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meu pai se sempre dizia que a melhor maneira para aprender uma profissão épassar cada segundo observando alguém a exercendo.
“Para conseguir chegar ao topo, você precisa começar lá embaixo”, ele me
disse. “Seja a pessoa sem a qual o CEO não pode viver. Seja seu braço direito.
Aprenda tudo sobre seu mundo, e ele irá te contratar assim que você
receber o diploma.”
Eu me tornei indispensável. E definitivamente me tornei o braço direito.
Acontece que, neste caso, o braço direito frequentemente queria estrangular o
pescoço daquele maldito.
Meu chefe, o sr. Vegas Sumettikul. Um cretino irresistível.
Meu estômago se embrulha só de pensar nele: alto, bonitão e completamente
cruel. Ele era o babaca mais egocêntrico e convencido que eu já tinha
conhecido. Eu ouvia as outras mulheres do escritório fofocando sobre suas
escapadinhas e ficava pensando se um rosto bonito era tudo que ele precisava.
Mas meu pai também dizia:
“você vai perceber cedo na vida que a beleza é apenas superficial, mas a feiura
se estende até os ossos”. Eu tive minha quota de homens desagradáveis nos
últimos anos, namorei alguns no colegial e na faculdade. Mas esse foi o campeão.
– Olá, pete. sr. Vegas estava de pé ao lado da porta da minha sala, que
servia de recepção para o escritório dele. Sua voz estava melosa, mas era uma
doçura toda errada... como mel que foi congelado e que agora estava
começando a rachar.
Depois de derramar água no meu celular, deixar cair meu par de brincos na
lixeira, receber uma pancada na traseira do meu carro na via expressa e ter de
esperar a polícia para ouvir aquilo que eu já sabia – que a culpa foi do outro
motorista –, a última coisa que eu precisava naquela manhã era aguentar o mau
humor do sr. Vegas . Pena que ele não tem nenhum outro tipo de humor.
Eu respondi o “Bom dia, sr. Vegas ” de sempre, esperando que ele respondesse
com seu habitual aceno de cabeça. Mas, quando eu tentei passar, ele murmurou:
– Bom dia? Será que você não quer dizer “boa tarde”, Pete ? Que horas são
nesse seu mundinho?
Eu parei e encarei de volta seu olhar gelado. Ele era uns bons vinte centímetros mais alto do que eu, e, antes de trabalhar para ele, eu nunca tinha me sentido tão
pequeno. Fazia seis anos que eu trabalhava para a Sumettikul Group, a BSG.
Mas, desde o retorno do sr. Vegas  para a empresa de sua família, há nove meses,
eu começara a usar salto(sim, o Pete  usa salto nessa adaptação)alto para poder encará-lo no mesmo nível. Mesmo
assim, ainda precisava levantar o queixo para olhar em seus olhos, e ele
claramente sentia satisfação com isso, deixando escapar um certo brilho
naqueles olhos castanhos.
– Tive uma manhã meio desastrosa. Não vai acontecer de novo – eu disse,
aliviada por minha voz sair sem tremer. Nunca me atrasei antes, nem uma vez,
mas é claro que ele tinha de fazer uma cena na primeira vez que aconteceu.
Passei por ele, guardei minha bolsa e o casaco no armário e liguei o computador.
Tentei fingir que ele não estava ali de pé na frente da porta, assistindo a cada
movimento meu.
– Uma “manhã desastrosa” é uma descrição muito apropriada para o que eu tive
de passar com a sua ausência. Tive de pedir desculpas a Korn Schaffer por ele
não ter recebido os contratos assinados quando prometido: às nove da manhã, no
horário da costa leste. Tive de ligar para Gun Beaumont pessoalmente para
confirmar que iríamos sim prosseguir com o trabalho como descrito. Em outras
palavras, fiz o seu trabalho e o meu nesta manhã.
Tenho certeza de que, mesmo com uma “manhã desastrosa”, você conseguiria
chegar às oito. Tem gente que começa a trabalhar antes mesmo do café da
manhã.
Levantei a cabeça para encará-lo enquanto ele me julgava com os braços
cruzados acima do peito grandioso – e tudo por eu estar apenas uma hora
atrasada. Então desviei os olhos, para não ficar encarando a maneira como o
terno escuro e bem cortado envolvia seus ombros largos. No primeiro mês em
que trabalhamos juntos, houve uma convenção e fiz a besteira de visitar a
academia do hotel – dei de cara com ele sem camisa e todo suado ao lado de
uma esteira. Ele tinha o rosto que qualquer modelo gostaria de ter e o cabelo
mais incrível que eu já vi em um homem. Cabelo de quem acabou de transar.
Era assim que as garotas do andar de baixo chamavam aquele cabelo e, de
acordo com elas, o título era bem merecido. A imagem dele passando a
camiseta no peito ficou para sempre marcada na minha memória.
Mas, é claro, ele teve de estragar o momento abrindo a boca: “É bom ver que
você finalmente está tomando interesse em cuidar do seu corpo,pete

cretino irresistível ( Vegaspete adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora