CAPÍTULO 5 - Eu sinto muito.

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● PETE POV

Comecei a abrir os meus olhos, os sentindo pesados, provavelmente efeito do que injetaram em mim. Ao olhar para frente, percebo vários homens com as armas em suas cinturas, seus rostos não eram agradáveis. O lugar cheirava a umidade.

- Parece que você acordou.. - Um homem idoso saiu de trás daqueles homens musculosos, então sorriu para mim. Sua pele estava levemente enrugada, cicatrizes de queimadura e manchas por seus braços, como se tivesse tido batalhas com algo ou alguém. Tentei levantar, mas eu estava preso em uma cadeira de madeira, com os braços e pernas amarrados. - Você lembra de mim, Pete? Sou eu, Korn. - Um sorriso carregado de sarcasmo estava em seu rosto.

Eu queria lembrar daquele homem, mas sem sucesso.

- Eu não sou o Pete..eu me chamo, Build. - Eu tropeçava em minhas palavras, por conta de ainda estar com o efeito da dopagem.

- Não é o Pete? Você ficou ousado, garoto, está até mentindo para mim! - Korn falou me encarando nos olhos. - O levem para água.

- Água? - Meus olhos se arregalaram quando me levantaram, começando a caminhar comigo até uma piscina profunda. - S-Senhor, eu não sou quem você está procurando, por favor! - Minha voz se tornou ofegante.

- Veremos se você é ou não, joguem-no! - Assim que Korn falou. Senti ,meu corpo gelar assim que entrei em contato com a água. Comecei a me afogar, implorando por ajuda, mas eles apenas me observavam, até que eu afundei, o zumbido se fez presente, novamente. Minha visão escureceu totalmente.

- Eu não aguento mais. - Vi um garoto de uniforme da escola falar, enquanto estava na beira do terraço. Eu recém tinha me formado na marinha, fui visitar alguns parentes na escola naquele dia, então decidi ir fumar lá. Ele chorava, parecia angustiado.

- Deveria tentar o terraço da frente, é mais alto. - Falei dando uma tragada em meu cigarro em seguida.

- O-O que..? - O garoto perguntou com a voz depois de se virar para mim, encarei a plaquinha do nome dele.

- O que você ouviu, Macau. - Encarei o garoto. - Apenas se joga, se você quer tanto morrer. - Dei outra tragada, observando ele começar a soluçar enquanto chorava. Me aproximei dele, joguei o cigarro no chão o apagando e estendi a mão, ele apenas me olhou com confusão.

- Você não quer morrer, não aqui, não agora, você tem que ir para sua caminha quentinha hoje, e morrer apenas quando estiver encolhido, em uma poltrona, na frente da lareira, enquanto neva, depois de perceber que criou uma bela família. - Pete falou enquanto encarava os olhos dele. - Você merece viver, apenas precisa ser escutado. Não há nada errado em você.

No momento em que ele segurou em minha mão, eu puxei ele para um abraço. Acariciei suas costas, o consolando, enquanto ele chorava sobre meu terno, sobre meu símbolo da marinha, ele era apenas um adolescente, deveria estar pensando no futuro e não em arrumar uma forma de acabar com a própria vida.

- Macau! - Meus olhos foram em direção do homem que caminhava em nossa direção. Cabelos escuros, mandíbula marcada, olhos afiados, aquele homem era uma tentação. O garoto em meus braços se afastou devagar e olhou o irmão dele que parecia já saber o que tinha acontecido, ele abraçou o irmão com força enquanto chorava. Ele disse após se acalmar, que estava lá embaixo e havia visto seu irmão, temia não chegar a tempo, mas eu estava lá, parecia o destino.

Lembro que desde aquele dia, comecei a conhecê-lo melhor, até que nos apaixonamos e começamos a namorar.

- Aqui é lindo.. - Falei sentado sobre a grama, enquanto admirava a lua cheia, acompanhada de estrelas brilhantes.

Devil in Disguise - PETE X BUILDWhere stories live. Discover now