𝚄𝚖𝚊 𝙽𝚘𝚟𝚊 𝙹𝚘𝚛𝚗𝚊𝚍𝚊

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Olhei pela janela pela milésima vez. Estava amanhecendo, mas as nuvens continuavam escuras. Apertei os olhos, arfando. Havíamos corrido por mais algum tempo até sair da mata. Continuamos correndo até nossos pés doerem e nossos pulmões arderem. Nos escondemos de alguns zumbis atrás de um carro tombado na estrada e viramos em uma rua qualquer até achar esta casa que, por sorte, estava vazia e limpa. Tivemos que forçar a porta e colocar o sofá na frente para trancá-la de novo. Não havia luz e não achamos velas, mas a escuridão era o menor de nossos problemas naquele momento.


Dominic passou toda a noite sentado em um canto afastado, chorando em silêncio. Em algum momento, Trix e Luhan sumiram para outro cômodo, e eu fiquei sozinho na sala.


Quando a rua já estava clara, levantei para chamar todos para partir, mas ao entrar na cozinha, senti meu estômago gelar. Trix estava encostada no armário, e Luhan segurava suas bochechas, sussurrando algo. Ele se aproximou lentamente de seu rosto, dei um passo para trás, esbarrando no batente da porta e chamando a atenção de ambos.


Eles haviam se beijado? E por que eu me sentia estranho? Tentei sorrir, mas apenas continuei os olhando, me sentindo idiota.


- Vini, algum problema? - Trix perguntou, quebrando meu devaneio.


- Já amanheceu, devemos ir! - Respondi, tentando disfarçar minha perturbação.


- Ah, certo. - Luhan olhou para Trix e depois para mim. - Vini, me ajuda a olhar os armários, ver se achamos algo para ela e Domy vestirem!


Tudo o que conseguimos encontrar foi roupas masculinas, e Domy agradeceu, indo ao banheiro para trocar de roupa. Ele logo voltou, com o cabelo molhado, usando uma bermuda preta e uma blusa cinza. Trix vestiu uma bermuda cinza com elástico e uma blusa do Flamengo que ficou enorme nela.


Descemos a rua, caminhando sob o sol fraco que brilhava no céu. As nuvens pareciam estar cada vez mais escuras, e eu temia que a chuva viesse a qualquer momento. Duas horas depois, paramos para descansar em um terreno baldio, cercado por uma mureta alta o suficiente para nos proteger, mas baixa o suficiente para permitir nossa entrada. Sentamos na terra, sob a sombra de uma árvore, descansando por cerca de 15 minutos. Bebemos água, mas nenhum de nós tinha apetite para comer.


Quando escutamos o som arrastado daquelas criaturas do outro lado do muro, nosso corpo reagiu por vontade própria, nos imobilizando e nos fazendo prender a respiração. Os olhares ansiosos entre nós diziam mais do que palavras, a constante ameaça que pairava no ar nos lembrava de que não estavam a salvo, não importava o quão longe estavamos.


Quando os passos e gemidos se afastaram, retomamos a caminhada com cautela, mantendo-nos próximos aos muros e afastados das casas abertas. Eu começava a temer que estivéssemos perdidos quando viramos a esquina e avistamos uma placa indicando a chegada à Praia do Caju, o que reacendeu nossa esperança.


Andamos por mais 20 minutos, parando a cada momento que avistávamos ou ouvíamos os monstros, escondendo-nos sempre que possível. Finalmente, chegamos à Baía de Guanabara e olhamos em todas as direções para nos certificarmos de que estávamos seguros. Saindo de trás de um contêiner, subimos na Ponte Rio-Niterói.


Não pudemos deixar de sorrir. Estávamos quase lá. Após todo esse tempo, finalmente estávamos chegando.


Nós nos esgueirávamos entre os carros, nos mantendo baixos para não sermos vistos. Felizmente, a maioria dos mortos-vivos estava presa pelos cintos de segurança dos carros, e apenas alguns se arrastavam pela ponte. Parecia que não corríamos perigo iminente. Quando eu estava quase sem fôlego e minha perna doía intensamente, decidimos fazer uma pausa para descansar e beber o restante da água. Sentamos no espaço entre uma caminhonete e a mureta. Era estranho, devo admitir. A pista estava surpreendentemente limpa, como se alguém tivesse preparado o caminho para nós. Talvez fosse obra do pai de Trix.

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