Capítulo 9

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É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho lindo
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste...

- Vinicius de Moraes

- 📚 -

Minha mãe sempre me dizia que era melhor se arrepender de ter feito, do que de não ter feito.

E bom, eu não estava achando nem um pouco legal me arrepender de ter transado com meu ex marido. Eu preferia estar arrependido de não ter feito isso.

Foi constrangedor me levantar do colo dele, sem saber o que dizer, depois que nós dois já havíamos gozado. E foi constrangedor, juntar minhas roupas, ainda nú, enquanto ele me olhava com um sorriso de lado, do tipo cafajeste. Também foi constrangedor pedir pra ele ir embora, e ver aquele sorriso sumir de seu rosto.

Dois dias. Dois dias que isso aconteceu, e eu não conseguia tirar as cenas da minha cabeça. Eu não conseguia parar de sentir as mãos dele em meu corpo, e muito menos parar de desejar que aquilo acontecesse novamente.

Levei minhas mãos ao rosto, suspirando. Minha cabeça não parava de pensar. É frustrante, e tudo o que eu queria era que tivesse um botão que pudesse silenciá-la.

Mas havia. E ele estava logo à minha frente.

Estiquei minha mão e peguei o copo, observando o líquido transparente se mover. Girei o copo em meus dedos, trazendo para perto de meu rosto e sentindo o cheiro de álcool adentrar minhas narinas.

Meus olhos se fecharam, e senti meu corpo se agitar, pedindo por aquilo.

Só dessa vez. Eu preciso que minha mente pare.

Viro o copo em minha boca, apertando os olhos ao sentir o sabor forte tão conhecido por mim. Levanto o copo para o bartender, pedindo mais um shot, e logo meu copo está cheio novamente.

Viro o conteúdo novamente em minha boca, e dessa vez sinto minha cabeça ficar levemente tonta, então a apoio na mão. Fecho meus olhos, sentindo o álcool entrar no meu sangue, e meu corpo ficar leve. Mas a minha mente continua trabalhando, e por isso eu peço mais um.

Depois do terceiro, peço o quarto e o quinto e sinto que minha mente está finalmente entorpecida. De repente todas as preocupações e arrependimentos se esvaíram, e uma descarga de serotonina é liberada no meu corpo, me fazendo sentir feliz.

De repente tudo parece engraçado demais, e os problemas que me afligem, insignificantes demais.

Sorrio para o bartender, e me levanto do banco com uma certa dificuldade, encaminhando meu corpo para fora daquele bar. Caminho devagar pelas ruas, apoiando-me nas paredes, meus olhos turvos semicerrados, tentando enxergar com nitidez o caminho até a minha casa.

Quando finalmente estou em frente meu lar, abro a porta e me jogo pra dentro, tropeçando no tapete, fazendo um esforço a mais para não cair.

Me arrasto até o sofá e me jogo ali, um sorriso em meu rosto ao sentir o cheiro de lar. Meus olhos se fecham, e ainda que tudo girasse, eu apago.

Retorna-me | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora