Capítulo 7

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A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.

- Clarice Lispector





8 dias sóbrio

Quanto mais eu contava os dias de sobriedade, mais eu ficava agoniado. Oito dias pra mim eram como meses. As horas passavam se arrastando, enquanto eu tentava não cair em tentação.

Parecia pouco tempo, mas fora o suficiente pra que a tremedeira de minhas mãos começasse a cessar, conforme eu passava pela crise de abstinência.

Zayn me procurara algumas vezes, e em todas eu pedi que ele me desse um tempo pra digerir tudo que ele tinha me dito no dia da briga. Minha mãe me ligava, quase todos os dias, e sempre pedia perdão por não poder estar comigo. Eu é que tinha que pedir perdão por fazê-la sofrer tanto.

O tédio me corroía, eu já tinha limpado todos os cantos da casa, inventado receitas pra fazer - as quais não deram certo, graças a minha incrível habilidade na cozinha. Talvez eu precisasse de um novo hobby.

E foi por esse motivo, que depois de oito dias, eu finalmente resolvi sair de casa. Era perigoso, mas eu precisava correr esse risco, não podia ficar trancafiado pra sempre; eu tinha que voltar a viver.

Durante o dia eu fiz uma caminhada pelo parque. Notei o quanto estava sedentário, porque em menos de vinte minutos, eu tinha parado para descansar cinco vezes. Levei comigo uma das garrafas de água com gás, e a cada vez que eu parava, tomava um gole.

Numa dessas paradas, me sentei em um banco e apoiei minha cabeça nas mãos, respirando fundo. Eu suava excessivamente e provavelmente estava fedendo, tanto pela caminhada, quanto pela abstinência.

- Correndo? - Ouvi uma voz masculina desconhecida, e senti alguém sentar no banco do meu lado. Levantei a cabeça, encarando de volta o rapaz que tinha um sorriso gentil em seu rosto, e os olhos castanhos presos em mim.

- Andando. Correr é demais pra mim. - Me obriguei a sorrir também, notando como ele mexeu em seu cabelo preto e passos seus olhos por mim, acenando.

- Logo você pega o ritmo.

- Não sei se vai se tornar um hábito... É a minha primeira vez.

- Bom, eu espero que sim. Corro aqui todos os dias, no mesmo horário. - Ele estendeu a mão, me cumprimentando, mantendo o sorriso no rosto. Estava flertando comigo descaradamente, e talvez isso devesse me deixar animado, mas não foi o que aconteceu. - Luke. E você?

- Louis. Bom, Luke, eu preciso ir... Tomar um banho, sabe? - Me levantei, e ele apertou os lábios, parecendo contrariado, mas logo acenou com a cabeça.

- É claro... Espero te ver novamente, Louis. Quem sabe você não torna da caminhada um hábito?

- É. Quem sabe. - Estiquei meus lábios, em um sorriso sincero e preguiçoso, o que o fez sorrir também.

Me despedi com um aceno de cabeça e caminhei até a minha casa, meus pés doloridos reclamando e pedindo descanso.

A maioria das lojas já contava com decorações natalinas, que ficavam muito mais bonitas a noite, quando as luzes eram ligadas, e a magia de natal acontecia. O que me lembrou que meu aniversário de trinta anos também estava chegando.

Retorna-me | Larry StylinsonWhere stories live. Discover now