Codinome Beija-Flor

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💜 Esse conto se passa no século 19. Na era vitoriana, pra ser mais específica. 💜

*se quiserem uma música de fundo pra lerem, recomendo Codinome Beija-Flor, do Cazuza.
Boa leitura e mto obrigada por estarem me lendo <3

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Inglaterra, 1° de julho de 1874

Tabaco; vinho; mar; Sirius Black... Remus não sabia dizer qual dos quatro cheiros predominava mais no ambiente ao seu redor. A única coisa que o jovem lorde sabia era que ambos os quatro eram iguais em intensidade, e ambos os quatro tinham o poder de fazê-lo se sentir embriagado, dominado e inteiramente subjugado a eles e suas vontades.

Os caracóis de fumaça saíam do charuto e permaneciam no ar por alguns segundos. Depois, evaporavam na noite. Desapareciam no céu azul-escuro como espectros fantasmagóricos desaparecem nas sombras em histórias de terror.

Remus não sabia mais dizer se aquela sua comparação fazia algum sentido ou se simplesmente o vinho já lhe tinha subido à cabeça.

O cheiro do tabaco também parecia estar deixando-o tonto, o fedor se entrelaçando em cada linha do tecido caro e macio de suas roupas. Nem era ele quem estava fumando, mas ele sabia que jamais conseguiria convencer sua mãe disso.

O menino dos cabelos castanhos-dourados se perguntava como o garoto sentado ao seu lado, que era quem realmente fumava, não ficava atordoado com aquilo. Se o aroma já o dava náuseas, imagine o sabor, a sensação de tê-lo entre os lábios?!

Porém, querida, quando o jovem lorde Remus Lupin olhava para aquele outro jovem lorde, via somente a personificação da tranquilidade e despreocupação.

O garoto estava com as costas encostadas nas pedras atrás deles, uma mão posicionada preguiçosamente por trás da cabeça e a outra segurando o charuto com a delicadeza de um beija-flor.

A perna esquerda repousava sobre a direita e o pé esquerdo balançava no ritmo que o menino preferia. No ritmo do mar.

Por fim, seus olhos estavam fechados, os longos cílios negros descansando na maçã de seu rosto.

Os caracóis de seus cabelos eram muito mais densos e escuros que os da fumaça, e Remus não precisava de vinho pra comparar aqueles cachos a coisas surreais como fantasmas em histórias de terror. Toda vez que olhava para aquele garoto, Remus naturalmente pensava em coisas surreais. Embriagado ou sóbrio. Sirius Black tinha esse poder sobre ele. Não precisava de explicação. Ele apenas tinha.

- Quando vai parar de me encarar, estranho? - o lorde Lupin que tinha fios de cabelo da cor de fios de ouro, daqueles que se usa no pescoço com um pingentinho, se sobressaltou ao ouvir a voz atraente e manhosa de Sirius lhe perguntar aquilo.

- Quem disse que eu tô te encarando, egocêntrico narcisista? - Remus retrucou.

- Consigo enxergar o brilho dos seus olhos mesmo com os meus fechados.

- Um mês juntos e eu só fui descobrir agora que meu namorado é um poeta. - Remus ironizou, estendendo a mão e tirando uma mecha encaracolada da testa de Sirius.

O Lupin dos olhos verdes meio caramelizados ouvia o som constante das ondas do mar batendo contra os rochedos no qual ele e seu companheiro estavam acomodados. A canção hipnotizante e assustadora da fúria das águas enchia toda a praia e era o único som, além das vozes deles dois, que Remus escutava. Afinal, a praia estava deserta aquela hora da noite, exceto por eles e, bom... o mar.

Às vezes, as ondas se chocavam contra as pedras com tanta força que várias gotas geladas respingavam no casal de garotos apaixonados.

O cheiro do sal entrava em seu nariz, fazia seus olhos arderem e, quando os fechava, Remus conseguia imaginar que estava num navio, com Sirius ao seu lado, viajando em meio aos oceanos sem fim para alguma terra tão distante que talvez ainda não tivesse sequer sido mapeada pelos cartógrafos.

Dimensão [Wolfstar]Onde histórias criam vida. Descubra agora