CAPÍTULO 16 - A REUNIÃO SECRETA

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O relógio badalava próximo a meia noite quando sai do salão comunal indo em direção ao antigo banheiro abandonado das meninas do andar superior. A propósito, o que não fica no andar de cima não é mesmo? Afinal, a casa da Lufa-lufa foi projetada para imitar a toca de um texugo.

Mas aproveitando que alguns alunos partiam em direção a torre de astronomia para ter aula com meu pai, ou meu tio Guy, tanto faz. A questão é que ele era o único professor disposto a acordar no meio da noite com tanta disposição para ensinar alunos tão birrentos, e para minha sorte a aula de astronomia (única ministrada em período noturno), me servia como álibi perfeito para sair tão tarde da noite. Se me parassem, poderia dizer que estava em aula, se dissessem que não era aula da lufa-lufa poderia simplesmente dizer que estava indo ver meu pai.

Mas, por que o banheiro feminino? Marcamos uma reunião do clube das meninas para investigar o caso do professor Orochimaru, Neji concordou em fornecer informações, mas não poderia fazê-lo ao ar livre. Fiquei responsável então por mostrar a ele a localização da sala precisa, o que é bem estranho pra mim, saber algo que ele não sabe... Talvez por isso minhas mãos formigavam um pouco. Meu estômago embrulhado. Eu estou ansiosa? Não importa. O que importa é que cheguei enfim ao ponto de encontro. A missão até ali fora um sucesso completo não fui interceptada nenhuma única vez pelo caminho.

Girei a maçaneta com cuidado tentando ao máximo evitar qualquer mínimo ruído das dobradiças velhas, e um vento frio percorreu minha espinha quando pude jurar ter ouvido o gato do zelador Danzo ronronando a uma porta de distância. Mais uma suspensão em um intervalo de tempo tão curto poderia me expulsar da escola. Ou pior, matar meu pai do coração. E para onde eu iria? Tudo que eu tinha estava ali dentro daqueles muros. Entrei esbaforida banheiro adentro. Não quero pensar nisso.

O cômodo era completamente desprovido de iluminação própria, a única coisa que me impedia de tropeçar e cair na primeira privada que aparecesse pelo caminho era a fraca luz do luar que entrava por uma das poucas janelas que não estava emperrada.

Minhas mãos suavam. Resolvi lavar minha nuca na torneira mais próxima quando ouvi uma voz masculina sussurrar em meu ouvido.

–– Já passou da hora de dormir.

Meu corpo se arrepiou por inteiro, quando em reflexo deferi um soco que parou a milímetros do par de olhos perolados, meu braço contido magicamente por uma orla de vento que segurava minha mão.

–– Você nunca pensa em usar sua varinha para se defender?! - ele disse desfazendo o feitiço que me prendia.

Num movimento rápido saquei a varinha que prendia meu coque, empurrando Neji com o braço esquerdo até que suas costas se chocasse contra a parede. A varinha na mão direita agora apontada para sua garganta.

–– Se eu usasse minha varinha, você já era.

Ele não disse nada. Aquele olhar cor de luar apenas me encarava espantado.

–– Você tem belos olhos.

Idiota. O que ele pensa que estava fazendo.

–– Valeu, os seus também são.

A voz atrás de mim falou baixa, quase preguiçosa.

–– Shikamaru!!! - dissemos juntos nos virando para o garoto encostado de braços cruzados em um dos batentes.

— Caramba! Vocês tão falando muito alto pra quem queria namorar escondido – ele disse enfiando o mindinho no ouvido como se estivesse com dor. Que dramático, Temari tem razão. Ele é mesmo um bebê chorão.

— E se eu sai para namorar escondido, porque diabos você veio atrás de mim? - a confusão devia estar estampada em meu rosto porque ele logo completou - não que isso seja uma confirmação.

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