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                                         Joe pov's

Okay... aconteceu uma coisa. Tô preocupado.

Tá. Vou explicar.

Estávamos gravando uma cena de Nick e Charlie.

Percebi que Kit estava errando algumas falas com frequência. E ele não parecia bem. Parecia ansioso.

Recebeu algumas reclamações da produção, mas continuou.

Só que, do nada, ele pediu desculpas pro pessoal e saiu dali.

Eu vi os olhos dele antes de se retirar. Estavam marejados.

Fiquei preocupado. Eu não sabia se devia ir atrás dele. Não sabia se ele precisava de um tempo sozinho.

Então, esperei quinze minutos. Tanto para que ele pudesse ter um tempo só, quanto para saber se ele iria se recompor nesse tempo ou não.

Depois desse tempo, procurei ele por todo o local, o que deve ter demorado mais uns cinco minutos.

Rhea disse ter visto ele entrar em um dos banheiros. Pediu para que eu fosse falar com ele, pois, estavam todos preocupados.

Era um banheiro que ninguém usava, pois, ficava mais distante de tudo. Porém, ele ficava sempre aberto.

E agora, aqui estou eu, na porta do banheiro, ponderando se devo bater ou não.

Todos saíram dali. Só estávamos eu do lado de fora do banheiro, e Kit do lado de dentro.

— Kit? — dou duas leves batidas na porta — Sou eu. Tá tudo bem? Posso entrar?

Ele demorou um pouco para responder. Muito, na verdade.

Pensei que talvez ele não quisesse ser incomodado. Eu já estava saindo, quando ouvi a voz dele dizer, muito baixo:
— Pode...

Abri a porta devagar e entrei.

Ele estava sentado no chão, com a cabeça nos joelhos.

Me abaixei ao lado dele.

— Ei. — falei calmo — O que aconteceu?

Ele demorou um pouco, mas levantou o rosto e olhou pra mim. Ele estava chorando. Seu rosto estava vermelho.

— Acho que só... uma crise de ansiedade, ou algo do tipo — ele falou baixo, enquanto segurava os soluços do choro.
— Sabe o motivo que fez você ficar assim? — perguntei — Claro, se quiser me contar. Se não quiser, tudo bem. Mas eu tô aqui pro que precisar.

Ele deu um sorriso, quase imperceptível, em meio ao choro.

— Que eu me lembre, nada de diferente. — ele diz — Essas coisas acontecem uma hora ou outra. Bom, acho que hoje foi a minha vez...

Eu não sei o que fazer agora. Então o abracei. Ele me apertou forte, como se estivesse realmente precisando daquilo.

— Kit... — falo — Você é uma pessoa tão boa, que as vezes irrita, sabia? — falo, para tentar descontrair. E funciona. Ele ri — Tão boa... que eu tenho medo das pessoas se aproveitarem disso. Eu tô aqui pra você sempre. Eu faço o que precisar que eu faça... — respiro — ninguém vai machucar você. Não se eu puder evitar.

— Que gay — ele diz, rindo um pouco. Ele está ficando mais calmo, aos poucos. Isso é bom.
— Eu sei. — rio também. Me solto um pouco do abraço para olhar pra ele — Mas é sério. Pode contar comigo sempre. Como sempre foi, na verdade. Não importa onde você esteja, não importa onde eu esteja. Se estiver tendo um dia ruim, ou se sentindo mal, me manda mensagem ou me liga, tá bom?

Ele assente. Eu tô feliz que ele está se acalmando. É um alívio. Fiquei muito preocupado.

Ele dá um selinho bem leve em mim. Mas eu sinto o peso do momento.

— Acho que você é, de longe, a melhor coisa que me aconteceu nos meus dezenove anos nesse mundo — Kit diz.
— Cala a boca — digo, rindo.

— Meninos, está tudo bem? — a voz de Alice fala lá fora.
— Tudo bem — digo — Daqui a pouco saímos.

Ela não fala nada.

— Acho melhor a gente ir mesmo — Kit fala, se levantando — Isso vai ser um trocadilho visual perfeito.
— Como assim? — me levanto também.

— Sei lá. — ele está lavando o rosto. Vai limpar as lágrimas, mas seu rosto está visivelmente vermelho e seus olhos inchados — Nós dois saindo juntos do banheiro.

— Você não presta — digo, rindo.
— Eu sei disso. — ele enxuga o rosto na toalha — E eu acho que é isso que faz você ficar comigo.

A habilidade que Kit tem de sair de um estado de puro choro para esse tipo de piada é, com certeza, impressionante. Mas é muito bom ver ele rindo.

— Talvez. — dou de ombros. Ele se aproxima. Parece estar prestes a me beijar. — Aqui não. Já é arriscado demais. — digo — A porta desse banheiro nem está trancada.

— Hum. — ele revira os olhos — Eu só... ai — ele diz, de repente.
— O que foi? — pergunto.
— Acho que caiu alguma coisa no meu olho — ele se virou para a pia, com a mão em um dos olhos.

— Deixa eu ver. — virei ele para mim de novo — Tira a mão para eu conseguir enxergar, né.

Eu olho bem. Mas está tudo limpo.

— Não tem nada aq... — o filho da mãe me roubou um beijo. Rápido. Mas roubou. — Ah não. Beijo roubado é ser muito cretino.
— Talvez eu seja — ele dá de ombros.

Eu sorrio, parecendo incrédulo.

— É melhor sairmos — digo. Abro a porta e saímos.

Alice é a única que está ali. Quando nós vê, ela vem correndo para falar com Kit.
— Tá tudo bem? — ela pergunta.

— Está ficando — Kit sorri, levemente.
— Que bom. — Alice sorri — Não gosto de ver meus filhinhos tristes.

"Filhinhos"... esse apelido ficou mesmo. Uma vez, Euros disse que parecíamos filhos da Alice. Interpretamos personagens criados por ela, e parecemos muito com eles então... é, até ela aderiu esse apelido.

— Olha, eu conversei com o Euros, nesse meio tempo. — ela continua — Acho que está cansativo para vocês. Não tiveram uma folga ainda. Sei que isso estressa bastante. Então, consegui liberar vocês o resto de dia de hoje e o dia inteiro de amanhã.

— Sério? Muito obrigada, Alice — digo — Acho que todos nós precisamos de uma folga. Até você.
— Precisa mesmo — Kit continua.

— Todos nós, queridos — ela sorri — Enfim, estão liberados.

Eu e Kit fomos buscar nossas coisas. Sempre andamos com bolsas para trabalhar.

Depois disso tudo, acho que é uma boa hora para pensar em acrescentar mais algumas coisas no bilhete que escrevi.

    
                                               🏳️‍🌈🍂

O Primeiro Teste Pro Resto De Suas Vidas | JonnorWhere stories live. Discover now