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🔪 DAVI NARRANDO 🔪

Cara, eu tô pensando aqui, o amor é involuntário e isso torna tudo uma merda.

Se a gente escolhesse quem amar, acho que mais da metade do nosso sofrimento seria poupado. Mas, não é possível escolher quem amar. Até porque, quem em sã consciência escolheria ter esse sentimento tão desgastante e destruidor por alguém?

Dou mais um trago no meu baseado com os pensamentos a milhão, gosto de dar um trago porque parece que clareia mais minhas ideias, ta ligado?

Tenho uma missão que a doida da Laura me passou, mas pô, to com o coração pequenino de fazer esse bagulho.

Bagulho é o seguinte, eu comecei a ficar com a Vitória faz alguns meses já. Eu gosto dela. Mina é da hora pra caramba. Mas porra, eu acho que to apaixonado na ruiva mano, melhor amiga da Vitória.

Cê eu to feliz com isso? Claro que não. Tô me sentindo péssimo irmão.

Um verdadeiro filho da puta.

Eu não sei se é amor. Até porque nunca senti esses bagulhos de amor antes. Mas eu sinto um bagulho diferente pela ruiva. Um sentimento surreal, irmão. Quero proteger, cuidar. Mano, na moral, se eu pudesse guardaria aquela menina num potinho pra ninguém fazer mal a ela.

Sou despertado dos meus pensamentos com um caderno batendo na minha cara. Me levanto mó rapidão sacando minha arma, tomei um susto do caralho.

— Ta dormindo filho da puta? — Pesadelo  pergunta se sentando em sua cadeira no "escritório" que temos aqui na boca.

— Pô, precisava jogar essa merda em mim? — pergunto pegando o caderno do chão e jogando de volta no Pesadelo que segurou o mesmo no ar. Arrombado.

— Precisa mais que isso pra me atingir. — diz abrindo o caderno e fazendo algumas anotações.

Ficamos em silêncio por um tempo.

Eu terminei de fumar meu baseado joguei a ponta que sobrou fora e pensando se eu devia ou não falar com o Pesadelo sobre o pedido da Laura. Ela vai acabar com a vida dela se ficar com ele. Na moral mesmo. O cara é meu amigo. Minha única família. Mas ele não vale um real. Não presta mesmo. Sinceramente, ele é tão ruim que as vezes é melhor conhecer o capeta do que ele.

— Pô Pesadelo, quero levar um papo contigo. — digo me sentando na cadeira de frente com ele.

Pesadelo não me respondeu, nem esboçou qualquer reação. Ele continuou fazendo suas anotações. Mas eu sabia que ele tinha me ouvido. Ele é assim mesmo. Não demonstra nada, nunca.

— Desembola filho, tá aí me gastando faz mó cota.

—Tem uma mina aí que quer desenrolar contigo.

— Manda pra casa da 10 amanhã as 23:00 — diz ainda sem me olhar.

— Mano, a mina é especial. Tipo, tenta ser legal com ela.

— Tu come ela? — me olhou e eu neguei — Então menos papo e bora trabalhar.

— Ela é amiga da minha mina e tipo, só ta fazendo isso porque... — tento dizer.

— Não tem porquê, as mulheres são todas iguais. Ela quer me dar porque eu sou o dono dessa porra toda e ela quer grana. Quer vida boa, não é? — ele ri sem humor — Eu vou comer e pronto. Só não garanto a parte da vida boa. Eu não sou bom, tu sabe e já deixa avisado pra mina. Quero ninguém emocionada no meu pé não.

Tentei argumentar mais alguma coisa, mas o Pesadelo é uma pessoa difícil de lidar. Ele não é uma pessoa de muita conversa e muito menos de muita paciência. Ele já matou só de alguém olhar pra ele.

No Morro - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora