Vivência [M]

•87•

+ 100
Lobão 🐺

Lobão : Se ela falou que não foi ela, é porque não foi. -Retruquei um dos caras, na mesa de reunião. -Porra conheço minha mulher.

-Jae pô, mas as balas que mataram a Poliana partiram da arma dela, foi o vento? Gasparzinho camarada? Não fode, né.

Lobão : Se fosse abrir o bico pra insinuar qualquer coisa dela outra vez eu acabo com a tua raça, tá entendendo? Se eu falei tá falado, e mermo se tivesse sido ela não seria da conta de ninguém aqui, ia ser na razão dela.

Pierre : Vamo acalmar, ninguém aqui tá com a cabeça fria pra lidar com essas questões agora. Isso é o de menos, garota não faz falta nenhuma aqui mermo, era só um gasto de tempo a mais, que Deus guarde a alma das duas...ou o diabo também né, vai saber.

Lobão : Por hoje chega, quero que palmeem o morro que o Kaue está, lista todos os aliados dele e põe na minha mesa até amanhã, no mermo horário geral aqui pra gente trocar um lero. -Levantei, enfiando a chave no bolso.

Todos saíram e ficou só o Pierre comigo, acendi um, soltando a respiração. Passei a mão pelo rosto, pensando em altas paradas e ele puxou a cadeira da frente pra sentar.

Pierre : Nada saiu como a gente esperava, mas também não tamo perdido de tudo, Kaue conseguiu fazer o que fez porque ainda estava aqui, mas agora que ele tá ligado que a gente sabe que ele é alemão, vai ser mais fácil de conduzir a parada. Ele vai ter medo, receio de entrar outra vez.

Lobão : Independente, agora é guerra e eu só paro quando tiver o sangue dele na minha mão. Meu mal foi querer pensar demais.

Pierre : Não tinha como, você estava no hospital e ninguém sabia realmente o plano dele. A questão é que vários deles morreram, vai ser mais complicado subir um exército outra vez, principalmente contra nós, já tá rondando que ele não é confiável, hoje em dia ninguém quer se aliar com cagueta.

Fiquei quieto, mas concordei. Bruna havia ficado em casa, e eu vim pra fazer reunião com eles. Saber e entender como tudo aconteceu e qual foi o desenrolar da história.

Pierre : Não quis falar na frente dos moleques sobre a Bruna...

Lobão : Não foi ela que atirou, quer render o que com esse assunto? Se ela falou que não foi ela, é porque não foi.

Pierre : Não tô dizendo isso, sei que você confia e tá certo, mulher é tua mermo. Mas alguém fez o disparo e eu te garanto que foi com a arma que eu mesmo coloquei na mão dela. Se você tá me falando que não foi ela, suave, mas não dá pra ignorar a situação também. Os caras estão certos em levantar desconfiança.

Lobão : E o problema vai continuar sendo deles, porra! Não tô pedindo opinião de ninguém no bagulho, ou tô? Isso ai quem precisa resolver com ela sou eu. Se vier quinze me contradizendo, quinze vezes eu vou manter o mermo papo, que não foi ela e ponto final. E se quiser levar pro comando, que leve também, vou bater de frente com quem preciso for. Só não tô entendendo porquê é o interesse de tanta gente questionar sobre a morte delas, sendo que uma hora ou outra isso ia acontecer.

Pierre : Porque elas eram as únicas que tinham informações sobre ele e estava no nosso domínio. Mas suave, você sabe o que faz.

Lobão : Vou meter o pé. -Peguei a muleta, fazendo força com a outra perna. Entrei no carro e um dos moleques me deixaram em casa.

Bruna estava deitada no sofá e levantou o pescoço pra me olhar, parei do lado dela, e sentei, que fez o mesmo.

Bruna : Acabou? -Murmurou e eu suspirei, rindo fraco.

Lobão : Não é nem o início. Já melhorou?

Bruna : Já...Danilo, em relação às meninas...

Lobão : Não quero esse assunto e você não precisa se explicar, tô ligado que não foi você, fica tranquila que só isso importa.

Bruna : Mas eles acham que foi eu, senti isso quando nós entramos...

Lobão : E não importa o que eles acham! -Puxei o rosto dela na direção do meu peito. -Quem fez isso quis te incriminar.

Bruna : A Poliana me disse que quem matou a Mariane foi o Kaue...e um milhão de outras coisas que...

Lobão : Um milhão de outras coisas que nós vamos deixar pra outro dia. Isso não é responsabilidade sua. Descansa a mente.

Bruna : Como? Se tem pessoas que querem o seu mal, livres? É que...quem matou a Poliana teve a oportunidade de me matar, entende? Eu estava do lado dela e eu era um alvo fácil. -Começou a chorar. -E se aqueles disparos não foram pra ela? E se erraram e...?

Lobão : Ninguém erra um alvo seis vezes, Bruna. Era ela e pronto, tira isso da sua cabeça, meu amor. -Passei a mão no rosto dela, que limpou e confirmou.

Bruna : E agora? O que a gente faz? -Questionou, e eu neguei com a cabeça.

Lobão : Agora é esperar o amanhã, vamo descansar. -Puxei mais o corpo dela, que dormiu com o sono leve.

Aproveitei pra enviar mensagens pra outros aliados, um deles, do Paraguai. Fiquei maior tempo e ela acordou, me chamou pra ir pro quarto e eu deixei ela descansar a mente.

(…)