• Capítulo Oitenta - Fique longe da guerra

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• ARIANA GRANDE •
— Moscou, Rússia.

Meu pai havia hesitado sobre abrir os portões, mesmo após as insinuações de Justin. Mas eu conhecia o meu marido o suficiente para saber que aquilo não era blefe, ele sacrificaria quantas vidas fossem necessárias para chegar até nós e honestamente, a vida de outras pessoas não eram a minha prioridade agora, não importava quantas delas iriam ser perdidas.

Mas eu também sabia que não poderia deixar de intervir nisso, não poderia deixar que a minha irmã — a mulher que me apoiou, me ajudou e fez com que eu me sentisse em casa durante todos esses meses — perdesse o homem que ela ama quando eu estou prestes a perder o meu.

Pelo menos uma de nós merecia o seu final feliz. Ou pelo menos, eu deveria tentar dar isso a ela.

— Jamais vou permitir que ele entre nessa casa, não com vocês duas aqui! — Meu pai esbraveja. — Me desculpe, Angel, mas a vida de um homem não é nada se isso significar que vou manter vocês duas a salvo.

— Mesmo se for o homem que eu amo? — Angel chora desesperadamente. — Justin vai mata-lo e ele não merece morrer por nossa causa.

— Temos que deixar o Justin entrar.

— O que? — Meu pai me olha incrédulo. — Você só pode estar brincando.

— Justin vai cumprir com o que disse e nós todos sabemos disso, mas a vida de Aaron será poupada se ele conseguir o que ele quer.

— Ele quer a mim e a você.

— Eu sei, pai. — Suspiro.

Sabia que estava colocando tudo em jogo, mas como ser egoísta com a minha irmã depois de tudo?

— Acha que a vida dele vale mais do que a minha, da Ariana ou do bebê que ela espera? — Ele se vira para Angel, alterado. — É isso mesmo que você acha?

— Não faça isso com ela! — Eu brigo.

— A vida dele vale tanto quanto a de vocês para mim. — Angel abaixa a cabeça.

Sei que ela está passando um momento difícil, como escolher quem vai ou deve morrer entre as pessoas que amamos?

Nunca deveríamos ter que fazer essa escolha, é uma pena que nesse mundo tenhamos que a fazer, e agora chegou a hora da Angel. Mesmo que a decisão não estivesse mesmo em suas mãos, então ela só podia implorar para que nosso pai decidisse manter Aaron vivo e rezar para que nós também pudéssemos sair dessa com vida.

— A vida dele não vale mais do que a de vocês, não para mim. — Ele está irredutível.

— Não importa qual vida vale mais para quem. — Eu digo, séria. — Aaron agora faz parte dessa família tanto quanto qualquer uma de nós e se tem uma coisa que eu sei é que nós protegemos a família.

— Obrigada. — Foi tudo o que Angel disse ainda chorando quando eu mesma apertei os botões que abriam os enormes portões.

Meu pai sequer teve tempo de reunir forças para brigar comigo, ele apenas suspirou pesado, entendendo as minhas razões e principalmente, as da Angel.

Ele já havia amado alguém tão forte assim, tanto quanto Angel ama Aaron e eu amei Justin. Sabia que ele teria feito qualquer coisa para impedir a morte da minha mãe, então não poderia nos culpar por estar evitando que Aaron morresse, principalmente por causa de uma guerra que nunca foi dele.

— Fique longe da guerra. — Meu pai ordena. — E isso serve para as duas.

— Sabe que não poderei fazer isso por muito tempo, porque ele também quer a mim.

— Então evite o máximo que puder. — Meu pai me lança um olhar e um meio sorriso. — Nos vemos em breve.

Ele pega sua arma e caminha em direção a porta de entrada, indo junto com os seus homens em direção a equipe de Justin que agora vejo pela janela que está preenchendo o gramado verde.

— O que vai acontecer? — Angel volta a chorar.

— Espero que haja uma tentativa de diplomacia antes dos tiros começaram. — Sou sincera enquanto analiso as coisas.

Não há nenhum sinal de Emily ou Ryan,  o que instantaneamente me faz pensar que talvez eles não estejam aqui porque ela tenha dado a luz, isso sem dúvidas me faz sorrir apesar das circunstâncias.

Justin parece estar falando com Zokov, mas seus olhos buscam algo no meio daqueles rostos e eu arrisco a dizer que ele está procurando a mim. Mas o que me deixa mais inquieta e nervosa é ver que assim como Caitlin, Justin também trouxe Jeremy.

— Por Deus! — Ela está desesperada.

— Sei que você odeia isso, Angel. — Eu entrego uma arma para ela. — Mas você precisa me ajudar, eu não posso fazer isso sozinha agora.

— Tudo bem, tudo bem. — Ela não hesita em pegar a arma e enxugar suas armas. — Tudo isso é culpa minha.

— Não, tudo isso é culpa minha. — Eu pego uma arma e encho meus bolsos com algumas munições. — Mas agora não é hora para lamentações e nem de achar culpados, precisamos estar prontas.

— Ele está sozinho lá fora. — Ela continua espiando pela janela. — Eu estou com tanto medo, Ariana.

Angel durante todos esses meses tentou me ajudar de todas as formas possíveis, me dava esperança, paz e segurança. Mas só agora eu havia percebido que ela só conseguia ter tudo isso quando se sentia em absoluta segurança, porque quando as coisas davam verdadeiramente errado, era difícil para ela manter a cabeça no lugar.

— Há uma equipe com ele e ele já foi para outras guerras antes e voltou, agora não será diferente. — Eu garanto a ela. — E meu pai deve chegar a qualquer momento com o restante dos homens.

— Eu estou com tanto medo!

— Angel, me escuta. — Me viro para ela, séria. — Se lembra de quando foi até a minha casa com o Justin e tinha toda aquela pose de vadia do mal?

— Lembro.

— Preciso que seja essa Angel agora, porque não posso sustentar meus medos e os seus! — Desabafo. — Eu mal estou segurando a minha onda aqui.

— Aquilo era só uma ilusão, uma visão de ótica, não era real, era apenas eu fingindo e seguindo ordens do Arthur.

— Então agora siga as minhas. — Eu olho em seus olhos. — E finja tudo de novo.

— Tudo bem, eu prometo. — Ela se recompõe. — O que vamos fazer até o Edward chegar?

— Só vou sair daqui se for realmente necessário e você também. — Digo firme.

— Estamos juntas nessa, eu prometo.

COLD BLOOD [3]Onde histórias criam vida. Descubra agora