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🌹 LAURA NARRANDO 🌹

Enfim tocou o sinal avisando o final da aula. Só queria dormir. Essa noite não preguei os olhos depois de tudo que aconteceu. Até agora minha intimidade dói.

— Ai que cólica! — Vitória chega do meu lado.

A vitória hoje estava um pouco "estranha". Toda hora sendo grosseira sem motivos. Talvez deve ser a tpm.

— Tomou remédio? — pergunto pegando minha mochila e colocando nas costas.

— Claro né. — revira os olhos.

— Amiga eu não tô te entendendo não. O que está acontecendo? — pergunto.

— Não sei. Eu que te pergunto. Você está me escondendo algo?

Engulo seco.

— Da onde você tirou isso? — pergunto tentando disfarçar. Sou péssima em mentir.

Antes que ela pudesse responder ouvimos um barulho de tiro, olhamos pra frente e vimos o pesadelo matar um homem com um tiro na testa em frente a boca principal.

Meu Deus. Ele simplesmente matou o homem na frente de geral e não demonstrou nenhum tipo de sentimento. Era uma vida.

— Meu Deus! — coloca as mãos na boca.

— Vamos embora rápido.

Apressamos os passamos para sair dali de perto o mais rápido possível, se der a doida no Pesadelo ele sai atirando em quem ele ver na frente.

— Depois eu subo na sua casa — digo para a vitória ao chegar em frente minha casa.

— Tá. Beijo. — diz subindo a rua.

Respiro aliviada por termos encerrado aquele assunto naquele momento. Não sei ainda como vou falar para a vitória que eu não sou mais virgem e principalmente com quem eu tirei minha virgindade.

Entro dentro de casa e vou logo procurando minha mãe que estava deitada. Dou um beijo em seu rosto e coloco minha mochila em cima do meu colchão.

— Oi, minha filha. Como foi a aula?  — pergunta cansada abrindo os olhos.

— Foi boa, mãe. Por que a senhora está tão abatida? — pergunto lhe observando.

— Eu só fiz a comida e me senti tão cansada de repente. — suspira.

Minha mãe está em um estado terminal de sua doença e qualquer coisa que ela faça se cansa rapidamente.

— Eu ja disse para a senhora deixar que eu faço né? Mãe, você não pode ficar se cansando. Repouso total, lembra? — advirto.

— Sim, minha filha. Mas eu não consigo ficar parada sem fazer nada.

— Te entendo mãe. Mas pô, colabora comigo ta? — peço.

Ela apenas assentiu. Eu estava tirando meu tênis pra ir tomar banho quando ouvi três buzinadas em frente de casa. Eu ja sabia que era o Davi. Minha mãe me olha questionando, ela estava desconfiada de alguma coisa.

Ignorando os olhares questionadores da minha mãe, saiu pra fora para ver o que ele queria.

— Aí aí Davi, o que te manda aqui? — abro o portão me aproximando dele.

— Aí aí Ruiva, nem te conto — desce da moto — Papo reto, patrão me deu vinte mil pra te dar.

Quase morro engasgada com minha saliva. Como assim?

— Como assim, Davi?

— Eu nem sei. Tô tão surpreso como tu. Ele mandou tu e tua coroa mudar lá pra casa na rua principal. Ai deu uns 20 conto pra tu comprar os móveis e tudo que vocês precisar.

Eu tô literalmente no chão.

— Não posso aceitar.

— Laura, tu não tem opção não. Não se fala não para o chefe, cara.

— Mas... como eu vou falar pra minha mãe desse dinheiro? Mudança de casa? Ela já esta mega desconfiada com suas visitas... eu não queria decepcionar ela dessa forma.

— Fala a verdade ué. — diz como se fosse simples.

— Ela me disse que independente da situação para que eu não fizesse isso... — suspiro.

— Laura, olha pra mim — segura meu rosto — Não precisa ter vergonha disso não, cara. Tu tá fazendo o que pode pra dar um final de vida bom pra tua coroa. Ela tem que ter orgulho da filha que ela tem, pô.

— Tenho quanto tempo pra mudar de casa? — pergunto.

— Mudança tá marcada pra hoje. — avisa.

— Hoje? — quase grito, olho o olhar do Davi e me conformo — Ta bom. Que horas?

— Arruma tuas coisas que eu venho te buscar, beleza?

Apenas assenti e entrei para dentro de casa. Minha mente estava tão conturbada.

Como eu vou falar para minha mãe isso tudo?

Ela vai ter vergonha de mim? Vai ter nojo? Vai me odiar?

— Filha — minha mãe chama minha atenção — Aconteceu alguma coisa?

— Vamos nos mudar, mãe. — digo apenas.

— Como assim, filha? O pagamento não estava pago? — pergunta.

— Sim. Mas, vamos nos mudar para uma casa maior e melhor pra você, mãe.

— E como vamos manter essa casa, Laura? — pergunta e eu fiquei em silêncio — Laura, não me diga que você... Meu Deus... você está saindo com esse menino?

— Não, mãe. O Davi é apenas meu amigo.

— Então?

— Sim, eu tô saindo com um deles por dinheiro. — sinto meus olhos arder. Que vergonha dizer isso em voz alta — Eu perdi o emprego na casa da Ju e essa foi minha última opção. — confesso.

— Minha filha — coloca aos mãos na boca — A gente ia dar um jeito...

— Ia, mãe? Que jeito? Eu só tenho 15 anos. Ninguém iria me dar um emprego. Você não pode trabalhar. Era isso ou íamos passar fome. — digo de uma vez.

— Me perdoa — chora — eu não queria que você passasse por isso, minha filha. Você ter que se vender para a gente ter o que comer...  Meu Deus... — chora ainda mais.

— Não precisa me pedir perdão, mãe. Eu tô bem tá? Só não quero ficar tocando nesse assunto. Eu sinto vergonha. Me sinto suja. Sinto tudo de ruim que a senhora possa imaginar. Mas, eu não quero falar disso. — suspiro — Vamos arrumar nossas coisas?

Minha mãe assentiu limpando as lágrimas.

A gente não tínhamos muitas coisas, então não demorou muito para que arrumássemos tudo. Como o senhor chefão deu vinte mil para comprar móveis e afins, não iria levar nada além das roupas.

Davi chegou fazendo aquele barulho de buzina como sempre, antes da gente se mudar para essa tal casa íamos passar em uma loja no asfalto comprar os móveis.

— Pronta, madame? Hoje vou ser seu motorista particular. — Davi diz brincalhão como semprr.

— Bora, Davi. — dou um tapa em seu braço — Já venho, mãe. — dou um beijo se despedindo.

Davi abriu a porta do carro pra mim, eu em. E logo sentou no seu lugar dando partida pro asfalto.

"E o que ela não sabia era que dentro dela existia uma grande mulher."

No Morro - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora