Capítulo 5: Hospital.

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Entrei no hospital, acenando para algumas pessoas que já conhecia a bastante tempo e que sempre via quando ia até ali. Estava com as caixas com cupcakes nas mãos, então fui direto até a ala que as crianças ficavam. Um sorriso se abriu nos meus lábios quando entrei em um dos corredores e cheguei a uma sala ampla, os encontrando sentados sobre um tatame azul e rosa, prestando atenção em uma história que a médica contava.

Deixei as caixas sobre uma mesa, ficando em silêncio enquanto a observava contar a história da Bela Adormecida. As cinco crianças prestavam atenção, sem nem mesmo piscar. Até mesmo os dois meninos do grupo pareciam interessados em saber o desfecho da história.

Essa ala do hospital ficavam as crianças que precisam de cuidado e atenção especial. Algumas que possuíam alguma doença rara e não podiam ir embora do hospital. Outras que passaram por algum trauma e estão aqui tentando se recuperar, antes de poderem voltar pra casa ou encontrarem uma casa nova. Eu as visitava sempre que podia, a alguns anos já. Mas no último mês a visita se tornou diária.

—Jasmine! —Chloe, a garotinha de 12 e mais velha do grupo foi a primeira a me ver, se levantando e disparando na minha direção. Abri um sorriso quando os outros também me viram, deixando a médica sozinha quando correram na minha direção e me abraçaram todos ao mesmo tempo, quase me derrubando no chão.

—Você veio mais cedo hoje! —Luca murmurou, permanecendo agarrado a minha cintura, mesmo quando os outros quatro se afastaram.

—Estava com saudade de vocês. Trouxe algo que acho que vocês vão adorar. —Falei, me inclinando como se fosse contar um segredo a eles, vendo a médica sorrir quando percebeu isso. —Mas não podemos contar para a doutora, porque ela pode não gostar e me expulsar do hospital.

—É comida? —Clara questionou, praticamente explodindo de ansiedade para saber o que era. Ela, Luca, Valentim, Noemi e Chloe me encararam esperançosos, com os olhinhos brilhando.

—É comida, sim. Colorida e doce como vocês adoram. —Sussurrei, rindo quando os cinco comemoraram, tentando falar baixo sobre o que achavam que eram pra médica não ouvir. —Por que não vão até a mesa descobrir o que é, enquanto eu distraio a doutora?

Eles concordaram, correndo na direção da mesa onde as caixas estavam. Sorri ao observá-los gritar de animação quando abriram as caixas e as encontraram cheia de cupcakes. Havia feito cobertura de todas as cores possíveis, porque sabia que eles adoravam quando eu fazia isso. Também sabia que eles iriam fazer uma lambança pela mesa, mas valia a pena para vê-los sorrindo.

—Como estão as coisas? —Indaguei, assim que sentia a presença da médica ao meu lado. A Dr. Maggie cuidava das crianças a alguns poucos anos, desde que a antiga médica se aposentou. Ela era jovem, o que me deixou próxima dela e até mesmo um pouco amiga.

—Estão bem. Ontem tivemos alguns exames de rotina com alguns deles depois que você foi embora. Os deixou cansados e um pouco irritados. —Maggie passou a mão pelos cabelos loiros, ajeitando o jaleco logo em seguida ao olhar pra mim e sorrir. —Mas eu disse a eles que você viria logo cedo, o que foi suficiente para deixá-los felizes.

Soltei uma risada, porque eu era tão apegada a eles quanto eles eram a mim. Sabia que para algumas delas aquilo não era definitivo. Já havia conhecido muitas crianças e me despedido de outras. Mas todas elas marcavam meu coração, pelo que elas significavam. Gostava de ir visita-las e brincar com elas, mesmo que não ganhasse absolutamente nada com isso. Eu só queria vê-las sorrindo.

Eu e a doutora observamos eles apostarem quem comeria mais cupcakes. Cada um deles escolhendo sua cor favorita de cobertura. Clara tinha apenas 11 anos. Valentim e Naomi 10, enquanto Chloe tinha 12. Luca era o mais novo deles, além de ser o mais silencioso. Tinha só 9 anos e diferente dos outros, não tinha um casa para voltar quando saísse dali.

—Eu vou olhar os outros pacientes. Fique a vontade. —Maggie tocou meu ombro, antes de se afastar pelo corredor.

Esperei ela sair, antes de me juntar com as crianças na mesa. Como eu pensava, elas fizeram uma lambança, além se se entupirem de doce, o que as fez brincar e correr pela ala inteira, antes de ficarem esgotadas. Levei cada um para os quartos que ocupavam e os deixei com as enfermeiras, antes de me despedir deles.

Quando entrei no elevador, cliquei para outro andar do hospital, soltando um suspiro pesado ao encarar os números que mudavam na tela em cima das portas fechadas. Quando elas se abriram, percorri o corredor em silêncio, percebendo o quanto aquela parte do hospital parecia mais triste do que qualquer outra.

Fiz o percurso de sempre, observando ao redor para te certeza de que não havia qualquer conhecido. Quando tive certeza que não, caminhei até o quarto. A janela de vidro me permitiu ver que o quarto estava vazio, então entrei sem me preocupar, sentindo aquela sensação eletrizante e ao mesmo tempo meu coração apertado, me deixando sem fôlego.

—Bom dia. —Falei, tentando soar animada, sorrindo ao ver as flores e os outros presentes que haviam sobre a mesa. Não precisava olhar os cartões para saber de quem eram todos aqueles presentes. De quem vinha até ali fazer vistas além de mim. —Acho que se você estivesse acordado, já estaria de saco cheio de mim, não é? Eu fico aqui falando e falando sem parar. Mas você nunca diz nada, mesmo que eu quisesse que dissesse.

Deixei minha bolsa sobre a poltrona que havia ali, antes de me virar para a cama, observando Briar deitado sobre ela. Os olhos fechados e o rosto inexpressivo. Nenhum movimento qualquer, além da leve respiração que fazia seu peito subir e descer. Me aproximei aos poucos, antes de levar minha mão até a dele e a segurar.

Nunca o toquei além da mão. Nunca fiz nada que achasse que estaria invadindo o espaço dele. Até mesmo para fazer aquele pequeno ato, demorei dias para ter coragem, me perguntando se estaria sendo uma maluca. Eu ainda acho que estou sendo maluca, já que estou o visitando desde o primeiro dia e minha existência não era absolutamente nada pra ele antes. Mas aquela parte do hospital era cinzenta e triste. Mesmo que a família de Briar estivesse quase sempre ali, eu tinha receio de que ele se sentisse sozinho. Sabia como era a sensação e gostaria que alguém tivesse feito o mesmo por mim na minha vez.

—Ontem teve jogo de hóquei. —Falei, puxando a cadeira e me sentando ao lado da cama, encarando a mão dele entre a minha, imóvel. —Acho que vai gostar de saber que Nathan usou uma faixa no braço, com o seu nome. E todos os pontos são sempre dedicados a você. Mesmo que você não esteja lá, o mundo todo ainda está olhando pra você.


Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde histórias criam vida. Descubra agora