Capítulo 2

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Vejo meus fantasmas
tomando formas, diversas formas
brincam, dançam, riem de mim,
desafiam meus medos.
Eles sabem todos os meus segredos,
acendem as luzes dos meus becos.
E o que deixa minha consciência mais pasma,
é não saber, onde começa o homem,
e onde termina o fantasma.

- Tonho França

- 📚 -

Arrastei meus pés pelo chão, as luzes neon piscando no teto. Em minha mão um copo de gim. Meus olhos embaçados rolaram pelo bar, procurando por algo que nem eu sabia o que era.

Quebrei minha própria regra, afinal. Eu estava em um bar, bêbado e provavelmente passando vexame.

Me sentei na banqueta, apoiando meu corpo no balcão. Minha cabeça pendia para o lado, e eu piscava meus olhos rapidamente, na tentativa de mantê-los abertos.

Sorri para o barman, deslizando o copo pela bancada até ele. - Qual o seu nome?

- Tiago.

- Encha meu copo, por favor, Tiago. - Pedi, deitando a cabeça no balcão, e ele negou com a cabeça, levando meu copo de mim.

- Já chega pra você. - Ele respondeu, e eu murmurei em discordância, bufando.

Quando percebi que não arrumaria mais bebida naquele lugar, arrastei meu corpo para a saída, cambaleando e esbarrando em algumas pessoas. Parei na porta do bar, tentando me lembrar se eu tinha dirigido até ali.

Meus olhos rapidamente se moveram para uma figura conhecida que me observava do outro lado da calçada.

É claro que ele estaria ali. Ele estava em todos os lugares. Principalmente dentro da minha cabeça.

Lá estava meu ex marido, ao lado de alguém que eu não reconheci. É um bairro pequeno, mas ele precisava mesmo estar no mesmo bar que eu?

Cerrei os olhos quando Harry se aproximou, um olhar preocupado. Ele estendeu a mão, puxando meu corpo, e eu não pude o impedir, não conseguia nem me manter em pé.

- Meu Deus, Louis. - Ele me fitou, olhando meu estado. Senti meu estômago embrulhar com aquele olhar, não queria que ele sentisse pena de mim.

Deixei que meu peso caísse quase todo em seus braços, dando passos cambaleantes conforme ele me ajudava a andar. Talvez quando eu estivesse sóbrio me arrependesse de ter deixado que ele me ajudasse, mas eu não estaria negando ajuda naquele momento.

- Eu moro no mesmo lugar. - Murmurei, após um tempo andando, incerto se Harry saberia pra onde me levar.

Quando paramos em frente a casa, ouvi um suspiro sair de seus lábios e levantei a cabeça, flagrando como ele encarava a casa que um dia moramos juntos.

Bati com as mãos trêmulas no bolso da minha calça, pegando as chaves e o entregando, fechando meus olhos quando tudo começou a girar e uma sensação nauseante tomou meu corpo.

Ele abriu a porta, e eu pisei pra dentro, já de olhos abertos, me jogando no sofá.

Harry ficou parado, observando todo o lugar. Estava tudo exatamente do jeito que era quando ele foi embora. Os quadros com fotos do nosso casamento continuavam no lugar, os vasos de flores - que já não tinham flores, porque quem cuidava era ele. O tapete marrom onde ele sempre tropeçava. A sala ainda era pintada de amarelo, embora eu odiasse. Mas ele gostava, então deixei.

Retorna-me | Larry StylinsonWhere stories live. Discover now