Capitulo Cinquenta & Dois: Fogo

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—E foi isso? – Thor pergunta.
—Exato! – Exclamei.
Thor caiu na gargalhada, ele foi o único entre os cinco que teve coragem de me perguntar o que aconteceu realmente no dia em que Alec saiu disparado do meu prédio, mesmo tentando ir atrás dele a alguns dias, o encontrei conversando com Camila.
—Ele gosta de você, Alana! – Thor exclama.
—Não deveria, eu não mereço ser amada. – Falei, quase como um desabafo.
—Você realmente acredita nisso? Porra Alana! – Thor exclama.
—A ideia de alguém me amando me assusta. – Falei.
—Porque? – Thor perguntou.
—Porque eu não sei amar e quando alguém como eu, sente o amor se aproximando, nossa primeira saída é fugir. – Falei, levando a xicara de chá aos meus lábios novamente.
—Por isso tem fugido dele? – Thor pergunta.
Eu poderia negar, mas, parte de mim quer fugir de Alec por saber que, cada vez que ele me olha, eu quero desistir de tudo e ficar em seus braços.
—Olha, eu não sou a melhor pessoa do mundo, mas, Alec não sabe como é gostar de alguém também, nunca o vi assim e agora ele vai fugir como você, mas, pense bem… se existe alguém que pode te entender é o meu irmão! – Thor fala.
—Adoro você, Thor! – Falei, abraçando-o.
—Sei que não é comum, mas, tenta escutar o seu coração. – Thor pisca.
—Agora, vamos terminar nosso dia? – Pergunto.
Prometi que iria junto com Thor comprar as coisas para o assalto que ele e os cinco estão planejando, óbvio que eles precisam de carros e muitas, muitas armas, Alec me mandou um e-mail falando sobre uma reunião que será marcada em breve para planejarmos tudo.
Um email.
Ao invés de falar comigo, ele me mandou um maldito email.
Thor e eu seguimos par ao local onde sei que vamos encontrar o que precisamos, claro que eles não irão assaltar qualquer local, escolheram um dos melhores e mais protegidos bancos do país e a minha missão é conseguir carros para isso.
—Quanto posso gastar? – Perguntei.
—Te aviso se o valor me assustar. – Thor fala.
—Isso é um desafio? – Perguntei.
—Não, mas ia ser divertido. – Thor falou, rindo.
Estamos em um dos locais onde os rachas acontecem, algumas vezes os ganhadores não querem o carro e deixam eles aqui, Travis, administra o local, ele os concerta e acaba vendendo por um bom preço.
—Alana banana! – Travis me cumprimenta.
—Meu cosplay de vampiro favorito! – Brinco.
Travis tem o nome de um personagem de série e apesar de não se parecer em nada com o personagem, nunca deixei de brincar com ele sobre isso. Travis me mostra os carros disponíveis, confesso que alguns eu queria para mim, mas, meu foco é outro.
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, para isso não é preciso carros luxuosos, mas sim, os mais discretos e com melhor motor, normalmente, com muito espaço, por sorte esse é o local certo.
—Quero os sete, coloque um motor decente e blinde os vidros e as portas! – Exclamei.
—Quer minha alma também? – Travis perguntou.
—Não vai valer muita coisa, vai? – Perguntei, Travis começou a rir.
—Ei, achou? – Thor se aproxima de mim.
—Missão dada é missão cumprida! – Pisquei para ele.
—Vamos? – Thor pergunta.
—Claro! – Olho para a porta e vejo o restante dos cinco, junto de Juliana e Lara.
—É agora que eu morro? – Pergunto.
—Deixe de ser assim, menina! – Thor fala.
🗝️                                                          🚬                                                         🫧
—Que calor do inferno! – Mark reclama, abrindo a quarta garrafa de água.
Confesso que hoje a multidão dentro da boate parece estar dobrada, a fila a minha frente se acumula e dor na minha bexiga começou a quase meia hora atrás, quando a vontade de ir ao banheiro chegou, ironicamente não consegui ir ao banheiro ainda.
—Porque Alec está me olhando como se fosse me matar enquanto a Camila joga os peitos na cara dele? – Mark pergunta, próximo ao meu ouvido.
Olho para o alto da boate, na parte onde ficam os camarotes, Camila fala com Alec, mas a única coisa que ele faz é tomar mais um gole da sua bebida e me encarar, um pouco mais agora que eu o olho.
Não faz isso, não me olha como se pudesse me concertar.
Minha mente grita.
—Não sei, mas não sabia que a função da jararaca era dar para ele! – Exclamei, claramente incomodada.
As horas se passam diante dos meus olhos, quando o sono começa a tomar conta de mim e o álcool, conta das pessoas que estão dançando, me divirto com algumas situações, algumas vezes, é preciso chamar os seguranças para retirar algumas pessoas – normalmente homens, com muito álcool no sangue e pouca noção – mas essas situações são raras, já que as regras são claras aqui dentro.
Vejo Lucca subir as escadas do camarote correndo, com o capacete em suas mãos, ele parece assustado agora, fala alguma coisa para os irmãos e Alec é o primeiro a se levantar e me olhar, tirando Camila de perto dele, Lara parece gritar, Juliana se põe a frente dos irmãos, como se estivesse pronta para jogar uma bomba em meus braços, ela desce as escadas e anda até onde estou.
—Alana, vem comigo por favor! – Juliana pede.
—O que aconteceu? – Perguntei.
—Precisamos conversar e vai ser melhor lá em cima! – Juliana exclama.
—Juliana fala logo, que merda aconteceu? – Perguntei.
—Alana! – Lara fala meu nome.
A loira está tocando o colar que ganhou da mãe quando a mesma morreu, isso significa que ela está nervosa, esse é o seu modo para se acalmar.
—Falem logo! – Me irrito.
—É a sua avó! – Lara exclama.
—O que tem a minha avó? – Perguntei.
—Houve um incendio… - Juliana fala.
—Minha avó morreu? – Perguntei.
—Os bombeiros estão na casa dela agora, estão tentando controlar o fogo e eles não sabem se ela saiu a tempo! – Lara fala.
—FILHOS DA PUTA! – Gritei, saindo correndo.
—ALANA! – Juliana grita, mas já é tarde.
Entro no carro e o meu pé encontra o acelerador tão rápido que mal consigo pensar, apenas acelerar o mesmo o máximo que eu posso, sem pensar nas consequências disso, Luckland não fica muito longe daqui, mas, os poucos minutos que eu normalmente levaria para chegar até a cidade, se tornam menos da metade agora, por sorte ou azar a casa da minha avó fica a poucos quilómetros da entrada da cidade.
Paro o carro bruscamente olhando para a casa incendiada agora, o fogo me apavora, corro em direção a casa sem pensar duas vezes, torcendo para ser apenas mais um pesadelo muito realista, mas, ao sentir o calor do fogo seguido dos gritos dos bombeiros que tentavam me impedir de entrar na mesma, sei que não é um pesadelo e eu estou vivendo novamente o meu próprio inferno.
—Vovó! – A chamo, tossindo por conta da maldita fumaça.
Subo as escadas da casa, desviando das chamas que começam a se espalhar por todos os cômodos, imploro para Deus mentalmente, pedindo para que ele me ajude a encontra-la, a fumaça agora começa a dominar meu pulmão, cubro a boca com uma das mãos enquanto continuo tentando desviar das fagulhas de fogo, chuto a porta do quarto e tento entrar no mesmo, mas o fogo chegou antes de mim.
—Vovó! – Falo mais uma vez, indo para outro quarto, aquele que um dia foi dos meus pais quando se casaram e meu quando morreram, tento respirar fundo, mas não consigo.
Coloco a mão na parede, sentindo o calor se aproximar e o ar faltar. O chão está quente e começando a ficar instável, puxo o ar tossindo, tentando me recuperar, o único lugar que sobrou para ver foi a cozinha, que já está tomada pelo fogo.
Eu a perdi.
Meus joelhos batem contra o chão, com força, sinto a dor queimar e o meu estomago se revirar, sinto minhas mãos tremerem e a morte não parecer uma tortura agora.
—Alana! – A voz de Alec me faz virar para trás.
Ali está ele, com a própria camiseta amarrada em seu rosto, Alec segura os meus braços para que eu não saia de perto dele, agora tossindo mais do que antes,
—Vem! – Alec falou, tirando a camiseta do próprio rosto e colocando no meu.
—Não, Alec! Minha avó! – Falo, tentando sair dos seus braços.
Alec me prende em seus braços, me abraçando, tento sair dos seus toque mas ele não me solta até prender a camiseta em meu rosto.
—Sua avó está bem, amor! Me deixa tirar você daqui! – Alec fala, quando nota meus olhos cheios de lágrimas.
Minha avó está bem.
Ele me chamou de amor.
Amor.
Meus olhos se fecharam quando começamos a descer as escadas, Alec segurou o meu corpo, me pegando no colo.
🗝️                                                          🚬                                                         🫧
—Quero esses putos mortos dentro de vinte e quatro horas ou eu mesmo faço o serviço, ouviu? – Alec praticamente grita com alguém.
Abro os olhos vagarosamente, sentindo o ar ficar leve novamente, respiro fundo, notando a máscara de oxigênio em meu rosto, o local branco me trás um pânico interno, tento me controlar, o quarto está cheio de pessoas.
Alec, Juliana, Lara, Dilan, Troy, Lucca, Troy e minha avó. A senhora de cabelos grisalhos e olhos azuis me olha com os olhos cheios de lágrimas, ela se levanta e me abraça, sem dizer uma palavra.
—Criança teimosa, o que estava fazendo lá? – Minha avó pergunta.
—Achei que a senhora estivesse lá dentro. – Falo, tirando a máscara de oxigênio do meu rosto.
—Minha criança, tão teimosa quanto a sua mãe! – Ela exclama, me fazendo chorar em seus braços.
Estou destruída, definitivamente, choro nos braços da minha avó como uma criança pequena, ela me abraça forte.
—Sua filha da puta, desgraçada! – Lara se controla para não me bater.
Segurei o riso.
—Tem noção da merda que você fez? Você quase morreu, sua corna! – Lara finalmente me abraça a começa a chorar.
Meu corpo dói, mas não mais do que a minha consciência agora, a ver chorando me fez acordar e ter certeza de que as vezes, o errado parece mais certo do que imaginei.
—Eu vou avisar o doutor que ela acordou! – Alec fala.
Alec saiu de dentro do quarto sem olhar para trás, parecendo ferido, não fisicamente, mas psicologicamente.
—Escuta, quero que você pare de quase morrer, me escutou? Eu odeio velórios e no seu não poderia faltar então, não foda tudo morrendo! Preciso ver você casando com o meu irmão e usar vermelho no dia! – Dilan fala, me fazendo negar com a cabeça e sorrir.
—Narcisista! – Exclamei.
—Qualquer um de nós enfrentaria aquele fogo para te salvar, deixa de ser idiota! – Dilan falou.
Fecho meus olhos, me sentindo cansada, depois de escutar a médica falando sobre meu pulmão e a fumaça que respirei, finalmente me deram remédio para dormir e eu consegui relaxar um pouco mais do que o esperado, Juliana garantiu que minha avó ficará segura no hotel onde os cinco irão manter uma equipe de vigilância, Thor me prometeu que a casa dela será reformada e os culpados serão pegos.
—Você é burra, porra? – Silas invadiu o meu quarto.
—Oi velhote! – Exclamei.
—Uma porra com esse seu “oi velhote”, vai se foder garota! Sabe como eu fiquei sabendo que você se enfiou dentro de uma casa em chamas? Caralho! – Silas me xinga.
—Descobriu que eu sou a filha que você não teve e que me ama? – Perguntei, sorrindo.
—É, descobri! Avisei os seus pais que eu não servia para isso, olha onde eles me enfiaram, porra? Quase morri ontem pensando que você tinha morrido! Eu prometi para eles que te manteria longe de confusão e que você cresceria como uma pessoa decente, onde foi que eu errei? Hum? – Silas está puto da vida, andando de um lado para o outro.
—Se acalma, delegado! – Exclamei.
—Eu deveria te dar uma surra! – Ele fala.
—Olha, eu faço Alec te pedir desculpas se você quiser, Juliana está fazendo o jantar e estão todos em casa esperando você chegar! – Dilan fala.
Estranho como Alec não é o único que me faz acreditar que eu possa ter um lugar parecido com um lar.
Meu celular vibra, antes que eu possa responder algo que convença Dilan a me deixar no meu apartamento, a mensagem que brilha na tela faz meu coração doer e involuntariamente eu estou perdida entre a vingança e o homem que faz meu coração parecer bater novamente.
“Venha, por favor!”

Obsessão - Homens Contra a Lei. #FamiliaHerox.Where stories live. Discover now