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LUIZA BUENO

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LUIZA BUENO

Uma semana havia passado desde que fui demitida e bati meu carro. Desde então, comecei a minha busca por um emprego, mas parecia que todos no Rio de Janeiro já tinham nutricionistas o suficiente.

Após mais um dia de buscas, cheguei em casa cansada de bater pernas pra lá e pra cá, fui direto para o banho e quando estava com roupas confortáveis, me joguei no sofá com o celular em mãos, pronta para rolar a timeline.

Mariana não estava em casa, provavelmente tinha ido do trabalho direto para um happy hour do escritório em que advogava. Pelo menos ela tinha um emprego.

Passei o dedo de uma lado para o outro pelo celular, sentindo que não restaria outra alternativa a não ser voltar para Belo Horizonte e conviver com o pesadelo que me assombrava mais perto do que eu desejava.

Mariana tinha dito que poderia cobrir as despesas pelo resto da vida se quisesse, mas na real eu não queria depender da minha melhor amiga e prima. Eu queria ter um emprego novamente para poder ter a liberdade que tinha antes, mas o destino não estava a fim de me ajudar.

Pedir ajuda para meus pais passou pela minha cabeça, mas ainda era muito cedo para ir chorar no colo deles outra vez.

Eu tinha algumas economias, mas se eu não arranjasse um emprego, esse dinheiro iria acabar em questão de tempo.

A porta se abriu em um rompante, com um sorriso no rosto e uma animação perceptível de longe.

— Eu tenho duas notícias pra você! — ela berrou fechando a porta, vindo correndo na minha direção. — Uma boa e uma ruim. — jogou-se em cima de mim, me abraçando.

Senti a esperança ressurgir dentro do meu peito, mesmo que ainda tivesse uma notícia ruim.

— Qual você quer primeiro? — ela me olhou piscando os olhos várias vezes.

— A ruim. — proferi. — Já estou na merda mesmo. — ela rolou os olhos.

— Vou começar pela boa. — a encarei séria. — Porque a ruim é consequência da boa. — franzi a testa.

— Então fala, Mari. — pedi vendo-a sorrir.

— A boa é que você tem uma reunião na segunda-feira sobre uma possível vaga de emprego. — fechei os olhos agradecendo aos céus por aquele momento. — E a ruim é que é em um clube de futebol, sua área de atuação, mas que você nunca quis trabalhar.

— Mas já é um recomeço, Mari. — sorri para ela. — Pelo menos vou ter uma oportunidade. E eu posso muito bem finalmente ir para a área esportiva. Apenas não exerci porque… — não consegui terminar.

— Ei! — ela esfregou meu ombro. — Eu sei que isso é difícil para você e por isso mesmo tive medo de você recusar… — dei um sorriso amarelo.

INEXPLICABLE | GIORGIAN DE ARRASCAETA Where stories live. Discover now