Profundezas 01

4K 607 382
                                    

Inferno.

Profundezas; um lugar denominado pelos cristãos, dizem-lhes sobre os pecadores e imundos que estão sofrendo de tormentos nesta terra e que são maus vão direto para as profundezas quentes e em chamas do fogo do inferno. No entanto, diziam que os pecadores, juntamente com o diabo e seus anjos seriam eternamente castigados após o julgamento final, castigo esse que até hoje os humanos não sabiam qual.

Havia até mesmo quem pregasse certas palavras para seus fiéis seguidores, como: “Melhor é para ti, aleijado, coxo e cego, entrares no reino de Deus do que ires para o inferno”. Por vezes, acrescentavam ainda mais sobre o submundo.

Para o fogo que nunca se apaga.

E, de fato, nunca se apagava. Jimin sabia disso muito bem, pois, acabara nascendo de um relacionamento entre os dois maiores demônios existentes: Yoongi e Aélis. Seus pais nada mais eram que os comandantes daquele lugar com cheiro de enxofre e gritos de desespero, onde almas que cometeram um mal tão grande sofriam os piores castigos que o submundo poderia ter.

Era uma terra triste e com muito sofrimento, como todos diziam. Mas não foi por isso que Jimin saiu das profundezas infernais. Não mesmo. Seus motivos eram grandes o suficiente para ter ido embora com somente quinhentos anos quando chegou a Terra, dando, de fato, início a sua vida.

Com um copo de whisky em sua mão, Park caminhava com seu terno completamente preto, em que somente sua gravata que era vermelha. Ele passava olhando ao redor, observando as pessoas que riam e bebiam como se aquele fosse seus últimos momentos. E até poderia ser. Não se sabe o que o futuro reservava, por isso, Park apenas dava de ombro para essas festas fúteis que os nobres davam com o único intuito de socializar entre eles e colocar a fofoca em dia.

Patético.

Esses seres eram patéticos.

Acreditava que os anjos eram ainda mais, pois, seguiam estritamente as regras e nunca se deixavam levar. Park acabou criando um ódio por eles quando o reino Ametista começou a se erguer e prosperar, se aproveitando da primeira oportunidade que tiveram para colocar o feiticeiro para fora das terras afirmando que ele sujava a pureza do reino com sua magia errante.

O que, em sua concepção, era pura hipocrisia, já que, antes mesmo deles aparecerem, Park já morava naquelas terras, mas, não se importou quando o falecido rei chegou tomando conta de tudo. Quase houve uma briga entre Jimin e o antigo rei de Ametista, se não fosse pelo jovem príncipe — que ainda tinha esse título na época — o feiticeiro não teria nem mesmo ido morar nas florestas mágicas de Ametista, que passou a ser sua como condição de que não colocaria seus pés imundos no reino.

Imundo.

Era assim que denominavam o Park.

Nem mesmo os filhos da noite eram chamados daquele jeito, simplesmente por serem mais populosos que os manipuladores de magia. Park era o único feiticeiro vivo.

O único que já viveu naquelas terras por mil anos.

Cansado daquela situação e de estar numa festa na qual só foi chamado por ser um nobre também, colocou o copo vazio na bandeja quando o garçom transitou ao seu lado, passou a mão em suas vestes, começando a caminhar com sua bengala preta de ponta prateada que servia somente de enfeite, porque ele não precisava, realmente. Suspirou baixo quando sentiu um esbarrão em seu corpo que quase o levou a cair no chão se não fosse pelo seu equilíbrio perfeito.

— Perdoe-me. Não havia visto você. — Aquela voz. Park conhecia muito bem aquela maldita voz.

— Senhor Jeon — cumprimentou, frio.

Liberta-me Para Que Vivas °JikookWhere stories live. Discover now