Como conquistar Briar Harding / Vol. 5

Capítulo 35: Vou bloquear você.

O almoço foi um tanto engraçado. Tive que evitar olhar para os irmãos de Jasmine, já que eles estavam me olhando como se pretendessem me matar assim que o almoço terminasse. Mavie era a única que parecia radiante com o fato de eu estar ali, o que fazia dela a minha favorita dos irmãos de Jasmine, já que Taylor estava simplesmente alheia a qualquer coisa relacionada a irmã e eu.

Por sorte o pai de Jasmine ficou me perguntando sobre hóquei, o que foi fácil demais pra mim começar a falar e não parar mais. A mãe dela foi extremamente gentil, perguntando sobre meus pais e sobre minha recuperação. Por mais que eu odiasse lembrar do fato de ter ficado em coma, era fácil pra mim responder as perguntas dela.

—Que bom que as coisas estão voltando ao normal pra você. Ficamos felizes em saber disso. Deve ter sido um momento muito difícil para os seus pais. —A mãe de Jasmine murmurou, me lançando um sorriso gentil que fez meu coração contrair, porque sabia que tinha sido sim difícil pra eles, ainda mais depois de Abigail.

—Está tudo bem agora. É isso que importa. —Falei, dando a ela o mesmo sorriso gentil, mesmo que minha voz não soasse tão confiante quanto antes.

—Então, o que veio fazer aqui? —Joe indagou, cutucando as sobras de comida no seu prato, soando mais tranquilo do que eu achava que estava. —Não me leve a mal, só me preocupo com a minha irmã. Estou sempre querendo saber se está tudo bem na vida dela. E não estou acostumado a vê-la com você.

—Eu pedi uma carona pra ele. —Jasmine falou, rápido demais, abrindo um sorriso forçado para o irmão, enquanto provava mais uma vez que era uma péssima mentirosa. —A gente se encontrou por acaso e no meio da conversa eu pedi uma carona, já que Briar tem aula agora a tarde também.

—Eu poderia ter dar uma carona. —Joe afirmou, soando mais ciumento com Jasmine do que eu havia esperado. Quando o via nas festas e na universidade, ele soava alguém tranquilo demais. Quase paz e amor. Mas estava sendo mais rígido do que o próprio pai.

—Eu sei. Você sempre me dá carona. Então isso vai te dar uma folga. —Jasmine deu de ombros, dando um sorriso mais doce pra ele, antes de empurrar a cadeira e ficar de pé. —Inclusive, estou atrasada. Briar, podemos ir?

—Claro, eu estou um pouco atrasado também. —Falei, entrando na mentira.
Tinha mesmo aula, mas mesmo que tivesse seria um prazer levar Jasmine pra aula. O único problema é que eu estava sem a porcaria do meu carro. —Obrigada pelo almoço e pela hospitalidade. Estava tudo muito bom.

—Foi um prazer recebê-lo. Volte sempre que desejar. —A mãe de Jasmine sorriu para nós dois, nos encarando como se fôssemos uma obra de arte perfeita. Ela com certeza era minha favorita também, junto com Mavie.

Me despedi de todo mundo, observando os olhos de Joe faiscando, não na minha direção, mas na direção de Jasmine quando ela atravessou a sala e desapareceu no corredor. Mesmo quando ela não estava mais a vista, ele continuou olhando para o corredor, como se estivesse pensando em algo.

[...]

Desci do táxi atrás de Jasmine, mesmo que meu prédio fosse do outro lado do campus e eu precisasse correr para não perder a aula. Jasmine encarou as árvores pintadas de dourado pelo outono, antes de se virar para me encarar. Como da outra vez, passamos o caminho todo no táxi em silêncio, como se ambos tivéssemos coisas demais pra pensar.

—Sinto muito pelos meus irmãos. Eles não costumam ser assim. Mas é que... —Ele suspirou, erguendo a mão para ajeitar os cabelos bagunçados pelo vento. —Foi um dia atípico. Você estar lá deixou todo mundo um pouco mais animado do que deveriam.

—Concordo com você. Mas achei sua família adorável, mesmo com seus irmãos me encarando como se quisessem me matar. —Afirmei, vendo que ela quase abriu um sorriso. Foi quase. Mas hesitou no último segundo, me encarando como se não soubesse o que esperar de mim. —Então, posso passar pra te pegar às 20:00 na sexta?

—Se você me prometer que não vai me levar em uma festa. —Jasmine abraçou o próprio corpo, desviando os olhos de mim para os próprios pés ao dizer aquilo. Não era um sim, mas também não era um não.

—Não vou te levar em uma festa. Estou te prometendo um encontro e vai ser um, com apenas eu e você. —Falei, me aproximado um pouco dela, enquanto enfiava as mãos no bolso da calça, porque já tinha percebido que era difícil manter distância dela e, principalmente, manter minhas mãos longe dela. —Aquele dia na festa, tive quase certeza que você ia me dizer quem era. Mas então...

—Estávamos chamando atenção demais. —Me cortou, voltando a me encarar, umedecendo os lábios com a língua enquanto parecia lembrar daquele dia. —A D'Angelo apareceu e eu perdi a coragem. Não funciono bem sobre pressão e muito menos quando várias pessoas estão olhando pra mim.

—Isso faz eu me arrepender de ter chamado você pra dançar, porque assim não iríamos deixar aquele jardim. —Sussurrei, observando o brilho que surgiu nos olhos dela quando me ouviu dizer aquilo. Abri um sorriso, puxando meu celular do bolso. —Me passa seu número. Vou te encher de mensagens até sexta à noite.

—Vou bloquear você. —Prometeu, pegando o celular das minhas mãos e colocando o número ali. Ela encarou o aparelho por um momento, antes de soltar uma risada e devolvê-lo a mim.

—Do que está rindo? —Questionei, vendo-a negar com a cabeça como se não fosse nada. Mas era alguma coisa, porque ela riu ao encarar meu celular. —Ah, não, você vai me falar. Do que você está rindo, Jasmine?

—Seu celular está tocando. —Afirmou, no instante que ele começou a tocar, como se eu não fosse perceber.

Olhei pra ela com as sobrancelhas erguidas, vendo que suas bochechas estavam vermelhas. Ela corava com uma facilidade impressionante e de uma forma fofa. Quando abaixei meu olhos para o celular, vi o nome de Nathan na tela, pensei em atender, mas ergui a cabeça de novo para falar com Jasmine, soltando uma gargalhada quando a encontrei do outro lado do gramado, subindo as escadas do prédio.

—Espertinha. —Sussurrei, sabendo que iria pensar nela até sexta a noite, sem parar.

Continua...