02

47 1 0
                                    

🌹 LAURA NARRANDO 🌹

Entro em casa já avistando minha mãe, mas ela não estava sozinha. Os donos da casa em que moramos estão aqui falando com ela.

— Boa tarde. — me aproximo deles.

— Boa só se for pra você. — diz a mulher super mal educada.

Coitada. Se soubesse o quão terrível tem sido meus dias, ela não falaria desse jeito.

— Márcia, não seje mal educada com a menina. — diz o homem com um sorriso estranho no rosto. Eu em.

— Em quê podemos ajudar vocês? — pergunto educada.

— Tudo o que tínhamos para falar já foi dito com sua mãe. — a mulher diz pegando sua bolsa para ir embora.

— Desculpe, senhora. Mas não sei se você sabe, minha mãe está muito doente e nesse momento ela não pode tomar nenhuma decisão em relação a casa. Então se você puder falar comigo a respeito, eu agradeço.

— Certo. Certo. — diz o homem — Vocês estão com o aluguel atrasado e viemos comunicar que precisam realizar o pagamento até quarta-feira.

Hoje é segunda-feira, ou seja, eu tenho dois dias para arrumar o dinheiro do aluguel.

Esse mês eu não consegui pagar o aluguel pois tudo o que eu tinha foram para exames e remédio da minha mãe.

— Senhor, sempre pagámos certinho. Temos apenas 1 mês atrasado. Não tem como vocês prolongarem um pouco a data para pagamento desse mês? Dois dias são muito pouco...

— Se vira. — a mulher diz brava — Se até quarta-feira não tiver feito o pagamento vocês vão para a rua!

— Mas... — ela me interrompe.

— Mas nada. Eu não me importo se a sua mãe está morrendo. Eu não me importo com seus problemas. Eu realmente não me importo. Então não perca seu tempo vindo me contar suas histórias triste.

— Tudo bem. — suspiro segurando as lágrimas.

— Ótimo! — diz saindo da minha casa.

— Não nos leve a mal, mas você sabe, negócios são negócios. Imagina se ficássemos com pena de todos que tem problemas? Até quarta-feira! — o homem diz saindo.

Eu não queria e não quero a pena de ninguém, mas talvez um pouco de compreensão? Talvez se colocar no lugar do próximo? Hoje sou eu, amanhã pode ser eles.

Me sento na cadeira que tinha ali ao lado da minha mãe que estava em lágrimas, isso quebra meu coração mais um pouquinho. Odeio ver minha mãe chorar.

— Fica calma, mãe. Eu vou dar um jeito...

— Minha filha, vamos pra rua... — começa a chorar ainda mais.

Minha única reação foi abraçar minha mãe. Não tinha muito o que fazer. Eu não poderia dizer pra ela que ficaria tudo bem, pois eu não sei se algum dia vai ficar tudo bem.

O que eu vou fazer agora? Aonde eu vou arrumar 400,00 em dois dias??

Escuto minha barriga fazer barulho, eu estou morrendo de fome. Mas não tem nada para comer.

No Morro - DEGUSTAÇÃO Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora