• Capítulo Cinquenta-Seis - Me diga que agora está tudo bem

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• ARIANA GRANDE •
— Toronto, Canadá.

Não sei quanto tempo eu havia chorado depois da minha conversa com o Justin, aquela em que ele me deixou com a Emily e sumiu para o escritório. Mas eu sabia que havia chorado o suficiente para que meu rosto ficasse inchado completamente e eu optasse por ficar sozinha, embora a minha melhor amiga tenha me oferecido todo o apoio do mundo.

Como o esperado, eu sabia que essa noite não dormiriamos juntos no quarto que eu havia redecorado com todo o carinho para que fizesse com que nós dois sentissemos que estávamos novamente juntos e principalmente, em casa. Então, eu abandonei tudo lá no quarto dele e fui para o que eu costumava chamar de meu.

Embora, nada mais aqui pareça ser meu e esteja me sentindo mais deslocada nessa casa do que nunca.

— Ariana? — Ouço a voz do Justin atrás da porta sendo seguida por batidas.

— Vai embora. — Minha voz soa trêmula.

Ver ele dói e principalmente, falar com ele agora sei que vai doer demais e eu acho que já chorei o suficiente por hoje.

— Precisamos conversar. — Ele diz, após abrir a porta e entrar mesmo sem ser convidado.

— Eu não quero falar com você, seu filha da puta egoísta. — Eu o xingo.

— Pode me xingar se quiser, mas vamos fazer isso. — Ele fecha a porta atrás de si e caminha em minha direção.

— Eu não quero falar com você. — Eu digo em voz alta, agradecendo pela minha voz soar um pouco mais firme.

— Mas vamos conversar. — Ele se senta na cama e eu me encolho um pouco para que ele não encoste em mim. — Era o que você queria não era?

— Prefiro não conversar com você se tudo o que você tiver para me dizer são acusações! — Retruco.

— Você tem que entender que é forte demais para mim estar na minha própria casa, receber um bilhete daqueles do meu maior inimigo endereçado a minha esposa. — Ele suspira. — Você não pode me julgar por reagir daquela forma.

— E eu tenho culpa de ter recebido aquele bilhete? — Eu indago. — Me diga como eu poderia ter entrado em contato com ele sendo que sequer tenho um telefone ou sequer saio dessa casa?

— Saiu com a Emily.

— Para ir ao shopping, comprar coisas para decorar o quarto que pensei ser nosso e ela acabou por me convencer a comprar a primeira roupa do nosso bebê. — Minha voz volta a ficar trêmula, enquanto eu luto contra a vontade de voltar a chorar. — Ela não saiu do meu lado nem por um segundo, então como eu falaria com ele?

— Você pode ter feito isso antes. — Sua calma me estressa. — Então preciso que me diga se o fez.

— Eu já disse que não! — Me altero. — Eu não fui atrás do Zokov, não aceitei a aliança que ele me propôs na Itália, sequer pensei em o fazer e se você prestasse um pouco mais de atenção no que ele escreveu naquele bilhete antes de me acusar, veria que ele estava me propondo novamente.

— Isso pode ser apenas uma jogada de marketing, fingir que você não havia aceitado nada enquanto ele esta te lembrando do acordo que vocês já tem! — Ele retruca. — Afinal, depois daquela entrevista que demos, talvez ele só queira garantir com quem está a sua lealdade.

— Minhas formas de te explicarem isso estão se esgotando! — Eu choro. — E eu não vou nem tentar mais, já está na cara que você não acredita em mim.

— Você não sabe o que diz..

— Não, é você quem não sabe o que diz aqui! — Protesto. — Você já deixou tudo claro o suficiente naquela sala, para mim e para a Emily.

— Sei que a minha reação fodeu com tudo, mas não é para você ficar desse jeito. — Ele me analisa. — Eu só estava puto, pensando em um monte de coisas.

— Todas as vezes em que estamos bem, em que tudo está dando certo para nós, algo acontece e acaba com tudo. — Eu soluço. — Eu estou cansada, eu sei que eu errei com você, mas me diga o que eu tenho tentado fazer todos esses dias se não for tentar reparar os meus erros com você?

Ele fica em silêncio, sabe que eu tenho razão.

— Eu praticamente fodi a minha imagem para salvar a sua, e beleza, eu sei que eu não teria que fazer isso se não tivesse jogado contra você no início, mas você precisa entender que eu não posso mudar o passado. — Eu suspiro, tentando me acalmar. — Tudo o que eu tenho é o presente, só posso consertar as coisas.

— Eu entendi. — Justin suspira. — Me desculpe pela minha reação, não quero que você se estresse, isso não faz bem para você e nem para o bebê.

— Você não pode agir como quiser comigo e esperar que eu fique bem. — Eu o acuso. — Achei que tínhamos chegado em um acordo.

— E chegamos. — Ele me olha nos olhos. — Você me disse que não procurou o Zokov e isso basta.

— Podia ter bastado aquela hora e ter poupado tudo isso! — Eu tento limpar as minhas lágrimas que ainda insistem em descer.

— Me desculpa. — Ele pede, sem vergonha. — Como eu disse, somos um caos.

— A gente só podia continuar tentando não se destruir no processo em que estamos tentando nos consertar, certo?

— Por que acha que eu vim até aqui? — Ele me responde com outra pergunta. — Queria garantir para você que está tudo bem, voltamos o nosso combinado original, se você ainda quiser, claro.

— Sabe que estar com você é tudo o que eu sempre quis. — Olho em seus olhos. — Já errei tantas vezes e você também, por que não arriscar mais uma quando podemos fazer dar certo?

— Eu estou aqui, me desculpe. — Justin se aproxima mais de mim, para limpar as minhas lágrimas. — Me diga que agora está tudo bem.

— Está tudo bem. — Garanto enquanto o puxo para um abraço. — Eu fiquei com tanto medo.

— Medo? — Ele ri. — Achei que estava me odiando.

— Fiquei com medo de perder você, de que você voltasse a me odiar e não acreditasse em mim. — Eu o aperto forte e ele faz o mesmo. — Eu não quero te perder e estou fazendo tudo o que eu posso para te mostrar que a gente junto vale a pena, que eu valho a pena.

— Eu estou aqui. — Ele garante antes de me puxar para um beijo.

Justin está aqui e tudo parece tão certo, mas meu coração definitivamente ainda não está em paz.

COLD BLOOD [3]Where stories live. Discover now