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                                        Kit pov's

Gravamos algumas cenas. Estamos no nosso intervalo.

Joe está conversando com Jenny, só estou observando de longe.

Ai, deus. Por que foi colocar tanta beleza em um só?

— Terra chamando Kit — Kizzy aparece em minha frente — Saiu do transe. Finalmente.
— Ah. Oi, Kizzy — digo.
— Bom d...— ele olha o relógio — boa tarde pra você também.

— Boa tarde — rio.
— Então... tá tudo bem entre você e o Joe? — ele pergunta.
— E por que não estaria?
— Sei lá, vocês estavam meio que se estranhando ontem.

— A gente só teve uma discussão boba. — minto — Nada demais. Já está tudo bem.
— Se foi assim, tudo bem. — ele sorri — Ver meus amigos brigados me deixa preocupado. Mas que bom que já se resolveram.

Quem dera fosse assim.
— Bom, eu vou falar com a Corinna — ele diz e sai.

Penso que vou conseguir respirar por pelo menos dois minutos, mas não é bem assim.

— Oi, Kit — Tobie vem falar comigo.
— Oi — digo. Queria um tempinho pra pensar antes da troca de interrogatório.
— Está tudo bem? — sei que a pergunta foi casual.

— Quer ir direto ao assunto? — peço.
— Tudo bem... — dá de ombros — Como vão as coisas com o Joe?
— Queria que as pessoas parassem de me perguntar isso — pego minha garrafa e tomo um pouco d'água.

— Vai, fala. Só quero saber. Me preocupo com vocês.
— Tá bem. Não está tudo bem, mas está melhor do que eu esperava — falo.
— Só isso?
— É. Esperava o que? Uma reconciliação completa do dia pra noite?
— Conhecendo vocês...
— Só... fica quieto.

— Enfim — ele suspira pesado — tá sabendo que temos uma festa de halloween pra ir amanhã, né?
— Não tô sabendo de nada não... — realmente não estava sabendo disso.
— Agora já sabe. — ele ri — Amanhã, às nove da noite, temos uma festa pra ir.

— Tenho mesmo que ir?
— Analisando todo o nosso papel e todo o nosso trabalho... sim, Kit. Você tem que ir.

Vendo por esse lado, o elenco principal, provavelmente, vai ter que estar todo lá.

Eu e Joe então... somos obrigados a ir mais do que todo mundo.

Pode ser divertido. Tenho que pensar assim, já que não tenho muitas escolhas.

                                        Joe pov's

Faltam pouco menos de doze minutos para o fim do nosso intervalo.

Eu estava achando estranho que, até agora, tive um pouco de paz.

Mas, é claro, eu sempre penso as coisas erradas e nas horas erradas.

Yaz acaba de chegar até mim para falar comigo. Amo meus amigos, mas o assunto tem sido o mesmo, ultimamente.

— Não esquenta, só quero saber como vão as coisas — ela diz, fazendo sinal de rendimento.
— Acho que não vão nem tão bem e nem tão mal, Yaz — falo. — Melhor do que eu esperava, na verdade.

— Antes de qualquer coisa, temos uma festa de halloween pra irmos amanhã, às nove da noite, sim, você é obrigado a ir. Agora sim. É bom ver que isso tá se saindo, relativamente, bem.

Nem vou discutir sobre essa tal festa.

— Sei lá, Yaz. É que... eu ainda estou um pouco bravo com ele. — dou de ombros — Mas, grande parte de mim, não consegue sentir raiva. E eu estou tendo raiva de mim por não conseguir sentir tanta raiva dele.

Yaz solta uma risada, aparentemente, sincera.

— Qual a graça? — pergunto.
— Ai, Joe. É que é um pouco engraçado — ela continua rindo.
— O que, exatamente?
— Sabe... "me odeio porque não odeio ele o suficiente" — ela modifica a voz — algo assim.

— É ridículo, eu sei — escondo o rosto com as mãos, também para esconder o riso.
— Não é não. É super comum, na verdade. Joe... admite, ele já tá na sua pele.

— Acho que tem certas coisas que, se eu admitir, eu vou enlouquecer. — digo — Onde eu coloco meu orgulho?
— Vai se livrando dele aos poucos. — ela dá de ombros — Amigo... você é uma pessoa boa demais para ficar bravo com alguém por muito tempo. É por isso que está sentindo o que está sentindo.

Isso foi uma maneira mais leve de me chamar de trouxa? Se foi, está de parabéns.

— Acho que sim — forço um sorriso.
— Um tempo juntos pode ir ajudando  — ela diz — Quem sabe a festa de amanhã ajuda em alguma coisa?
— Pode ser. Melhor a gente ir.

Me levanto de onde estava sentado. O nosso intervalo já está acabando.

Vou correndo para mais perto das áreas de gravações.

Kit está aqui, de pé, observando tudo. Esperando o intervalo acabar, eu suponho.

Ele me vê chegando. Quando chego perto o suficiente dele, nós falamos em uníssono:
— Festa de halloween, amanhã a noite.

— Nossa, parece que também pensamos em uníssono — Kit brinca.
— Não enche. — digo — Lembre-se do que temos que fazer.
— Não sou eu quem estou querendo te matar.

Reviro os olhos. Por que é tão difícil falar com a pessoa que você ama e tá com raiva ao mesmo tempo?

Poucos segundos em silêncio foram o suficiente para eu perceber que Kit estava me olhando... diferente.

— Para de me olhar assim — falo, ainda olhando diretamente pra ele.
— Assim como? — se finge de desentendido.
— Como se tivesse me comendo com os olhos — digo. Olho, disfarçadamente, ao redor. Não tem ninguém nos ouvindo.

— Talvez eu esteja — ele dá de ombros. Soltei uma risada rápida e frouxa. Ai, deus. Acho que encontrei um dos meus pontos fracos. Logo me recomponho.
— Tudo bem pessoal, acabou o intervalo — escuto Euros falar.
— Hora de trabalhar, querido — digo, com ironia.

                                             🏳️‍🌈🍂

("Desse nosso jeito, mas não é porque eu te odeio que eu não posso mais beijar tua boca")

O Primeiro Teste Pro Resto De Suas Vidas | JonnorOnde histórias criam vida. Descubra agora