Capítulo 17

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ANNA

Dias depois...

- Então...sua mãe não teve respostas sobre...aquele assunto ainda? – pergunto a Leah quando saímos da aula.

- Não, amiga. Mas ela ficou de ver hoje se tinha alguma coisa, aí te digo quando chegar em casa.

- Tá bom então, obrigada.- digo.

- Já imaginaram quão...bizarro vai ser se realmente o Michael tiver recebido o coração do Andrew? – Clair pergunta – Porque tipo, o Andrew era namorado da Ann e agora ela tá pegando o Michael.

- Eu penso nisso toda hora...e tenho que admitir que é coincidência até demais – pondero.

Se passaram alguns dias desde o episódio de descoberta da doença de Michael, assim como o transplante. Depois de tudo que aconteceu na casa dele entre nós, não dava mais para negar o que estava acontecendo entre a gente e eu nem queria. Michael me mostrou tanto de si mesmo e compartilhamos de algo íntimo demais para simplesmente negar o que aconteceu, algo que ele teve medo que eu fizesse, mas que garanti que nem estava passando pela minha cabeça.

No dia seguinte, ainda havia boatos por toda a escola, além de sussurros e olhares que deixaram o loiro desconfortável, mas ele não teria mais que passar por aquilo sozinho. Ele podia contar não só com Tyler e Isaac, mas comigo, Leah e Clair. Peguei em sua mão e entrelacei nossos dedos assim que chegamos ao colégio e atravessamos juntos o corredor.

Além disso, ele ainda teve uma atitude que só me fez admirá-lo mais ainda. Na hora do almoço daquele dia, a diretora chamou todos ao auditório, pois Michael queria falar conosco. E as palavras que ele usou, não poderia ser mais acertadas e bonitas.

***

- Boa tarde, gente. – disse ao subir ao palco – Todo mundo já soube do que aconteceu comigo e, sinceramente, já não tenho mais nenhuma vontade de esconder. Sim, eu tive Insuficiência Cardíaca e sim, eu realizei um transplante. Graças a isso, eu estou aqui, curado e vivo, tentando recomeçar minha vida aos poucos. Não sou mais a lenda que vocês aprenderam a admirar, mas continuo sendo eu, um adolescente normal, tentando viver uma vida normal. Eu sobrevivi e eu nunca terei vergonha disso. E só quero pedir a vocês que...não me olhem com pena, muito menos com admiração porque nunca fiz nada de tão extraordinário na vida. Se estiverem sensibilizados pela causa da doação de órgãos, pesquisem, incentivem e, se quiserem, sejam doadores. Vidas são salvas por essas atitudes e o verdadeiro herói, que merece admiração e todas as palmas e honrarias não sou eu, mas são as pessoas que deixaram não só eu como um dos meus melhores amigos do mundo inteiro vivermos. Uma salva de palmas para os doadores, onde quer que estejam...- pediu e todos nós entramos palmas para aqueles que são doadores de órgãos e tornando inevitável lembrar do Andrew e do seu desejo de doar seus órgãos.

***

Fiquei mexida com a fala dele sobre os doadores e é óbvio que Clair e Leah perceberam, porque vieram me perguntar a respeito e não tive como negar a elas. Acabei contando tudo sobre a doação de Michael e sobre ter acontecido no mesmo dia que Andrew morreu. Assim como eu, elas também ficaram intrigadas e vínhamos conversando sobre isso há dias, não deixando que os garotos percebessem, porque não queríamos que eles criassem expectativas em algo que só poderia ser uma simples coincidência mesmo.

E é claro que elas ficaram radiantes quando disse, depois delas me obrigarem a dar os detalhes, que eu e Michael nos acertamos. Segundo elas, depois de tudo que a gente passou, o mínimo que merecíamos era estar juntos. A gente era o par perfeito, segundo elas. E eu acreditava.

Meu coração é seu| Trilogia Curados- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora