↝ Onde Pete, um piloto da Marinha é chefe dos guardas costas de uma facção é misteriosamente assassinado, reencarna sem as suas memórias em um corpo idêntico ao seu. Corpo de um artista que ficou em coma após se sacrificar por um ex colega de traba...
Era um dia chuvoso, sensação pesada de culpa e remorso em todas as pessoas presentes no enterro da avó de Vegas. O caixão descia para debaixo do túmulo. Eu estava afastada do túmulo, eu não era da família, apenas o acompanhei para não se sentir só. Vários familiares começaram a sair pouco a pouco, até que ficasse apenas Bible naquela chuva gélida. Pisquei sutilmente, observando o homem à minha frente, me aproximei com o guarda chuva, o cobrindo.
- Ela é uma mulher incrível. - Sorri gentilmente, mas fui corrigido por ele.
- Ela foi..ela não está mais aqui. - Ele falou olhando a terra cair sobre o caixão dela.
- Bible, ela ainda é uma mulher incrível e sempre será, ela sempre estará aqui, desejando e acompanhando você realizando o seu sonho, ela te ama muito. - Encostei nas costas dele e acariciou sutilmente, o transmitindo conforto e paz. Acontece que eu pude ver a avó dele partindo, o espírito dela, ela aparentava felicidade, não sentia mais dor, ela poderia finalmente descansar.
Quando Bible entrou para o cômodo que sua família estava, decidi caminhar um pouco pelo local, em busca de me livrar da sensação pesada das pessoas que choravam por seus entes queridos. Passei por uma fileira de túmulos, travei meus pés no chão ao escutar o som de choro, logo atrás de mim. Ao me virar, era uma idosa que segurava belas flores em sua mão esquerda, enquanto se apoiava com a mão direita em sua bengala. Ela estava lamentando por algo, alguém. Eu sentia uma agonia me corroer por dentro, me fazendo entender, não era sobre mim, e sim sobre, Pete.
Pete Phongsakorn Saengtham. Era o nome registrado na lápide. Uma foto, era Pete. Mais jovem, na casa dos vintes, cabelos naturalmente pretos, expressão de como se tivesse passado com 1000 pontos no ENEM, mas não era isso, ele usava uma roupa formal, com um broche do emblema de piloto da marinha, com certeza, recém havia se formado. A idosa chorava, enquanto pegava chuva, automaticamente, eu e Pete nos aproximamos dela, colocando o guarda chuva sobre a cabeça dela, a cobrindo.
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- Meu filho..meu filho - A mulher chorava, a data marcava "1971 - 1993", fazia trinta anos que ele havia falecido, mas a mãe dele ainda chorava por ele, aquele velho do Pete devia estar se sentindo horrível. - Por que ele foi embora? Por que? - O olhar dela encontrou o meu, a deixando paralisada. Eu havia esquecido o quanto eu era parecido com Pete. - Docinho? - A idosa colocou as mãos ásperas sobre a pele do meu rosto, seus olhos lacrimejaram, ela me abraçou e eu retribui automaticamente. Um conforto tomou conta do meu corpo e alma, como se eu estivesse sendo renovado.
● PETE POV
A energia daquele enterro era extremamente pesado, agradeci aos deuses quando começamos a nos afastar daquela família. A caminhada era gostosa e relaxante, o clima estava fresco, a brisa gelada batia a todo momento, acompanhado da chuva. Enquanto caminhávamos, escutamos um choro, nos viramos para olhar. Levei um choque de realidade ao ver meu nome na lápide antiga. Meu olhar foi para a mulher, rapidamente cobri a cabeça dela com o guarda chuva, meus olhos lacrimejavam, agonia corria pelas veias. Eu sentia culpa por ter partido tão cedo e ter deixado meus pais, eu era filho único.
