•89•

6.6K 793 155
                                    

+ 90
Bruna 🎡

Suspirei irritada, observando o mar pela sacada. Lobão havia saído e eu deduzi por ter ouvido barulho de carro. Pô, complicado demais pra mim, como assim ele toma uma decisão assim por nós dois?

Simplesmente me engana com uma mentira, pra me deixar em um local afastado de tudo e todos? Principalmente dele? Não acho justo, até porque tenho uma vida, rotina e compromissos.

Prendi o meu cabelo em um coque sentei no sofá, apoiando os meus braços nas pernas. Meu celular estava sem sinal e depois de um tempo eu ouvi barulho de pneus, pouco tempo depois a porta abriu outra vez e era o Danilo.

Ele ficou igual uma barata tonta de um lado para o outro, ia para a cozinha, nos quartos e passava pela sala.

Lobão : Se liga, se for pra continuar nesse papo de terminar vai ser isso ai mermo, tá ligada? Melhor separado e na mente que você tá suave e fora da mira dos caras.

Bruna : Não é sobre eu querer terminar, Danilo! Mas porra, custava chegar em mim e falar o que estava planejando? A que ponto você teve a certeza que poderia tomar decisões por mim?

Lobão : E se eu falasse você iria aceitar? Qualé Bruna, não tô feliz por isso não.

Bruna : Óbvio que eu não iria aceitar, porque pra mim não tem cabimento algum você me deixar aqui longe e afastada de tudo!

Lobão : Pelo seu bem, e nada é pra sempre, tudo momentâneo. -Eu suspirei, negando com a cabeça.

Bruna : Danilo...

Lobão : Bruna, o que eu estou de dizendo é que não vou mudar a minha decisão quer você queira, quer não! Tô insistindo pra eu sair daqui com a gente de boa e suave no bagulho, mas se for pra ser na neurose tranquilo também.

Bruna : Eu não vou ficar e ponto final! -Sentei outra vez, cruzando as minhas pernas. -Se você afirma que insiste que eu fique por amor, eu volto com você pelo mesmo motivo. Já tá tudo complicado mesmo, meu amor! -Fiz cara de choro e ele se aproximou, sentando ao meu lado.

Lobão : Minha loira. -Começou a falar e meu olho só enchendo de lágrima. Funguei o nariz, tentando espalhar a vontade de chorar. -Não precisa ficar assim.

Bruna : Fico Lobão, fico! Porque prefiro vê você bem com os meus próprios olhos todos os dias. Eu sei que você não vai tomar esses remédios direitinho, que não vai dormir, passar noites em claro na boca e viver se metendo em confronto.

Lobão : Tudo passa, pô!

Bruna : Sabe o que não passa, Lobão? A morte! Ela é eterna.

Lobão : E quem tá falando de morte aqui? Acontecendo várias paradas, mas...

Bruna : Mas eles estão só brincando de pique-pega, né? Tiro ao alvo! -Fui cínica. Ah, não fode né Danilo. Sua cabeça pra eles é banquete e eu sei muito bem disso.

Lobão : E a deles pra mim é o mermo, vou bater de frente e não vou largar de mão, se envolveu comigo sabendo que seria assim, infelizmente é a vida que eu escolhi.

Bruna : Me envolvi com você porque isso a gente não escolhe, Danilo! Poxa, é complicado pra mim, te ver saindo pela porta sem ter a certeza que vai voltar. Pela primeira vez na vida eu me sinto bem, ao lado de quem eu realmente amo e quero construir coisas a mais.

Lobão : Eu tô nesse meio, mas na mente é você, pode botar fé que eu planejo coisas maneiras pra gente. E eu faço essas parada, porque te amo e quero o seu bem.

Bruna : Não vou desfazer as minhas bolsas, até porque irei voltar para o Rio com você! -Dei a última palavra.

Soltei a minha respiração e nós ficamos durante um bom tempo ali. Acabei adormecendo pelo cansaço e sentir o Lobão me colocar em uma cama e deitar ao meu lado.

Acordei depois de um tempo com um barulho no primeiro andar, deduzi que seria o Lobão e após ir ao banheiro eu desci, mas me surpreendi com uma mulher.

-Bom dia, Bruna, né? -Eu confirmei e ela se aproximou, estendendo a mão. -O meu nome é Rosa, Lobão me chamou para te ajudar com algumas coisas da casa.

Bruna : E onde ele está? -Questionei, apoiando meus braços em minha cintura, ela deu de ombros e eu dei as costas, me aproximando da janela.

Haviam alguns meninos em volta a casa e eu não encontrei o carro dele, suspirei em uma revolta e subi para o quarto, para pegar o meu celular.

Liguei diversas vezes e caiu na caixa postal, senti a minha cabeça latejar em dor. Não sabia o que fazer perante a isso e a minha única reação foi debater os meus braços em raiva, por ele ter me deixado contra a minha vontade e sem me ajudar.

Coloquei outra roupa e fui para o lado de fora, não conhecia nenhum dos homens da segurança, mas um deles se aproximou.

-Precisando de alguma coisa? -Questionou, com a voz grossa e eu arquei a minha sobrancelha. -Ir em algum lugar?

Bruna : Lobão deixou alguma notícia?

-Apenas ordens. Precisando de algo? -Refez a pergunta e eu neguei com a cabeça.

Bruna : Mesmo que precisasse, não falaria com você!

Voltei para dentro de casa, minha mente estava vaga e em dúvida, eu era consumida pela raiva e a vontade de chorar. Bateram na porta e não foi necessário eu ir atender, porque a Rosa fez isso por mim.

-Pra você! -Entrou com um buquê de flores na sala e eu revirei os meus olhos. Peguei e tirei o cartão.

"sei que tá bolada comigo, mas logo menos nós estamos juntos outra vez, amo você."

Amassei no ódio também, seria capaz de cometer loucuras se visse esse bofe insuportável na minha frente agora.





Vivência [M] Onde as histórias ganham vida. Descobre agora