Capítulo Sete

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BELLA

O mundo girava em câmera lenta. Ou era assim que parecia ser; na verdade, era apenas a minha mente veloz, com muito espaço extra, e meus olhos que captavam cada detalhe, cada fiapo de poeira que se agitava no ar, cada respiração tranquila e constante.

Eles estavam ali diante de mim, como um grande quadro colorido, iluminado pela luz fosca da manhã que entrava pelas janelas no alto do domo sobre nossas cabeças. - Assim como naquele dia no refeitório, vislumbrá-los era como estar sonhando. Suas peles cintilavam discretamente, suas belezas eram de outro mundo. A diferença agora era que eu era tão pálida e brilhante quanto eles, portanto, todos olhavam diretamente para mim, sem rodeios. Ali, naquele torreão, éramos iguais, finalmente. Éramos imutáveis e imortais. E, nossa!, como os meus olhos humanos eram realmente horríveis, incapazes de captar tamanha perfeição de seus traços. Lembrou-me da vez em que vi o rosto de outro vampiro pela primeira vez com os meus novos olhos, chocada com os detalhes que antes não eram evidentes. Olhar para os sete era reviver tais sentimentos de incredulidade, admiração e curiosidade.

Mas tudo isso foi apenas um momento de devaneio, afinal, eles eram somente novos para mim, principalmente com os seus olhos dourados que refletiam a luz como se fossem feitos de ouro líquido. A minha mente tentava comparar os seus "novos" rostos com as lembranças turvas e incertas de vários anos atrás, sem êxito. E então, a confusão tomou conta de cada canto da minha nova mente, me paralisando no lugar. - O que eles estavam fazendo ali? Como chegaram ali? - O pânico tomava conta de mim. - Como Aro encontrou eles eles? E por que procurou eles? Não entendo, nós tínhamos um trato! Se eles estão aqui...

Enquanto a minha mente vasta se preenchia daqueles questionamentos desnorteados e desesperados, meus olhos analisavam cada um de seus rostos com mais atenção, procurando alguma resposta para além da aparência encantadora. Mas os únicos indícios de que algo estava fora do lugar eram suas expressões de desconforto e olhares que gritavam pedidos de desculpas.

Mais questionamentos: desculpas pelo quê? O que eles acham que fizeram de errado? Era eles que não deveriam estar ali! Por quê...?

Então meus olhos saltaram para Aro, sua postura rígida e olhos atentos em mim, como se esperasse uma reação, e eu entendi. E era tão óbvio que me senti a pessoa mais burra e ingênua da face da terra, mais do que cada humano que serviu, serve e servirá a este castelo em troca de ter suas esperanças vãs atendidas, mais do que Jacob e a luta para me manter ao seu lado como sua companheira, mais do que a minha peleja para permanecer viva e segura em um mundo cercado pelo sobrenatural que me perseguia até que o meu coração parasse de bater. - Estava mais do que claro para todo mundo ver que eu havia caído na armadilha de Aro, tudo porque o meu desespero falou mais alto.

O que esperar de um acordo feito com chantagens e ameaças?, uma vozinha sussurrou dentro de mim. Se Aro fosse tão honrado com as suas promessas, teria respeitado a lei desde o início e dado cabo a você e à Natalie, não teria? Vocês eram uma ameaça ali, as humanas que sabiam demais. Nenhuma ponta solta, querida. Ninguém seria poupado. Nem mesmo o seu sacrifício eliminaria este delito.

Ninguém seria poupado...

E agora isso? Uma mentira e uma armadilha? Eliminação em massa? Era esse o fim deles, dos Cullen? Eu teria que assistir eles serem penalizados e dizimados?

Aro prometeu o perdão. E se ele prometeu, eles não deveriam estar ali. Convite de amigos?! Era o que Aro tinha dito. Isso era coincidência demais.

Ele prometeu.

Senti o meu corpo inteiro vibrar, ainda com o olhar sobre Aro. Minha visão escureceu e se tornou vermelha como o sangue de cada um dos humanos com os quais fui alimentada.

Depois do CrepúsculoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant