Capítulo 28

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ANNA

Não consigo evitar que meu olhar se direcione para os seus lábios, muito menos que se demore ali, naqueles lábios que eu nem sabia que queria efetivamente sentir o gosto até aquele dia, naquela festa, quando eu praticamente lhe dei passe livre para me beijar. Encarar ele assim, em cima de mim, também me faz lembrar de todas as vezes que fizemos sexo, suas mãos em mim e seus beijos que me faziam sentir tão amada.

Sentir seus braços ao meu redor me faz lembrar do aconchego que eu sempre sentia quando ele me abraçava, desde que nos encontramos pela primeira vez e ainda agora, mesmo separados. Quase sinto vontade de chorar por estar dentro do seu abraço depois de todo esse tempo, por tê-lo tão perto de mim depois de um mês afastados.

Um mês afastados...

Porque ele decidiu assim. Porque o Michael decidiu, sozinho, que não me ter na sua vida era melhor que me ter e me ver partir, deixando-o com um coração partido. Ele preferiu quebrar o meu coração a ter o seu quebrado outra vez, quando a minha intenção sempre foi colar cada pedaço e jamais me afastar dele.

Eu poderia dar o braço a torcer e beijá-lo agora mesmo, poderia dizer que estou perdidamente apaixonada por ele e que todo esse tempo não diminuiu em nada o que eu sinto, mas só aumentou de maneira absurda. Mas quem me garante que mesmo com todas as palavras bonitas que eu disser, com todas promessas e declarações, ele não vai me abandonar outra vez, por medo?

Quem me garante que, mesmo que eu tenha a plena confiança no que eu sinto e em nós dois, ele terá a mesma? Já aceitei o risco e me joguei de cabeça uma vez e quebrei a cara, não estou pronta para passar por isso de novo.

- Tá bom, Michael. Já pode sair de cima de mim agora. Eu tô bem. – peço o tirando de cima de mim.

- Tem certeza? Não ralou nada? – pergunta me analisando com atenção.

- Não. Eu tô bem! – digo me afastando dele e tratando de manter a distância, pro meu próprio bem. Michael começa a rir. – Do que você está rindo?

- Foi assim que a gente se conheceu, lembra? Eu te salvei de ser atropelada, lá no centro. Parece que a história tá se repetindo. Com a única diferença que agora, nós não somos mais estranhos.

- Eu preferia que a gente ainda fosse...- confesso suspirando e olho para o lado, mas Michael não escuta.

- Alguém...vem te buscar? – Michael pergunta ainda tentando estabelecer alguma conversa comigo.

- Eu...vou ligar pro meu pai, na verdade. E se ele não puder,eu chamo um Uber mesmo.

- Anna, o treinador Clark me deu carona hoje pra cá e vai me levar em casa. Se você quiser, a gente pode te levar, sem problemas.

- Vem cá, por que você decidiu se importar tanto comigo depois desse tempo todo? – pergunto sentida.- Você passou um mês inteiro sem nem olhar na minha cara, depois de tudo que a gente viveu juntos e agora, do nada, num passe de mágica, resolve voltar a conversar comigo?

- Eu sempre me preocupei com você, Anna. Por isso me afastei. Eu não tava pronto pra...ter um relacionamento com alguém e não achei que você merecia a bagunça que eu era.

- Você nem sequer me deixou descobrir se era ou não o que eu queria! Você nem deu uma chance pra nós dois.

- Mas agora eu tô disposto a dar.

- Só que agora, quem não tá sou eu! Não sou uma das bonequinhas que vivem na sua órbita, só esperando pra serem notadas pelo grande Michael Mower. Eu sou mais do que isso.

- Eu sei disso.

- E mesmo assim ficou com medo de eu fazer que nem a Brittany. – falo. – Olha, Michael, acho que a gente não daria certo mesmo.

Meu coração é seu| Trilogia Curados- livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora