Cicatrizes 02

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— O senhor me ajudou, Park? — Jungkook perguntou com a voz baixa, encarando os olhos roxos que não desviavam dos seus.

— Não digo ajudar, mas, sim, fazer um favor — falou, o rei, que estava sujo pelo próprio sangue. — Me diga, quem fez isso com você? Qual filho da luz foi capaz de perder o controle desse jeito, a ponto de mordê-lo até deixá-lo inconsciente?

Jungkook desviou o olhar para sua blusa branca, agora manchada pelos vestígios rubros. Acabou por soltar um suspiro baixo, achando melhor negar-se a dizer algo.

— Jante comigo, senhor Park. Assim podemos conversar melhor. — Se levantou. — Espere-me lá fora. Vou apenas tomar um banho e tirar essas vestes sujas — proferiu já adentrando o banheiro de seu aposento. Jimin piscou, se virando para ir embora.

Não ficaria para jantar com ninguém, não havia sido esse o trato.

Anjos…

Isso que dava fazer acordo com anjos!

Colocou sua mão na maçaneta e abriu a porta, dando de cara com Bela, que tinha as orbes arregaladas e o corpo inclinando para cima na tentativa de ver o que havia acontecido com seu noivo.

— Cadê o Jungkook? Ele ‘tá bem? Ele morreu, não foi? — disse, desesperada, começando a chorar.

Jimin suspirou passando a mão no cabelo roxo enquanto seus olhos roxos mudavam levemente para um vermelho fogo devido a impaciência que estava sentindo.

— Pare de chorar! Minha cabeça está doendo — murmurou, tendo seu braço agarrado ao passar por ela. — Ele está bem, senhorita. Só foi tomar um banho. Nada a mais. — Desfez o aperto que o prendia o mais gentil possível para não machucá-la. Porém, a vontade era ser grosseiro e puxar-se bruscamente para longe daquele toque. — Avise a ele que não ficarei para o jantar. Com licença.

— Espere! Fique para o jantar. O Jeon ficará chateado se for embora desse jeito — disse com a voz baixa e olhando para o feiticeiro, que bufou. — Por favor.

— Tanto faz — desdenhou, saindo de perto enquanto resmungava pelo corredor, acabando por trombar com um corpo grande. — Pelos demônios!

— Olha a boca, feiticeiro. Não fale essas coisas em território dos anjos. — Ah, aquela voz. Tinha que ser o anjo cachorro. — Como está meu rei?

— Ótimo! Se quer ver como ele se encontra, é só ir lá. Não sou mensageiro para dizer como ele está ou não! Se eu deixasse ele morrer todos saberiam. Não sai uma luz de vocês quando morrem? Então! — empurrou Namjoon de forma brusca ao despejar as palavras amargas responsáveis pelo olhar irritado vindo do maior, que apenas seguiu seu caminho para ver o rei Jeon.

Park seguia amaldiçoando tudo e todos descendo as escadas do castelo enquanto seus cabelos balançavam conforme seus passos ficavam cada vez mais duros. Ele poderia muito bem abrir o portal para voltar a sua casa e ficar com o Asmodeus. No entanto, estava afim de caminhar até a floresta, assim podia colocar sua cabeça um pouco no lugar.

— Park? — Se virou, vendo Jungkook com um roupão branco bem característico da realeza. — Não pedi para jantar contigo? Venha, os servos já estão colocando a comida na mesa — disse, fazendo Jimin suspirar insatisfeito por não conseguir fugir do Jeon.

Maldito anjo rápido.

Se sentou, a contragosto, em uma das várias cadeiras que cercavam a mesa extensa, sustentando um olhar emburrado para Jungkook, que mantinha toda calmaria do universo e sorriu levemente para o servo que montava seu prato. Concluindo sua missão com o rei, se preparou para fazer o mesmo com Jimin, mas o feiticeiro semicerrou os olhos quando viu aquele meio anjo tremer em um nervosismo que lhe arrancou um bufar, não tardando a dispensá-lo com um gesto de mão e fazendo por si próprio.

Liberta-me Para Que Vivas °JikookWhere stories live. Discover now