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04 || Uma Cantiga no Escuro

"A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que à tristeza prolongada"

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"A alma resiste muito mais facilmente às mais vivas dores do que à tristeza prolongada"

Jean-Jacques Rousseau

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A cabeça de Visenya latejava como nunca antes.

Estava devidamente apreensiva, nervosa como uma presa encurralada pelo predador, cujos caninos logo estariam rasgando a sua garganta e seu sangue se deleitando no chão áspero. Ainda assim, nunca poderia descrever o que realmente sentiu quando o seu primogênito se dirigiu a ela com poucas palavras em uma pergunta: "Quem é Daenerys?".

Uma mistura de horror, choque e medo- sua cicatriz latejou como se estivesse em chamas, sua mente ficou nublada por alguns instantes e ela foi obrigada a engolir a bile.

"Quem é Daenerys?", a perguntava martelava em sua mente, o horror deve ter se estampado em sua face naquela noite- não podia evitar. Sempre soube que Rhaegon era parecido com ela, no entanto, nunca abriu seus olhos o suficiente para perceber a nebulosidade e a profundidade acerca de tal fato: a insônia constante, as noites turbulentas, os pesadelos constantes, a mudança rápida de humor, as olheiras fundas em sua pele pálida, o temperamento distante para um menino de cinco anos... como ela pode ser tão cega?

"Quem é Daenerys?", a pergunta se repetiu um milhão de vezes em sua mente.

"Daenerys Targaryen foi a primeira filha do Rei Jaehaerys e da Rainha Alysanne, Rhaegon! Ela morreu ainda na infância de Arrepios... sua mãe a chamava de Rainha", ela encontrou as palavras com certo receio naquela noite. No entanto, a presunção do primogênito foi o suficiente para que ela soubesse que não era aquela Daenerys a quem o menino se referia.

"Não. Ela tem seu rosto nos meus sonhos, quem é?"

E então, a sua única escapatória foi questioná-lo sobre o que se tratava.

"Quem é ela, Rhaegon?"

Ela ainda lembrava vividamente do estranho brilho nos olhos conflitantes do filho- como o verde pálido parecia mais vivo do que o lilás... quase a assustou ainda mais naquela noite.

"Ela aparece nos meus sonhos e nos meus pesadelos", ele começou a dedilhar sua história para a mãe.

"Ela é você, mas ao mesmo tempo não é. Ela me chama de filho e eu tenho outros irmãos... eu também não sou eu, mas sinto como se fosse", ele parou por um tempo naquele instante e parecia quase tão perdido em suas palavras quanto a mãe em seus pensamentos.

ZALDRIZES || HOUSE OF THE DRAGON Where stories live. Discover now