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                                        Joe pov's

Acabei de chegar em casa. Saí com a galera hoje.

Tobie, Will, Yaz, Kizzy, Corinna, Rhea, Jenny.

Até que nos divertimos bastante. Eu estava precisando me distrair. Mas, no momento em que eu piso em casa, começo a pensar naquilo de novo.

Mais que inferno. Já tem mais de uma semana que Kit não fala comigo e nem com nenhum dos nossos amigos.

Tô até pensando se ele está vivo, sinceramente.

Acho que já são quase 23:00. Não gosto muito de dormir cedo, mas receio que não há nada para fazer agora.

Eu desisti de mandar mensagens pro Kit. Se ele quiser, ele vem a minha procura. Não me respondeu em nenhuma das vezes.

Bom, isso já é notório. A julgar pelo meu desespero.

                              {Quebra de tempo}

Saí do banho. Já troquei de roupa. Estou prestes a ir dormir.

Mas, escutei passos se aproximando do meu quarto. Das duas pessoas mais acessíveis, pensei em Tobie. Ou que dei a "sorte" de ser surpreendido por um ladrão na minha casa.

Querendo ou não, eu estava despreocupado. Estava arrumando minha cama e esperava quem iria entrar.

E, por incrível que pareça, a pessoa que menos espero aparece.

— Ah, então você tá vivo — digo, quando Kit entra pela porta do quarto.

Uma pausa.

— Oi — ele diz baixo.
— "Oi"? — rio, irônico — Você ignora minhas mensagens por uma semana e a primeira coisa que pensa em me dizer é um "oi"?

— E o que quer que eu faça? — ele parece tranquilo.
— Sei lá "nossa, me desculpe por deixar você maluco por eu ser um irresponsável e nem fazer a questão de dar sinal de que eu tô vivo"?
— A gente pode conversar? — ele pede.

Eu não sei por que, mas uma certa raiva tomou conta de mim agora.

— Não acho que tenhamos nada para conversar, Kit. — tranquilizo minha voz — Você estava bêbado. Foi só um erro idiota.
— Pode me deixar falar? — ele diz, enquanto se aproxima mais e mais de mim.
— Eu só... — ignoro ele — eu só não quero que nossa amizade seja afetada por isso tudo.

— Meu Deus. Só cala a porra da boca — é a última coisa que ele diz, antes de me beijar.

Entrei em choque por alguns segundos. Essa era a última atitude que eu esperava. Talvez nem esperasse.

Mas logo saio desse estado. Deixando de negar o quanto eu queria isso.

Eu tô sentindo formigas percorrendo meu corpo inteiro.

Já beijei ele outras vezes, é claro. Mas, é diferente... é diferente quando é real.

É diferente sentir isso de verdade. Saber que é verdade.

Esse beijo é diferente. Parece mais doce. Mais vivo. Como se tivesse certeza do que estivesse fazendo.

Talvez não tenho sido um erro completo, afinal.

— Podemos conversar? — ele fala, após separar os lábios dos meus. Ele se senta na cama. Eu permaneço em pé.

— Tá bem... pode falar — digo, tentando fingir que não estou tento quase um curto circuito por dentro.

— Se eu disser que sei exatamente o que se passa dentro de mim, eu vou estar mentindo. — Kit começa. Me sentei ao seu lado — Só quero falar de uma vez. Certo. Eu comecei a perceber, há alguns dias atrás, que me sentia diferente em relação a você. Bom, não diferente, mas sentia algo a mais. Eu não queria ter que me dedicar a descobrir o que era, por medo. Mas... eu fui mesmo assim. E, quando descobri, fiquei um pouco sem saber o que fazer. Por isso que eu estava meio estranho. Não sabia nem como agir perto de você. E eu tava me sentindo culpado. Culpado por me sentir atraído por você. Culpado por jogar isso no meio da nossa amizade. E também culpado por todas as vezes em que eu ficava te olhando descaradamente e nunca percebi o que era de verdade. E não sei como você vai reagir a isso tudo mas... eu só precisava falar. E, me desculpa por sumir assim, eu só estava em um completo estado de choque.

Okay... eu não esperava tudo isso de uma só vez. É um pouco assustador escutar toda essa bomba, mas também é um alívio.

Acho que... o fato de eu querer beijá-lo de novo, de eu gostar disso, significa que eu era outro idiota que não tinha notado do que realmente se tratava.

Kit está me olhando. Espera que eu fale alguma coisa, mas não sei o que falar.

Então, só me resta uma coisa.

Me aproximei um pouco mais e o beijei. Aprendi que gestos falam mais do que palavras.

Sinto que ele segura minha cintura. Suas mãos estão trêmulas.

Por que passamos tanto tempo fingindo não ver isso? Não ver o que sentíamos realmente.

Nós somos muito amigos. Nossa amizade é mais forte do que qualquer coisa mas, existia essa chama silenciosa entre nós...

— Eu nunca fui muito bom com palavras — digo, depois de separar o beijo.
— Acho que não preciso delas, no momento — ele responde, sorrindo.

                               {Quebra de tempo}

Ficamos um tempo conversando, na cozinha. O assunto fluía sobre como estávamos nos últimos dias. É interessante como podemos rir da nossa própria tormenta.

É um pouco estranho como, ao mesmo tempo que estamos como antes, há algo a mais agora. Um estranho bom.

Já está ficando bem tarde. Deve ser umas 02:15 da manhã.

— Já tá bem tarde. Vai pra casa ou vai dormir aqui hoje? — pergunto.
— Acho que vou ficar aqui hoje — Kit dá de ombros.
— Seja como for, eu não iria deixar você ir pra casa. Não a essa hora — eu levanto da cadeira e coloco a caneca de café na pia.

— Ficou com saudade? — ele brinca. Escuto ele levantar da cadeira atrás de mim.
— Talvez — dou de ombros — Mas, querendo ou não, é perigoso.

— Vou fingir que acredito que esse é o motivo — sinto ele se aproximando e dando um beijo na minha nuca.
— Por que faz isso? — pergunto, com a voz humorada e fraca.
— Vamos poupar os motivos? — ele retruca.

— Com prazer. — respondo. Me viro para ficar de frente para ele — Sabe que a galera vai te matar por você sumir assim, não é?
— Tô pensando nisso a semana toda. — ele finge estar com medo — Minha última noite de vida, talvez?

— Você sobrevive, queridinho. Não se preocupe — me solto dos braços dele e vou para a sala.

                                              🏳️‍🌈🍂

O Primeiro Teste Pro Resto De Suas Vidas | JonnorDonde viven las historias. Descúbrelo ahora