errado. Te amo! ——— me deu mais um beijo na bochecha e voltou para o seu lugar na mesa.